terça-feira, 12 de junho de 2018

Ernani Arruda: a travessia do poeta de cordel pantaneiro

Benedito, Eliney Gaertner, Enio da Nóbrega e Ernani no Varal da Poesia
Nas barrancas beijadas pelas águas no remanso do rio Paraguai, no coração do Pantanal, Ladário amanhece nublada e mormacenta. Encontro no cemitério municipal duas das quatro filhas do poeta e artista plástico Ernani da Costa Arruda. Elas acabam de enterrar o corpo do querido pai. "Poetas não morrem, apenas fazem a travessia" - afirmo, tentando confortar as suas lágrimas. O corpo está ali, à minha frente, engavetado, entre tantos outros, cobertos de flores, mas a alma reluz, as obras vivem, nome e sobrenome do poeta voam como passarinho. Em breve, a poesia de cordel de Ernani poderá ser lida nas páginas da nova Antologia Poética "Passa na Praça que a Arte de Abraça", organizada pelo ativista cultural e poeta Benedito C.G.Lima. Justa homenagem ao integrante da Academia de Literatura e Estudos de Corumbá e Ladário - o grupo Alec. E para quem ainda não conhece sua obra, os livretos de cordel pantaneiro editados e publicados artesanalmente pelo poeta continuam disponíveis, a 5 reais, no balcão da Gráfica Express Holanda, ali na avenida 14 de Março, em Ladário. Sem contar que as filhas devem reunir todo o trabalho do poeta para uma coletânea em livro. Xilogravuras e pinturas à óleo devem ser expostas na sede da Fundação de Cultura de Ladário. Na sua autobiografia, Ernani resume que nasceu em Corumbá em 1939,  filho de Ormanda da Cunha e Carmínio da Costa Arruda, e que começou a escrever seus poemas em 2016. Na sua mais recente poesia de cordel, diz o poeta: "Nos rios do Pantanal/Nos alagados/Na lua cheia/A noite é dos pintados/No clarão do sol, no rio Paraguai/O dia é dos dourados".