quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Alaaa guri vôti!: comédia com sotaque corumbaense

Elenco da peça encenada na Unidade III da UFMS: vitoriosos
Nelson Urt

Na caliente noite corumbaense em que 45 poetas da cidade lançavam no Sesc uma coletânea de poesias em um livro de 256 páginas, enquanto a TV mostrava a decisão da Copa Libertadores entre os gaúchos do Grêmio contra os argentinos do Lanus, os acadêmicos do 6º Semestre do Campus Pantanal da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) deram um banho de bola e também sentiram o sabor da vitória. Naquele mesmo momento, o desafio deles foi apresentar a peça "Alaaa Guri Vôti!" dentro da disciplina de Prática de Ensino de História, sob a batuta do professor Waldson Diniz. E assim como o poeta Benedito C.G.Lima, organizador da mostra dos escritores de Corumbá, e do treinador Renato Gaúcho, coroado campeão da Libertadores na Argentina, os bravos atores amadores da História deram conta do recado e souberam fazer a lição de casa. 
O resultado é que a plateia, que quase lotou o auditório da UFMS no Porto Geral, gargalhou do começo ao fim com as piadas e tiradas encenadas por Fernanda, Júlio, Rutineia, Karina, Atiene, Cleves, Dorival, Fernando, Daniele, Rebeca, Adriane e Sara. A tenda da mãe de santo que benze e prevê o futuro jogando búzios, os aposentados jogadores de baralho da praça, o bate-boca sobre a política municipal, a estudante que procura emprego, as fofoqueiras de plantão,  a comerciante boliviana da feirinha, a mãe que vê no casamento com militar uma carreira promissora para a filha, ninguém escapa na peça. O espetáculo retrata com fino bom humor, criatividade e fortes traços de caricatura o modo de vida do homem e da mulher de Corumbá e Ladário. "Alaa guri vôti!" transforma os traços culturais e o jeito de ser corumbaense e ladarense em uma saborosa comédia em cinco atos. Parabéns aos futuros professores de História, da arte e da vida!

sábado, 25 de novembro de 2017

Frei Mariano, o livro: de Corumbá para o País

Peninha e o livro ilustrado sobre a vida de Frei Mariano (Navepress)
Nelson Urt

O livro "Um altar para as valorosas sandálias de Frei Mariano de Bagnaia", da escritora e artista plástica Marlene Mourão, a Peninha, lançado neste dia 23 de novembro no Sesc Corumbá, já está à venda, por R$ 15, em pontos especiais da Cidade Branca. A obra pode ser adquirida na rua 13 de junho, 1460, apt 06, Vila Dedé, entre 7 de Setembro e Major Gama, diretamente com a escritora. Ou no Restaurante Rodeio,na rua 13 de Junho. Em breve o livro será distribuído nas livrarias de Campo Grande pela Editora Life. Os mil exemplares da obra contaram com recursos do Fundo de Investimentos Culturais do Pantanal (FIC). O livro também pode ser comprado de qualquer parte do Brasil e entregue pelos Correios, bastando encomendar pelo facebook de Marlene Mourão ou whatsApp 67-999-593758, com  comprovante de depósito de R$ 20 na agência bancária 0014-0, conta corrente 4250-1. A obra, ilustrada pela própria Peninha, famosa por seus desenhos em bico de pena e pinturas em aquarela, é resultado de apurada pesquisa histórica da lenda de Frei Mariano, que dá nome à principal rua de Corumbá e teria rogado uma maldição na cidade. Peninha dedica o livro à Helô Urt, ex-presidente da Fundação de Cultura, falecida em 2011, que deixou como legado o resgate das tradições culturais da cidade, deu voz e espaço às minorias e criou o bloco As Sandálias de Frei Mariano, que sempre abre na quarta à noite o Carnaval de Corumbá. Peninha define Frei Mariano como "herói de guerra, educador, pregador imperial, conciliador, evangelizador e construtor de templos". Foi preso e torturado em Assunção durante a Guerra do Paraguai. 



segunda-feira, 20 de novembro de 2017

A resistência dos negros conscientes

Nelson Urt
O Grupo Argos de Teatro, dirigido pelo incansável Anibal Monzon (foto), argentino radicado em Ladário, protagonizou mais uma importante ação com um encontro cultural no auditório da Câmara Municipal para celebrar o Dia da Consciência Negra. A festa contou com a energia da juventude boliviana, representada pelo grupo de Ballet Municipal Pukinunkúx (Bailado da Alegria, no idioma quechua), de Puerto Quijarro. Apresentou-se também um grupo de capoeira, como representante da resistência negra no Brasil. Resistência lembrada nas ardentes palavras do professor e jornalista Schabib Hany, do poeta e ativista Benedito C.G.Lima, da diretora do Moinho Cultural Márcia Rolon, da presidente do Imnegra (Instituto da Mulher Negra), Edmir de Paulo; e das professoras Cristiane Silva e Laura Segóvia. 
Ballet boliviano de Puerto Quijarro encanta na festa
Resistência abordada no dueto teatral de artistas Anibal Monzon e Virgilio Miranda. E na poesia declamada por Benedito, "Quem disse que sou negro?", um clamor contra o racismo e o preconceito que ainda hoje abala e polariza a sociedade brasileira, onde a maioria, mesmo mestiça, insiste em se proclamar branca e ignorar seus lanços afrodescendentes. Na verdade, ignoram os 6 milhões de africanos, nossos descendentes, que aqui chegaram acorrentados e escravizados no Brasil Colonial, mas que aqui fincaram suas raízes étnicas e culturais. Edmir lembrou a “dívida histórica” com os negros no país com o sistema escravocrata mais duradouro do mundo e da mão de obra escrava usada para a construção dos casarios de Corumbá. Schabib, por sua vez, destacou o papel da cultura em aflorar a consciência nesse “momento de resistência”.

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Quem ganhou com a Revolução Russa

Auditório da UFMS lota durante encontro sobre revolução russa
Nelson Urt

A Revolução Russa, que neste novembro celebra 100 anos de história, deixou legados importantes para a humanidade, como educação universal e pública, a saúde gratuita, a regulamentação das jornadas e das condições trabalhistas, os direitos civis das mulheres, entre outros. Foi uma extensão da Revolução Francesa em termos de conquistas de direitos sociais, conforme análise do filósofo francês René Rémond. Um terço da humanidade viveu, durante esse período, sob sistemas de governo e economias derivados de variações da fórmula social proposta pelo marxismo-leninismo surgido em 1917. Muitas medidas adotadas até hoje pelo capitalismo tem como estratégia conter um pouco provável despertar comunista, como a criação do Estado de Bem-estar social. Também se deve aos russos a expansão da social-democracia, presente em alguns países europeus. São antídotos para manter o sono do gigante adormecido, conhecido hoje apenas como a Rússia de Putin. Este e outros assuntos foram tema de debates durante o encontro 100 anos da Revolução e o Nascimento da Psicologia Soviética, organizado pelo curso de Psicologia do Campus Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) nesta quinta, 9 de novembro, no auditório do bloco H. A mesa redonda contou com os professores Ronny Machado de Moraes (Psicologia/UFMS), Gilson Lima Domingos (História/IFMS), André Motta (Sociologia/IFMS) e Cláudia Mondini (Psicologia/UFMS), com intermediação de Ilidio Roda Neves (Psicologia/UFMS). Quem está em busca de mais conhecimento sobre o marxismo pode participar do encontro do grupo Societá, com estudos sobre o tema aos sábados às 16h na sede do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) em Corumbá. Para 2018 os professores anunciam o II Encontro de Psicologia Sócio-Histórica no Campus Pantanal da UFMS.