terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Até a natureza cai no samba


Neste Carnaval, Tarzan trocou as selvas pela avenida. Aos 73 anos, Waltencyr Braga animou o Espaço da Folia, na avenida 14 de Março, durante duas noites – confessa que não tem mais pique para sassaricar as cinco noites carnavalescas – o suficiente para resgatar uma página memorável da história. No anos 60 e 70, quem brincava fantasiado de Tarzan era o pai dele, Geraldo – como já mostrei em nota sobre a Exposição de Fotos de Antigos Carnavais neste blog. O personagem, revivido, preenche de graça, charme e alegria mais um espaço na programação, e segue a linha do tempo de reviver em Ladário o Carnaval dos anos dourados, restabelecendo os vínculos com o passado para mostrar à nova geração de ladarenses e visitantes um autêntico flash back da vida. Também voltaram a desfilar os bonecos Cacareco e Genoveva, remontados após 20 anos por seu criador, Nilson Alves de Arruda. Além, é claro, da volta do Bloco das Piranhas, um capítulo pitoresco das facetas carnavalescas do Pantanal, onde “até a natureza cai no samba”. Tudo indica que, havendo a continuidade desse formato de Carnaval, teremos muitas outras gratas surpresas para 2013. Até lá, folião!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Índia Pérola do Pantanal


Ele, Augusto de Campos, comerciante em Ladário, o Gugu da Bodega para os amigos. Ela, Nilce Maria da Silva, enfermeira em Campo Grande. Os destinos se cruzaram no Carnaval de Ladário. Gugu ganhou notoriedade por ter resgatado um antigo personagem do carnaval ladarense, Ginho, que se fantasiava de Carmem Miranda. Este ano, porém, Gugu decidiu lançar mais uma fantasia e desfilou na passarela como a Índia Pérola do Pantanal. Já a enfermeira campo-grandense mais uma vez desfilou por seu bloco preferido, o Sapo da Madrugada, mas também saiu pelo Kacique da Fuzarca. Dois destaques de um Carnaval que cresce justamente por resgatar suas tradições e valorizar suas raízes – para quem busca diversão, sossego e natureza, o destino para 2013, você já sabe, fica no final da BR-262, no coração do Pantanal.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Rainha tetracampeã


Este ano só vi a Império do Morro, porque como repórter minha pauta principal era contar a história do maior Carnaval de todos os tempos em Ladário. Sobrou então uma horinha suficiente para me aproximar da General Rondon, ao lado da minha filha Sofia, e dali apreciar o desfile da tricampeã. Percebi que faltou muito para a Império conquistar o tetra. Não vi a Mocidade de Nova Corumbá, e amigos especialistas me contaram que o título do Carnaval corumbaense ficou em boas mãos. Mas não poderia deixar de mencionar uma pessoa que, como nova Rainha da Bateria da Império, brilhou na passarela com a simpatia, o charme e a beleza que Deus lhe deu. Quatro anos seguidos Rainha da Bateria da Vila Carvalho, de Campo Grande, Silvinha reforçou a Império mas não abandonou sua escola de origem, não deixou os velhos parceiros na mão. Lá ela desfilou sexta-feira e pela Vila Carvalho foi tetracampeã do Carnaval da Capital. Encontrei Silvinha terça-feira em Ladário, sem as plumas e maquiagem, misturada aos foliões na avenida 14 de Março. Não era mais a Rainha. Era apenas a jornalista Silvia Constantino, minha ex-companheira de lutas no Diário Corumbaense. Simples, simpática e cativante, a morena bombom se tornou um reforço considerável para nosso Carnaval. Bem-vinda, Silvinha!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

E as piranhas estão de volta!


Sempre charmosas e sedutoras, elas voltaram neste Carnaval após quase quatro décadas de sumiço. E voltaram justamente no ano em que Ladário escolheu como tema “aqui até a natureza cai no samba”. Os rios do Pantanal estão infestados delas, as piranhas, que rendem suculentos caldos, considerados afrodisíacos. Mas as piranhas a que me refiro habitam o asfalto, usam vestidos e salto alto, estão sempre maquiadas, adoram uma cervejinha. E no Carnaval formam o Bloco das Piranhas. O bloco não saía havia 35 anos mas volta por iniciativa de carnavalescos natos como os irmãos Chico e Assis, e João de Brito, presidente de Os Peladeiros, que decidiram reunir os amigos para reviver o bloco que fez sucesso até os anos 70 e acabou caindo no esquecimento, como aliás quase tudo o que estava ligado às raízes e as tradições ladarenses. Na terça-feira de Carnaval, o Bloco das Piranhas voltou a desfilar no asfalto da avenida 14 de Março. João de Brito chegou a propor um concurso para escolher “a mais bela piranha do Carnaval”, mas logo os amigos o demoveram da ideia porque a decisão seria extremamente difícil. Belas, simpáticas, amáveis, elas deram um caldo especial ao Carnaval de Ladário, como nos velhos tempos. E trouxeram de volta um pedaço do romantismo e da alegria dos antigos carnavais. Bem-vindas, piranhas!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Chrigor abraça Ladário

Conversei com Chrigor no camarim, antes do show, e ele me revelou que estava trazendo para Ladário um pouco de seu romantismo, que transformou o grupo Exaltasamba em sensação nacional há duas décadas. O sucesso foi tanto que os vocalistas se dispersaram para seguir carreira solo, como ele e Alexandre Pires. No palco do Espaço da Folia, no Carnaval de Ladário, ele encantou o público e estendeu seu carinho às fãs que o procuraram no camarim, como neste momento em que abraçou a ladarense Antoniele. Interagiu com a platéia, chamando para dançar no palco os primos Gisele e Wallace, que vieram de Corumbá especialmente para ver o show. Dançou com o Rei Momo, a Rainha e as princesas, e durante uma hora foi a majestade do samba, com sucessos do Exaltasamba, Jorge Aragão, Gonzaguinha e Zeca Pagodinho, entre outros. Eram duas da manhã quando o show terminou na madrugada desta segunda-feira de Carnaval, 20 de fevereiro. Um show tão afetuoso como um forte abraço.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Salgadinho e a doce Solimar: Carnaval de bom gosto

Diz o ditado que os apostos de atraem. Prova disso é a atração que o cantor Salgadinho sempre exerceu pela carioca Solimar Rocha. Ela, que mora em Ladário há dois anos, dançou e cantou durante a uma hora do show do ex-vocalista do grupo de pagode Katinguelê no Espaço da Folia, em Ladário, na madrugada de sábado, 18 de fevereiro. E não deixou escapar um abraço e uma foto ao lado do ídolo no camarim. Para Solemar, o Carnaval de Ladário, que já merecia nota 10, ficou melhor ainda com Salgadinho, que não é apelido. Aos 42 anos, Paulo Alexandre Nogueira Salgado, paulistano, colhe o que plantou e ainda tem um público fiel. Assim como ele mesmo é fiel ao Corinthians, seu time de coração, e às raízes do pagode, que manteve mesmo depois de gravar dois CDs estilo gospel. E pelo visto ele também curte Tim Maia. Selecionou um sucesso de Tim para encerrar seu show, lá pelas 2h30 da madrugada deste Sábado Gordo (gordo de alegria, como diziam antigamente) neste Carnaval que ganha nota 20 depois que Salgadinho passou por aqui, abraçou a doce Solimar e cantou "Vou pedir pra você voltar, vou pedir pra você ficar/eu te amo, eu te quero bem".

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Tarzan, o mito do Carnaval de Ladário

Em Ladário, coração do Pantanal, Tarzan virou mito no Carnaval. Lá pelos anos 50 e 60, Geraldo Braga saia de tanga pelas ruas da cidade, parava o trânsito, arrancava suspiro das mocinhas e hipnotizava os olhos da garotada. E quanto dava o grito característico do herói dos filmes e histórias de quadrinhos, o povo ía ao delírio. Nessa imagem da Exposição de Fotos do Carnaval de Todos os Tempos, no Cine Ladário, Geraldo aparece ao lado de um ainda menino Waltencir, agora um conceituado professor. Geraldo passou deixando sua marca e herdeiros no Carnaval. Seu filho Waltencyr hoje se veste como ele para animar as ruas do tradicional Carnaval ladarense. Suas netas Iraci e Iranete desfilam pelo bloco As Separadas, Juntas e Misturadas, que carrega como lema “separadas sim, sozinhas jamais”. Este é o Carnaval de Ladário, que sem dúvida já é um dos cinco de melhor qualidade do Centro-Oeste, e que este ano resgata outro bloco que fez furor nos anos 60 – o Bloco das Piranhas, onde só desfilavam homens, mas de vestido, peruca e salto alto. Vôte!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Amor Exigente

“Eu seguro minha mão na sua, uno meu coração ao seu, para que juntos possamos fazer aquilo que sozinho eu não consigo”. Este é um trecho da Oração da Serenidade, base do grupo de apoio Amor Exigente que atua em vários estados brasileiros e em alguns países da América Latina, orientando pais e familiares a lidarem com jovens ou adultos que sofrem de dependência química. Surgido na década de 70, o grupo apresenta uma proposta de mudança comportamental. A ideia é promover a qualidade de vida não só para pais que tenham filhos dependentes, mas também para proporcionar mudanças de comportamento saudáveis para todas as partes envolvidas no problema. Só no Brasil são 526 grupos presentes em 21 Estados. O Amor Exigente também está em países como Peru, Argentina e Uruguai. Em Corumbá, funciona todas as segundas-feiras às 19h na rua Delamare, quase esquina com Frei Mariano, no prédio da Aclaud.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O Carnaval de Helô


Remexendo arquivos de carnavais passados me saltou aos olhos esta imagem dos anos 80 em que a minha saudosa prima Heloisa Helena Urt, a Helô, aparece ladeada por um André Navarro ainda adolescente e a sempre sorridente prima Rosângela Urt. Mil palavras já foram usadas para homenagear Helô desde que ela apressadamente nos deixou e se transformou em mais uma estrela da eternidade, em 23 de novembro de 2011. Perto do terceiro mês sem ela, rendo neste modesto espaço mais uma lembrança a esta que foi a rainha da Cultura e do Carnaval, e tantas inovações lançou no calendário carnavalesco de Corumbá. Por isso nesses dias de folia o nome Helô vai estar presente em cada canto da cidade, na boca do povo, nos enredos de blocos, cordões e escolas, e principalmente nos versos da Imperatriz Corumbanse, que escolheu a ex-diretora presidente da Fundação de Cultura e Turismo do Pantanal como tema do seu samba: “Estrela vermelha, cintila no céu e no chão; Helô, te trago no peito, e nas cores do meu pavilhão”.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Jorge Aragão e o dom de Deus

Algumas cidades nascem com o dom da hospitalidade, e Ladário é uma delas. Mais de 20 mil pessoas, sem exagero, passaram pela cidade na noite de 4 de fevereiro para assistir ao show do sambista carioca Jorge Aragão (no palco, nesta foto de Leonardo Cabral). Um mar de gente invadiu a avenida 14 de Março e o centro da cidade se transformou em um grande estacionamento – com a diferença de que não havia flanelinhas nem cobrança de taxa. O show a céu aberto, em noite de luar e calor moderado, abriu com todas as honras o Carnaval ladarense, e entrou para a história como o recorde de público em eventos gratuitos promovidos por uma administração – por isso no camarote o sorriso do prefeito José Antonio abria-se de orelha e orelha, e o sempre comedido executivo arriscou passos de samba quando Jorge Aragão cantou com toda a galera o imortal “Vou Festejar”, que tanto sucesso fez na voz de Beth Carvalho. Fim de show, precisamente às 2h53 da madrugada, e o turbilhão de pessoas se desfez, de volta ao lar, para um sono reparador. Nem todos, é claro. Para mim, particularmente, por dever de ofício, era apenas o começo da segunda jornada. Fui para a mesa do meu computador e ali fiquei até o dia clarear, lá pelas 6h15, escrevendo a história do megashow, baixando e editando as fotos que instantaneamente os internautas puderam ver em todos os sites da cidade. Só depois cai na cama e deixei o sono chegar mansamente, ainda com o ressoar do balanço, da poesia e de uma confidência que Jorge Aragão nos fez no camarim: quando seu coração enfraqueceu e ele precisou passar por uma cirurgia de safena, pensou que era o fim de sua história. Não foi. “Deus prolongou meu caminho e me reservou esses momentos com vocês. Só mesmo Deus para fazer com que tanta gente dê atenção a um velhinho de 62 anos cantando samba. Esta é minha segunda vida, por isso eu vivo cada segundo como se fosse o último”.