terça-feira, 24 de julho de 2018

Convergência das Artes concretiza sonho do poeta


Pedro Espíndola, Gustavo Vargas, Arthur Rostey e Rafael Belo com Celito
no programa Na Cadeira do DJ, da FM Educativa. Foto Daniel Rockenbach
Nelson Urt

O projeto Convergência das Artes, de autoria do poeta e jornalista Rafael Belo, levou para o espaço Genuíno Artes e Destilaria, ali na esquina da rua Paysandu com Aporé, no bairro Amambaí, em Campo Grande, um repertório variado de dança (do ventre, de salão, de roda de samba, street dance, sertanejo universitário), de música (rock, regional, mpb) e poesia, além de exposição e venda de pinturas, sebo de livros usados, CDs e discos de vinil. No bar, além da cerveja, aquela variedade de cachaça mineira que leva a marca do bar Genuíno, abrigado em um casarão do centro antigo da Capital. Cenário completo de um agradável domingão, 22 de julho, para o pré-lançamento do livro do poeta Rafael Belo. Toda a arrecadação do evento vai servir para o escritor editar seu primeiro livro de poesias, e para isso ele contou com o apoio de um seleto grupo de músicos campo-grandenses, como Karina Marques, Marina Dalla, Gustavo Vargas, Arthur Rosley, Nando Dutra e Chicão Castro. Na dança árabe, Ingrid Farah e Ana Graziela Hana Aysha e equipe. No samba, Priscila Bueno e Paulinho Oliveira. No bolero, Rochelle e Fábio Simones. No sertanejo universitário, Kleyton Willyans e Rafaela Alves; na street dance, Letícia Pontes. Arte e literatura com Sarah Santos, Fábio Gondim, Gabriel, Léo Mareco, Gustavo Tanus, Kiohara Schwaab, DJ Pietro Luigi; Erika Pedrazza, Soniá Stransky. Fotografia de Mylena Bagordakis, Will Rocha, Letícia Espindola, Projeto Freedom! A produção literária de Rafael Belo está no blog Olhares do avesso (olharesdoavesso.blogspot.com). No programa Na Cadeira do DJ, na FM Educativa, nesta segunda, 23, o poeta conversou com os apresentadores Gilson e Celito Espíndola sobre seu projeto e o novo livro.

domingo, 15 de julho de 2018

Em livro e no taule, família Baruki celebra 100 anos de história



Terezinha entrega o troféu ao irmão e campeão Luiz Baruki
Nelson Urt

Luiz Abdalla Baruki, vencedor da décima segunda edição do Torneio de Taule Wadih Baruki, na noite deste sábado, 14 de julho, em Corumbá, não é um simples campeão. Ele carrega nas veias e na alma a ancestralidade da família Baruki e da saga de imigrantes que deixaram Zahlé, no Líbano, após a Primeira Guerra Mundial, para se integrar à sociedade corumbaense. Não por acaso Luiz é um dos mais de cento e setenta nomes citados no livro "Baruki 100 anos de História – Memória da família em Corumbá" (Editora Life), publicado em homenagem ao centenário da chegada deles à Cidade Branca.
No tradicional torneio de taule (gamão árabe) realizado anualmente pelas irmãs Regina e Terezinha Baruki na casa delas, na rua Colombo, chegaram às finais representantes dos três troncos da família Baruki com descendentes em Corumbá. O campeão Luiz Abdalla Baruki, de 71 anos, médico formado na USP, radicado em São Paulo, é irmão de Regina, Terezinha, Neusa e Reginaldo, os cinco filhos de Wadih Baruki, que chegou a Corumbá em 1925 e se casou com Linda Carone.

Na mesa, Juninho, 3º colocado, e Murilo, vice-campeão
O vice-campeão Murilo Baruki, de 20 anos, estudante de Medicina na Uniderp, em Campo Grande, é filho de Sérgio, um dos seis filhos do médico Wilson Baruki e sobrinho de Salomão e Alberto Baruki. Este tronco da família tem como patriarca Amin Abdalla Baruki, que chegou a Corumbá em 1922, se casou com Syria e por muito tempo possuiu uma mercearia no final da ladeira Cunha e Cruz, ali pertinho do rio Paraguai.
Márcio Toufic Baruki Junior, o Juninho, terceiro colocado, é neto de Toufic Baruki, que desembarcou em 1928 em Corumbá, casou-se com Najla e teve cinco filhos: Márcio, Angélica, José Toufic, Laila e Jane. É Jane Baruki Ferreira quem faz a dedicatória e apresentação do livro "Baruki 100 anos de História", organizado pelas irmãs professoras Regina e Terezinha. “Quiseram nossos ancestrais que cada um dos troncos dos irmãos Baruki tivesse um representante entre os finalistas do torneio de taule”, afirmou Terezinha. “Estava escrito, maktub!”, acrescentou Regina.
Estava escrito, em árabe, maktub! E esses são apenas os primeiros 100 anos da história dos irmãos que, saindo de Zahlé, no Líbano, depois da Primeira Guerra Mundial, como imigrantes, chegaram em Corumbá e aqui depositaram suas sementes, que germinam frutos na educação, da saúde, na assistência social, na música, na culinária, no modo de vida corumbaense.

Livro conta trajetória desde chegada da família a Corumbá
O livro reúne mais de 170 nomes e centenas de fotos de descendentes Baruki. Em escolas, faculdades, no comércio, nos serviços, no teatro, em cada lugar haverá sempre um desses nomes para deixar a marca Baruki em Corumbá. Em plena atividade como médico, aos 83 anos, Wilson Baruki afirma que um dos princípios da família está contido numa estrofe do hino do Líbano, sua terra ancestral. “Nos manda agir, estudar e desenvolver com o lápis, sem armas”.
No lápis, na educação, no respeito, na vida com dignidade, todos esses valores foram retransmitidos aos descendentes, hoje profissionais - a maioria ligada à educação e à saúde - espalhados pelo País. 
O torneio de taule não se trata de uma mera competição, mas de uma confraternização em que são servidos saborosos pratos da culinária oriental: o cordeiro libanês assado, o arroz com lentilhas, a qualhada seca temperada com zathar, homus, pasta de berinjela, esfihas, kafka...ao som ambiente de uma delicada música árabe. 
Baruki, em árabe, significa bendito. O sobrenome aparece escrito em árabe na capa do livro. "Nome forte este. Bendito por origem, sagrado pelo destino", diz a poeta e professora Jane Baruki Ferreira em sua dedicatória.




sexta-feira, 13 de julho de 2018

Boemia Cultural e Circuito de Apoio ao Imigrante acolhem haitianos


Haitianos participaram de evento social no ILA em Corumbá
Nelson Urt
“Caridade não é apenas doar, mas saber enxergar e acolher o outro”, afirmou a produtora cultural e atriz Bianca Machado, na abertura da Boemia Cultural, nesta quinta-feira, no Instituto Luiz de Albuquerque (ILA). Ali os corumbaenses, ladarenses e bolivianos enxergaram e acolheram os cerca de 300 haitianos que estão em Corumbá, alguns há um mês, outros há uma semana ou recém-chegados. Eles aguardam a regularização da documentação como migrantes ou refugiados para seguir em frente. “Vamos para São Paulo, para o Rio, Minas, onde tivermos familiares, amigos, contatos, enfim, o que for melhor para nós”, me conta um haitiano, enquanto assiste ao show da banda “Imigrantes de Marte”, na Boemia Cultural no ILA. Conversei com outros quatro haitianos na Casa de Passagem de Corumbá, na rua Edu Rocha, durante pesquisa para o Mestrado de Estudos Fronteiros. Jovens, bem vestidos, com um sorriso de esperança no rosto, planejavam continuar os estudos e trabalhar na construção civil em São Paulo. É de enorme importância o trabalho do Circuito de Apoio ao Imigrante, com a liderança do professor dr. Marco Aurélio Machado de Oliveira, da UFMS, nesse momento de acolhimento e transição dos haitianos pela fronteira. E da irmã dele, a atriz Bianca Machado, que coloca a cultura a serviço das causas sociais e dos invisíveis.
Banda Vinil, um dos destaques na Boemia Cultural
A parceria do Circuito de Apoio do Imigrante com a Boemia Cultural serviu para que esse “enxergar e acolher” os haitianos se materializasse por meio do evento beneficente que não só apurou com a venda de ingressos na bilheteria como também recebeu a doação de produtos de higiene e alimentos para a subsistência dos migrantes em Corumbá. Cinco deles estão na Casa de Passagem, outros hospedados em pequenos hotéis e pousadas. Uma só senhora corumbaense acolhe 25 haitianos, que dividem o quarto com seus filhos, em uma casa modesta, sem piso e reboco, no bairro Centro América em Corumbá. Para os que insistem em catalogar a fronteira como zona de conflito, violência e tráfico, uma boa lição de solidariedade e diálogo que só uma fronteira humana e humanizada pode proporcionar.