domingo, 14 de novembro de 2021

De volta a Corumbá

Dary: histórias e canções (Foto Conexão Magazine)


Dary no Porto Geral (Navepress)


Recepção em Corumbá

Nelson Urt
Navepress

Valeu muito a pena ter de volta o cantor e compositor corumbaense Dary Esteves Jr. Após 14 anos, ele retornou às origens para apresentar seu mais novo trabalho "O menino velho da fronteira - histórias e canções". Trabalho que está disponível no Youtube. Uma horinha na noite caliente deste sábado foi muito pouco para a apresentação de Dary no bar A Chalana, no Porto Geral, ali perto das barrancas do rio Paraguai, em Corumbá.

Um show em voz e violão, intimista, com intervalos para reviver histórias vividas nos paralelepípedos de Corumbá ao lado de amigos como Marcelo e Júlio Galharte, os primeiros componentes da sua banda. Tudo tem um começo. Hoje Dary tem sua própria banda (Dario Julio e os Franciscanos) em Curitiba, no Paraná, onde vive, mais de cem composições e recentemente emprestou sua voz para uma série da Netflix.

No show, ele homenageia amigos, Corumbá, Ladário, e em canções lembra Belchior e Bob Dylan. Destaco "É preciso coragem" e "O tempo não apaga o que é amor". Emoção pura, lágrimas ao vento. Volte sempre Dary, e traga junto sua vocação, seu violão, sua banda e todo esse seu grande amor pelo Pantanal.

De acordo com o Scream & Yell, site de cultura, Dary Esteves é um dos raros escritores de música pop contemporâneo que consegue escrever sobre o Brasil - e sobre si mesmo - sem soar piegas, panfletário ou populista, "um mérito e tanto numa terra que já pariu grandes letristas, mas ainda em débito com a palavra escrita. "Essa verve delicada e a mesmo tempo afiada - diz o site - pode ser conferida em "Suite Bipolar em Dó Maior", o novo EP de Dario Julio & Franciscanos, já nas plataformas digitais.

Assim ele define seu trabalho recente: "Fé, desencanto, resistência, tragédia, resiliência, é um morde-e-assopra que dialoga com a realidade brasileira em tom de esperança", diz Dary. "Sim, esperança, a despeito da falsa simetria que permeia o debate sobre a polarização política no Brasil", acrescenta. "Sabemos que há extremos, mas só um é abertamente fascista e contra a democracia, embora a narrativa pró-terceira via insista em dissimulação". Algumas músicas do album "Suite Bipolar em Dó Maior" ele mostrou sábado para o público corumbaense no Porto Geral, entre elas a belíssima "É preciso ter coragem", que assim ele define: "Foi como quis tratar o negacionismo e a ilusão de controle com moldura de Teenage Fanclub e David Bowie. (A música) reitera a influência do mais importante escritor curitibano, Jamil Snege (1939-2003), sobre o meu trabalho. Os versos do coro feminino no final da canção são adaptações de suas ideias".


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