domingo, 3 de março de 2019

Escritora luta para transformar vidas na fronteira


Vivi Mendez lançou livro de poemas na Bienal de São Paulo em 2018
Nelson Urt
Navepress

Para celebrar o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, o encontro deste blog é com a escritora, poeta e professora Vivi Mendez, uma argentina por nascimento, boliviana por casamento e brasileira por coração. Na linha da fronteira Brasil-Bolívia, Alicia Viviane Mendez Rosales é uma imigrante pendular, com atividades em Corumbá e Puerto Quijarro. Representa a linha de frente na luta pelos direitos humanos, do empoderamento das mulheres e na defesa de minorias, com atuação em comunidades indígenas. É uma mulher em incessante busca pela transformação da sociedade por meio da arte, da literatura, da educação. Um trabalho de formiguinha, como diz.

Atua como professora, escritora, médica e terapeuta. Detém o título de doutora honoris causa em Direitos Humanos concedido em 2018 por uma universidade da Espanha. Seu primeiro emprego como professora foi em uma aldeia indígena na fronteira da Argentina com a Bolívia, onde além de ensinar tinha de resolver conflitos nas comunidades. Um enorme aprendizado.

Ela passou parte da infância e adolescência em Córdoba, interior da Argentina. Casou-se com Bismarck de Rosales, boliviano que conheceu na Universidade Nacional de Salta, na Argentina. Percorreram alguns países antes de se estabelecer em Corumbá para criar os dois filhos, Daniel Matías e Adrián Emanuel, que hoje fazem graduação na Europa. Pensando em guia-los para um futuro melhor ela escreveu “10 deseos para mis hijos”, livro em espanhol também lançado na Argentina, onde moram suas irmãs.

Alicia Viviana Mendez, aos 47 anos, está sempre com um pé do outro lado da fronteira, em Puerto Quijarro, onde comanda projetos de educação, e outro pé em Corumbá. Mas jamais esquece suas raízes da cidade argentina onde nasceu, Tucumán, mesma terra natal da imortal Mercedes Sosa, consagrada como a voz da América do Sul. “Gosto muito de cantar as músicas de La Negra (como Mercedes Sosa era conhecida devido sua ascendência indígena)”, diz. “Criei-me no deleite da arte, fazia teatro e tinha um programa de tevê na Argentina”, conta.

Em Corumbá, Vivi conheceu o poeta e ativista cultural Benedito C.G.Lima, logo que chegou, aos 24 anos, amizade longa que floresce atualmente em ações como o Passa na Praça que a Arte te Abraça, encontro de poetas, contistas, romancistas, artesãos e outros multiplicadores da cultura na Praça Independência, nas manhãs de sábado.

Em 2018, ela lançou os livros de poemas “Poetize-se” na FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty-RJ) e “Inspiração em Verso” na Bienal de São Paulo, pela Editora Futurama. Publica seus livros em português e espanhol, e consegue lançá-los alternadamente em Corumbá, na Bolívia, na Argentina, Espanha e até na Inglaterra, onde estudam os filhos.

Na Bolívia, Vivi Mendez estudou Administração Educativa na Universidade Católica. Cursou pedagogia, psicopedagogia, arte-terapia, fotografia e Medicina, com atuação na Cruz Vermelha.

Poucas mulheres como ela tem a capacidade de integrar os jovens bolivianos e brasileiros por meio da arte e educação na fronteira, apesar de tantos entraves. Em Puerto Quijarro, como professora, mantém um Clube de Leitura e promove intercâmbio com poetas corumbaenses. Em Corumbá ela apoia o projeto Novo Olhar, com 83 alunos que saíram da situação de vulnerabilidade.

Na FLIP de Parati em 2018: "Poetize-se"
A poesia de Vivi carrega toda a influência da mãe, que gostava de compor e cantar, e do pai, que tocava violão e “adorava escrever cartas e poesias” em um período de chumbo da ditadura argentina, nos anos 1970, em que quase tudo era censurado ou proibido.

“Meu pai escrevia poesias secretas, ninguém podia ouvir, só a gente, era como se fosse um tesouro, mas também podia ser uma bomba. Nesse tempo a poesia era a única válvula de escape dele. Ele era operário, metalúrgico, viu mortes, sabia onde enterravam os corpos, era um pavor, e não poder se manifestar o levou a escrever poesias. Esse é o peso da poesia que carrego”, conta.

Para Vivi, a luta deve ir muito mais além da defesa dos direitos das mulheres. “Temos que construir uma nova identidade como humanidade porque isso é que está por trás do machismo. Cadê a dignidade da humanidade? Esta é uma área que invisto muito na minha vida”, diz. “Outro aspecto é a justiça, o acesso do cidadão à justiça. Tudo passa pelo poder, nem todos tem dinheiro para se defender. Se você estuda tanto é para semear conhecimento na sociedade, e quando não consegue se angustia", conclui. 

Comentários
Obrigada pelo carinho Nelson Urt, e para esclarecer, ainda continuo estudando, na verdade nunca parei... pois acredito que e o estudo e a única revolução possível por nos mesmos e pelos demás tentando juntos transformar nossa realidade! Se você enxergou essa esperança utópica em mim foi por que você a carrega também! Juntos somos mais! Abraços! (Vivi Mendez, 06/03/2019)

Só quem conhece essa linda mulher, sabe como ela tem um coração lindo, sempre pensando no próximo!! Que Deus a abençoe sempre. Saudades de vocês e dos meus amados sobrinhos. (Irami Maeda, 06/03/2019)

Parabéns nobre amiga Embaixadora da Paz Profª. Dra. Vivi Mendez pelos relevantes serviços prestados as causas Humanitárias e Culturais em defesa de um Povo que precisa de apoio logístico, acessória Jurídica e cumprimento das Leis que amparam e protegem as famílias.(Iguaci Luiz de Gouveia, 06/03/2019)

Tem o dom de ensinar e encantar. Parabéns, mulher!!! (Arlene Inez Costa, 06/03/2019)

Nota do Editor
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5 comentários:

  1. Digna heredera de la mezcla ideal, amorosa hija y hermana. Primera hija, sobrina y nieta. LLeva con ella el encanto de la paciencia y todas sus virtudes. Un humilde ejemplo, estoy segura. Te quiero!!.

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  2. Ex compañera, colega. Qué orgullo todo lo que haces. Besos mil.
    Salta, tu cuna docente!!!

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  3. Un orgullo para la mujer. Una oersona que paso muchas asversidades peeo sigue de pie y con entusiasmo. No oiensa en ella misma mas al contrario da tida su energia en los demas. Gracias por tu ejemplo Vivi Mendez nos muestraa que la vida es linda.

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  4. Una mujer sin fronteras. Mi admiración por ella nace desde el comienzo de mi vida. Un corazon noble..un pensamiento brillante.. desde Argentina todas las semillas de su amor somos testimonio de su camino fecundo. Saludos Ali Vivi!!!!!!

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  5. mulher guerreira, sua vida em si é uma história muito inspiradora, cada dia uma batalha para fazer o mundo melhor! um grande abraço

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