domingo, 15 de fevereiro de 2015

A sensualidade da dança oriental na avenida

Ana Paula Honório e suas alunas da dança do ventre (Agência Navepress)
O desfile do Clube dos Sem termina quase às 3h da madrugada deste domingo, quando as arquibancadas já estão quase vazias, mas a praça Generoso Ponce está super lotada de gente esperando começar o show popular no palco. Havia pouco público também para ver o Flor de Abacate abrir o desfile dos blocos oficiais. É preciso consultar a população para saber o que ela quer e direcionar o Carnaval, talvez condensar o desfile de blocos ou dividi-los em duas noites. Fiquei impressionado com o desfile do Vitória Régia, puxado por um time de onze maravilhosas dançarias, coordenadas pela professora Ana Paula Horório. Um show de leveza e sensualidade. Mais um resgate da feminilidade contida na dança do ventre, tema muito bem escolhido pelo Vitória Regia e que pode dar-lhe o título deste Carnaval, com o devido respeito aos demais blocos. A dança oriental é sensual mas não é vulgar, e depende muito de quem a conduz, me diz a professora Ana Paula, após o desfile. Dança vista como erotizante e provocativa, proibida em alguns países, na verdade guarda o segredo do sagrado feminino. De fato, é uma dança que carrega por trás toda uma história. Nasceu lá pelos idos de 5000 a 7000 anos antes de Cristo. Propagou-se entre os povos do Egito, Grécia, Mesopotâmia, Babilônia. Expandiu-se pelo mundo árabe. Era usada para preparar as mulheres por meio de rituais religiosos para se tornarem mães. Além de trazer benefícios físicos progressivos, proporciona a expressão dos sentimentos. Com todos esses ingredientes, o compositor Sandro Nemir bolou o samba-enredo que, entre outras coisas, cantava: “Em mil e uma noites, requebrando sem parar, é a charmosa dança do ventre, na passarela a brilhar”. E lá se vão as onze bailarinas requebrando com a sinuosidade de onze serpentes para a apoteose na avenida. Quem disse que o Carnaval não consegue unir o sensual ao sagrado, sem se vulgarizar?





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