sexta-feira, 14 de setembro de 2012

As 97 primaveras de Alicio

No mês de aniversário de Ladário, que completou 234 anos de fundação em 2 de setembro, o ladarense Alicio Peçanha tem direito a uma comemoração pessoal. No dia 22 de setembro, exatamente quando se abrem as portas da Primavera de 2012, ele faz 97 anos. Ex-motorista e ex-minerador da antiga siderurgia de Ladário, ele hoje é um dos exemplos de vida longa e saudável, já bem perto de chegar ao seu centenário de nascimento. É um dos presidentes de honra da Associação dos Aposentados, Pensionistas e Pessoas Idosas de Ladário (AAPPIL), da qual já foi presidente, e integra os grupos Conviver e De Bem com a Vida. “Trabalho não mata ninguém; eu trabalhava doze horas seguidas na usina de ferro gusa”, acentua Alicio. Lúcido, falante, caminhando de um lado para outro com o apoio de sua bengala, Alicio só não se arrisca mais nos passos de dança de salão. “Gostava de dançar e jogar futebol, mas hoje as dores do joelho direito não deixam e, como tudo é jogo, me satisfaço com o dominó e o jogo de damas”, conta. Alicio nasceu em Ladário em 1915, e do casamento com Ovilda Conceição nasceram oito filhos, dos quais sete mulheres, e 26 netos. Acompanhou o crescimento da cidade e seu salto populacional, dos 5 mil até chegar aos 20 mil de hoje. “A mineração e a Marinha continuam fazendo parte do nosso desenvolvimento”, constata. Nos grupos Conviver e De Bem com a Vida, mantidos pela Prefeitura, ele nutre suas amizades, conta e ouve velhas históricas de Ladário, o que em parte ajuda a afastar a saudade da esposa, que faleceu no ano passado, após 70 anos de casamento. “Tenho a sensação que ela está bem ao meu lado quando vou sair de casa; até parece que me diz: não quer ajuda pra abrir a porta?”, revela, olhos marejados em direção ao horizonte.

domingo, 9 de setembro de 2012

A fanfarra faz amigos

Se você, professora, tiver um aluno problema no canto da sala, com notas baixas e comportamento arredio, convide-o para tocar na fanfarra. É uma atitude inteligente para a solução. A fanfarra integra, socializa, humaniza, faz com que o estudante se sinta parte do grupo, útil e importante. Se antes as fanfarras se limitavam a seguir em ritmo das marchas militares, hoje possuem corpo musical e coreografia, dançam no ritmo de Michael Jackson, do Olodum, do Afro reggae. No começo dos anos 70, quando troquei o Grupo Escolar de Ladário para iniciar o ensino médio na Escola Estadual Maria Leite de Corumbá, me senti um estranho no ninho. Mas aquela terrível sensação de isolamento repentinamente acabou assim que Alexandrino dos Santos, o Mala, convidou-me para ingressar na fanfarra do Maria Leite. Ganhei uma nova família, passei a me sentir em casa e chorei quando tive de abrir mão deste mundo encantado para fazer jornalismo em São Paulo. Hoje sou testemunha de que fanfarra é uma porta aberta para a inclusão social, a arte, a cultura e a vida. É um prazer ver em ação uma fanfarra como a Pérola do Pantanal (na foto), que integra toda a comunidade estudantil de Ladário e, como um coração de mãe, sempre acolhe mais um. Torço para que o Festival de Fanfarras promovido neste 7 de Setembro em Ladário seja a semente para muitos outros festivais. E para que um lugar na fanfarra não seja reservado apenas como prêmio aos que se destacam em salas de aula, mas principalmente aos estranhos no ninho. Afinal, a fanfarra faz amigos.Que o diga Alexandrino, que se tornou o chargista Malah. Meu amigo Malah.