sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Na solidão das ruas, o Natal de Rosinha


Ela sobrevive nas ruas e das ruas. Do lixo que sobra do nosso consumo. Lixo reciclável, com valor de mercado, R$ 1,50 o quilo do alumínio. Era véspera de Natal e Rozédina de Carvalho, a Rosinha, estava coletando os resíduos. Até que alguém esticou o braço da janela e lhe deu um tíquete que valia uma cesta básica no Centro Espírita Vicente de Paulo, na avenida 14 de Março, em Ladário. E Rosinha foi lá pegar. Engrossou a ceia de Natal. Pelo peso, Rosinha percebeu que a cesta era pra lá de boa. “Vai render o Natal e o mês inteiro”, afirmou, enquanto colocava o fardo no carrinho já carregado de latas de alumínio, garrafas pet, papelão, enfim, tudo o que ela pode vender para uma empresa de reciclagem em Corumbá. Este mês Rosinha faturou o triplo, porque o Natal aumentou o consumo e o lixo nas ruas. Rosinha passou o Natal sozinha, como há muitos anos, desde que o marido a largou porque não conseguiu ter filhos. Rosinha considera sua vida uma tragédia, porque a mãe abandonou ela e três irmãos em Aquidauana quando tinha três anos. Depois virou andarilha, sempre a procura da mãe. Acha que já sofreu demais nessa vida. Por isso, aos 53 anos, pede que não tenham pena dela, considera seu trabalho como um outro qualquer. Rosinha conta que um dia apareceu uma senhora que dizia ser sua mãe e a trouxe para Ladário. Passadas duas semanas descobriu que a mulher mentia, não era sua mãe Leomirdes, e na verdade só queria se aproveitar dela, do seu trabalho, do seu dinheiro. Por isso fugiu dela. Rosinha jamais encontrou Leomirdes. Mas em Ladário encontrou a paz que buscava. Na solidão das ruas Rosinha encontrou a paz.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Mãos de Deus


Nas últimas semanas, mãos militares foram vistas em diferentes frentes. Foram vistas delicadamente roçando a cabeça do seu Ivão Souza Pinto, de 76 anos (nessa imagem que captei neste primeiro sábado de dezembro), durante um corte de cabelo na Ação Cidadania da Semana do Marinheiro na Associação dos Militares da Reserva, no bairro Alta Floresta, em Ladário. Foram vistas dirigindo tanques de guerra no combate ao tráfico no Morro do Alemão no Rio de Janeiro – sem aqueles tanques para romper obstáculos, seria impossível vencer os criminosos. Foram vistas empunhando fuzis nas Tropas de Paz para garantir as eleições no Haiti. Foram vistas batendo continência para 104 estudantes inscritos no projeto Forças no Esporte, lançado pela Marinha, com apoio do Ministério da Defesa, em parceria com as Prefeituras de Ladário e de Corumbá. Mãos para toda obra. Mãos que levam a cidadania, a paz, a justiça a quem precisa. Como sabiamente afirmou o comandante do 6º distrito Naval, Domingos Sávio Nogueira, se “a sociedade está em frangalhos, nós (militares) também nos sentimos em frangalhos, e devemos ajudar no que estiver ao nosso alcance”. Com certeza, existe as mãos de Deus em tudo isso.