sexta-feira, 31 de março de 2017

Erasmus Mundus, o desafio de um planeta sustentável

Equipe de mestrandos visitou o Moinho Cultural neste final de março
Eles vêm de diferentes pontos do mundo em busca de intercâmbio e aprendizado. Estudam para ser mestres, especialistas em sustentabilidade, uma palavra que hoje em dia expõe o ser humano a enormes desafios. Afinal, como se discutir e defender sustentabilidade em um planeta poluído, à beira de um colapso, com centenas de desastres ecológicos pipocando nos continentes. Mas assim é o ser humano, nunca desiste, em busca de seus projetos de vida. Com a palavra, Caterina, Janine, Dao Thu, Felipe e Vicent.
O Instituto Moinho Cultural Sul-Americano, pelo quinto ano, recebeu a visita de intercâmbio dos alunos do último semestre da quinta turma do Programa Erasmus Mundus – Mestrado Internacional em Desenvolvimento Territorial Sustentável, em parceria com o programa de pós-graduação em Desenvolvimento Local em Biotecnologia – Mestrado e Doutorado da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), neste dia 27 de março.
O programa é promovido no Brasil pela UCDB em consórcio com três universidades europeias: Universidade Pantheon-Sorbonne Paris 1 (França), Universidade de Estudos de Pádua (Itália) e Universidade de Louvain (Bélgica). Os mestrandos cursaram os três primeiros semestres na Europa e agora iniciam estágio de seis meses no Brasil para o trabalho de conclusão de curso.
Eles vieram acompanhados pela assessora de Relações Internacionais da UCDB e diretora acadêmica do Master Erasmus Mundus, Cleonice Alexandre Le Bourlegat, e pela doutora Dolores Pereira Ribeiro Coutinho, docente e pesquisadora do programa de pós-graduação em Desenvolvimento Local da UCDB. Foram recepcionados pela diretora executiva do Instituto Moinho Cultural Sul-Americano, Márcia Rolon. “É muito importante essa troca de experiências e a oportunidade de conhecerem o trabalho do Moinho, que tem como base a arte que transforma vidas”, destacou Márcia. “Cada vez que venho sinto algo diferente e especial”, contou o secretário do programa de Mestrado e Doutorado da UCDB, Renato Diacopolus.
No Moinho, os mestrandos assistiram a uma apresentação especial dos bailarinos da Companhia de Dança do Pantanal, que acaba de ser criada pelo Moinho como forma de abrir espaço para dançarinos de toda a comunidade. Citados como exemplos de transformação, ex-beneficiários do Moinho agora compõem a Cia da Dança ou se tornaram professores do instituto e de outras instituições de Corumbá, Ladário e na Bolívia.
Cinco mestrandos do Erasmus Mundus compõem o grupo que visitou o Moinho: Caterina Dada (Itália), Janine Alisha Gölz (Alemanha), Dao Thu Trang (Vietnã), Felipe Thornberry Giraldo (Colômbia) e Vicent Vasseur (Bélgica). Suas pesquisas e dissertações abrangem as áreas de ciência lingüística, gestão internacional, arquitetura, ciências sociais e engenharia comercial. Também participa do intercâmbio Miguel Mendoza, acadêmico de Letras da Universidade Silva Henriquez do Chile, bolsista na UCDB.
Pesquisas
 “Minha pesquisa é na área de resíduos sólidos, venho ao Brasil pela primeira vez e percebo extremos: gente muito conectada com a natureza mas uma grande agricultura industrial e produção de carne”, ressaltou a alemã Janine Golz, de 25 anos. “A diversidade me encanta, o Brasil parece ter vários países dentro de um”, afirmou a vietnamita Dao Trang, que como todos os demais tem fluência em francês e inglês (uma exigência do curso), e se esforçou para entender o português de uma pequena integrante do Moinho durante o lanche.
O Moinho mantém 280 beneficiários em aulas de música, dança, apoio escolar, educação ambiental, cidadania e tecnologia no contraturno escolar e conta com o patrocínio máster da Vale, patrocínio da Cielo, parceria da J.Macedo e tem como parceiros institucionais a Prefeitura de Corumbá, Prefeitura de Ladário e a Prefeitura de Puerto Suarez (Bolívia).
Projetos do IHP
Na mesma tarde, os mestrandos visitaram a Casa Vasquez, sede do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), integrante da Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar. No IHP, ficaram conhecendo seus principais projetos e programas: o Curso de Estratégia para a Conservação da Natureza, a Plataforma de Diálogo e a Plataforma GeoPantanal.

terça-feira, 7 de março de 2017

MPF aciona ALL, IPHAN e DNIT por degradação da ferrovia


Antes e depois: estação privatizada e abandonada em MS
Um patrimônio em ruínas, resultado da falta de respeito com o patrimônio histórico e cultural de Mato Grosso do  Sul. O Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul (MPF) ajuizou ação civil pública contra a empresa América Latina Logística (ALL) pelo abandono de 14 estações ferroviárias localizadas entre os municípios de Três Lagoas e Água Clara. Os prédios, construídos no início do século XX e tombados por lei estadual como patrimônio histórico e cultural, estão em estágio avançado de degradação pelo efeito do tempo e da ação humana.

Este é o resultado da negligência quando se trata de má administração de um bem público que cai nas mãos de empresas privadas. Coincidentemente, a ferrovia foi relegada ao abandono no período de maior desenvolvimento da indústria automobilística e a pavimentação das rodovias estaduais, entre elas a BR-262, que liga Corumbá a Campo Grande. Este trecho também foi abandonado pela ALL. Querem provas? Basta dar um passeio pela esplanada ferroviária de Corumbá. E o Trem do Pantanal virou lenda.

Na ação ajuizada, o MPF busca medidas efetivas para a conservação do bem público, reparação dos danos causados ao patrimônio histórico e cultural e preservação da memória da ferrovia em Mato Grosso do Sul. Na visão da instituição, “não cuidar desses bens é relegar as próprias origens dos municípios e desprezar a história do desenvolvimento do Bolsão sul-mato-grossense, importante região do Estado”.

Na demanda do MPF, além da ALL Malha Oeste e ALL Holding (controladora da ALLMO), são réus: o Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT), a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e a União. Os órgãos e instituições foram considerados, pelo Ministério Público, inertes e negligentes na fiscalização do patrimônio ferroviário.

À Justiça Federal, o MPF pediu, liminarmente, que a ALL, concessionária dos serviços de ferrovia no estado, seja obrigada a efetuar a limpeza e a dedetização das estações ferroviárias e oficinas que estão sob seus cuidados; adote medidas de conservação e vigilância em tempo integral; repare os danos causados ao patrimônio público e devolva ao DNIT as unidades ferroviárias que não estiverem sendo efetivamente utilizadas.



História da ferrovia



A história da ferrovia em Mato Grosso do Sul se mescla com a história da constituição do Estado. Não por acaso, várias estações ferroviárias foram tombadas pela Lei estadual nº 1.735/97 como patrimônio histórico e cultural. Construída no início década de 20, a ferrovia carrega a história do desenvolvimento político, social e econômico do Bolsão sul-mato-grossense.

Nos anos 90, com a privatização da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA), a exploração do transporte ferroviário de cargas foi repassada, por meio de contratos de concessão, a empresas particulares. Em MS, o serviço foi concedido a Ferrovias Novoeste, hoje América Latina Logística Malha Oeste (ALLMO).

Com essa nova configuração, os bens da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil – de propriedade da União e tutelado pelo DNIT - foram arrendados para a ALL, a qual tem o dever contratual de cuidá-los. O que se tem visto, no entanto, é o abandono do patrimônio público.