quinta-feira, 25 de abril de 2013

Sebastião Salgado: assim é a vida de repórter


Em Genesis, seu novo livro, o repórter-fotográfico Sebastião Salgado, mineiro de Aimorés, retrata paisagens e comunidades ainda não impactadas pelo que chamamos de progresso – como mostra a imagem produzida por ele na África nesta página. Para preparar o trabalho, percorreu mais de 30 países durante oito anos. É o que se pode chamar de profissão repórter, aquele incansável perseguidor do inusitado, do inesperado, do inacreditável. Salgado lançou seu livro durante uma exposição neste começo de abril em Londres – e lá estavam dois de seus maiores incentivadores, o também mineiro Ângelo Rabelo e a pantaneira Márcia Rolon, fundadores do Instituto Homem Pantaneiro e do Moinho Cultural Sul-Americano. A obra traz de mulheres das aldeias do Parque Nacional de Mago, na Etiópia, até xamãs da tribo camaiurá da bacia do Alto Xingu em Mato Grosso. Belíssimas fotos em preto e branco retratadas pela sensibilidade de um profissional que gastou no projeto 1 milhão de euros por ano, financiados em parte por revistas e jornais – sim, jornais – que publicaram suas reportagens ao longo dos oito anos. Outra parte foi coberta por patrocinadores, entre eles a sempre presente Vale, além de duas fundações norte-americanas. Tema de capa da revista Bravo! de abril, Salgado revela que sua mulher, Lélia Wanick, tem papel crucial no seu trabalho: é responsável pelo design dos livros e pela curadoria das exposições, sem contar que foi ela quem comprou a primeira câmera fotográfica do casal, quando ainda era estudante de arquitetura. E confessa que só abandonou os filmes de rolo e as câmeras convencionais após o atentado de 11 de setembro de 2001, quando o controle nos aeroportos passou a ser insuportável e ele era obrigado a passar suas caixinhas de filmes pelo raio-x, perdendo qualidade. Hoje usa câmeras digitais Canon. A história da vida de Salgado caberia em mais um livro, porque ele sabe honrar a profissão de repórter. Profissão, aliás, que acaba de ser apontada como a pior dos Estados Unidos em recente pesquisa encomendada pelo CareerCast.com, site norte-americano especializado em empregos. Salgado prova o contrário e mostra que tem o melhor emprego do mundo, pois para ele, aos 69 anos, ser repórter é algo muito especial. Veja a obra completa dele no link: http://www.elfikurten.com.br/2011/03/o-olhar-sensivel-de-sebastiao-salgado.html