terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Que viva a memória de Di Cavalcanti!

Cena da Lapa (1969)

 As celebrações pelos 100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922 deveriam estar encerradas desde dezembro, mas sinto-me no dever jornalístico de estende-las por mais alguns dias, meses se preciso for, para homenagear um gênio chamado Di Cavalcanti e todos aqueles que apreciam e respeitam a sua arte.
 Rejeitado e vaiado durante o movimento modernista de 22 em São Paulo, juntamente com seus companheiros - como os poetas Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Mário de Andrade - ele ajudou a tornar a arte brasileira reconhecida mundialmente, apenas isso. Retratou as favelas, o samba, o carnaval, os trabalhadores, e foi o artista que mais soube representar a cultura negra durante aquele movimento  - uma ousadia rotulada de loucura para a época. 
Cem anos depois, desgraçadamente, uma obra de arte de Di Cavalcanti, que parecia exposta com segurança no Palácio do Planalto em Brasilia, foi rasgada em sete partes durante invasão de um grupo fascista que reconhecidamente odeia a cultura, a educação, a poesia, a arte popular e, com certeza, a si mesmo. 
Estivesse vivo, Di Cavalcanti, que também foi jornalista no Diário da Noite, cartunista da revista carioca Fon Fon (onde também trabalhou o poeta corumbaense Lobivar Matos) e escreveu o livro Minhas Memórias de Vida, diria que nosso País merece viver em paz e ter seus direitos constitucionais preservados. 
Diante da bárbarie que atinge o corações e mentes e ameaça tirar do Brasil o pouco de dignidade que lhe resta, cabe a nós, historiadores, manter cada vez mais viva sua memória e de suas obras, para que a horda de reacionários seja sempre lembrada que a identidade de uma nação não se constrói pela quantidade de gado no pasto, carros na garagem, nem pelo dinheiro na conta bancária, mas pela cultura, a educação e a saúde de seu povo. De todo o povo, sem restrições.
Carnaval (1920)


Samba (1928)