segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Dez emoções nunca vistas no Festival




Danielle, Noemi, Marcelle, Mara e Lucilene: elas por elas
Nelson Urt
Navepress

Gostou do Festival América do Sul? - perguntam-me. na saída do Stand da Literatura. Gostei, respondo, de pronto. Porque consegui extrair deste festival a energia positiva de cada momento que vivi ao lado de amigos e companheiros, artistas, poetas, artesãos, ativistas. Gostei porque dancei e cantei com o MJ6, a mais querida banda pop corumbaense de todos os tempos, durante o show dos seus 50 anos, no último dia do Festival. Chorei ouvindo “Caminho eu” na voz de Tadeu Atagiba. E me arrepiei ao ver o poeta Augusto César Proença literalmente atirar a bengala de lado para bailar como menino diante do palco, do alto dos seus 80 anos e centenas de crônicas publicadas, entre elas uma que virou filme, “Atrás da poeira não vem mais seu pai”. Gostei porque vendi livros, muitos livros artesanais da Maria Preta Cartonera, no stand, ao lado de companheiros da Academia de Literatura e Estudos de Corumbá. Nunca vi na cidade tanto fluxo de pessoas por metro quadrado - isso só na Bienal. Gostei de ter conversado tantas horas com tanta gente interessada em literatura. Sim, também me manifestei: ergui meus punhos em defesa, revolta e protesto contra o massacre dos irmãos bolivianos no ato deflagrado pelo senador-suplente Anísio Guató, pelo professor Schabib Hany e pelo ativista cultural Anibal Monzon na Tenda dos Povos Indígenas, ao lado de etnias terenas, guatós, kadiweus, guarani-kaiowá...
Samuel, Fabián, Marcelo, Férrez e Urt no Quebra Torto
E, de quebra, integrei a mesa de debates do Quebra Torto com Letras, no Moinho Cultural, e aprendi muito com pesos pesados da literatura como os escritores Reginaldo Férrez (roteirista paulista da série e filme Cidade de Deus), Fabián Severo (autor uruguaio de poesias em portunhol),  Marcelo Silva (que lançou o livro Estrada Parque Pantanal) e Samuel Medeiros (autor de Senhorinha – a resiliência feminina na Guerra do Paraguai), com mediação da professa Rosângela Villa. Um dia antes, o Quebra Torto foi das mulheres, belas e empoderadas: Lucilene Machado (autora de Os homens não amam as mulheres), Mara Calvis (As aventuras de Ygor, o peixe barbado, nas águas de Campo Grande), Noemi Jaffe, Danielle Ferreira (O Reino Perdido de Odara), com mediação de Marcelle Saboya. Comprovei que um festival nunca morre quando a gente consegue carregar ele dentro do coração, sabendo que ele, como arte, cultura e educação, é um catalizador, um transformador de vidas. Porque o coração sempre bate mais forte, é uma porta aberta para novas emoções.