sexta-feira, 15 de junho de 2012

LadáRio+20: Carta do Futuro


Fosse a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável realizada em minha cidade, chamaríamos de LADÁRIO+20. Distantes, mas no coração do Pantanal, a maior planície alagável do mundo, Ladário, de 20 mil habitantes, sente-se bem mais perto da natureza do que muitos outros povos urbanos. Por isso os moradores estão conscientes de que devem preservar e conservar esse fantástico bioma, reserva natural para as futuras gerações. Nesta semana de início das negociações da Rio+20, Ladário recebeu a visita da Cia Teatro Maria Mole, que tem a direção da atriz Bianca Machado e os atores Will Oniser, Carol Gomes e Carlos Serrat. Eles apresentaram na Escola Municipal Marquês de Tamandaré, no bairro Nova Aliança,  a peça “Carta do Futuro”, ação cultural que tem o patrocínio da Vale Mineradora. A peça trata da preservação do meio ambiente e traça um paralelo entre a Eco 92 e a Rio+20. Engraçada, mas com final comovente, quando um dos atores lê parte do discurso da estudante canadense Severn Suzuki, de 12 anos, que emocionou a humanidade e passou a ser conhecida como Carta do Futuro, lida na Eco-92, “Estou aqui para falar em nome das gerações que estão por vir. Estou aqui para defender as crianças que passam fome pelo mundo e cujos apelos não são ouvidos. Estou aqui para falar em nome das incontáveis espécies de animais que estão morrendo em todo o planeta, porque já não têm mais aonde ir. Não podemos mais permanecer ignorados", disse a canadense, há 20 anos. Hoje com 33 anos, Severn Suzuki continua ativista pelo ambiente e educação. Dirige a Fundação David Suzuki, criada por seu pai no Canadá para alertar sobre questões ambientais, como o aquecimento global. Ela também é palestrante e em 2010 foi a personagem central do documentário "Severn, a voz de nossas crianças", dirigido por Jean-Paul Jaud.

domingo, 10 de junho de 2012

Pantanal Fest Gospel: a escolha da paz e da liberdade.

Perto da meia-noite deste frio sábado de outono, 9 de junho, em Ladário, ao acabar de assistir ao show da banda carioca Quatro por Um no palco da avenida 14 de Março, converso com o pastor Enoch Brito, da Missão Evangélica do Brasil, enquanto saboreio um acalentador sarravulho que saiu de um caldeirão fumegante da barraca de uma igreja evangélica, e pergunto a ele qual o segredo que faz da música gospel o novo estilo da moda. “É porque nela há sempre o testemunho de quem canta e se apresenta em público, de um milagre, de uma transformação pela palavra de Deus”, me responde o pastor. De fato, além da capacidade de contagiar o público, seja ele fiel ou agnóstico, evangélico ou não, shows como o Pantanal Fest Gospel, realizado em Ladário, tem o poder de multiplicar mensagens de paz e amor. É reconfortante, durante três noites, presenciar shows de música, dança e teatro ao ar livre sem observar um bate-boca, um empurrão sequer, perceber que predomina a liberdade, a livre expressão, a confraternização entre diferentes crenças religiosas e famílias ladarenses e corumbaenses. O iluminado Klev Soares, líder e vocalista da banda Quatro por Um (na foto), em um intervalo do seu rock eletrizante, diz: “Não estamos aqui pregando religião, estamos pregando a mensagem de Cristo”. Este é o foco do Fest Gospel. E Ladário fez a escolha certa ao realizar o evento que tem raízes evangélicas e prega a paz, o amor e o fim do consumo de drogas. Cada cidade tem a predestinação que lhe é reservada por Deus. Mato Grosso do Sul aprendeu uma lição. Há dez anos atrás, Aquidauana escolheu promover a Pantaneta, o carnaval fora de época, que com o passar do tempo tornou-se famosa não pelos shows de música, mas pelas cenas de bebedeira, sexo, orgia em vias públicas e até nas escadarias de igrejas, até que a população, indignada, pediu pelo seu fim. Serviu de lição para outras cidades. O mundo hoje anseia por eventos que traduzam a cultura, as virtudes e as raízes dos povos, e que preservam a moral, a segurança, a ética e a dignidade das pessoas.