quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

E o Rio Paraguai continua lindo!

Percorri o rio Paraguai ao lado de Vera, Beia, Jamal e Sofia a bordo do barco Zé Leôncio, pilotado pelo próprio e com apoio da Lu. Nada melhor para encerrar o ano. Em apenas uma hora e meia, ida e volta (sem a Ida, que ficou em casa), observamos uma paisagem deslumbrante, de ponta a ponta. Se o Rio de Janeiro continua lindo (como canta Gilberto Gil na composição de sua autoria, "Aquele Abraço"), apesar da mancha de sujeira e violência, o que dizer então do Rio Paraguai, ainda preservado das garras do homem. Os peixes que ainda sobem na piracema saltam para dentro do barco, enquanto jacarés apontam a cabeça, o sol se põe e o homem-pantaneiro lida com o gado às margens das águas ainda límpidas. Aproveitem, antes que acabe. Porque contra a ganância do bicho-homem não há limites, ecologia é utopia, ambientalista é megalomaníaco. Feliz Rio Paraguai a todos os homens de boa vontade!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

E o Oscar vai para "Seu Boneco"

Dezembro é o mês em que pipocam entregas de prêmios e troféus aos melhores do ano. Artistas, atores, cantores, produtores, publicitários, todos ganham mais alguns minutos de glória e recompensa. Os anônimos, como sempre, batem palmas. Mas neste espaço faço questão de render homenagem a um homem que considero, entre todos, o maior personagem de 2008: Renê Vargas dos Santos, o “Seu Boneco”. Entrevistei-o duas vezes e conversei outras tantas com esse sujeito que ganha a vida lavando carros nas ruas de Corumbá. Duas vezes tentaram expulsá-lo da cidade como mendigo, há nove anos. Duas vezes ele voltou. Precisou comprovar, no dia-a-dia, que era de fato um trabalhador. Provar que nada tinha a ver com o personagem vagabundo criado por Chico Anísio, a não ser o jeito maneiro de andar. Hoje, figura respeitada, ele tem até um patrocinador – uma empresa de turismo deu-lhe dois macacões de serviço. E o Oscar vai para “Seu Boneco”, o sobrevivente das ruas.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

O cérebro é o rei do organismo. Cuidado com ele.

“O cérebro é a área do prazer, é o rei do organismo. Ele não pede, manda. Eu quero droga, eu quero esse prazer, diz o cérebro. E quando essa ordem não é atendida, o cérebro entra em colapso, provoca irritabilidade, dor de cabeça, dor de estômago, diarréia”. A descrição é feita por Cândido Antônio Martins, o Toninho, presidente da Associação Corumbaense e Ladarense de Assistência aos Usuários de Drogas (Aclaud). Ele coordena um trabalho de recuperação de dependentes químicos na Fazenda do Senhor Jesus, no Urucum. São nove meses de reclusão na fazenda, se é que numa fazenda como aquela pode existir reclusão. Estive lá com o amigo Ernani José Barros, segunda-feira, 1º de dezembro, para uma reportagem pelo Diário Corumbaense. Trata-se de um cenário paradisíaco, ideal para combater as ordens e as maldades do cérebro, para acalmar o coração e purificar a alma. Assim mesmo, segundo Toninho, apenas 30% dos internos conseguem a reabilitação. Portanto, cuidado com as ordens do seu cérebro. Tenha força mental. Aproxime-se de Deus.