quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Bodas de Ouro em Corumbá

Dos versos sacros de “Nossa Senhora do Pantanal”, que compôs em parceria com Aurélio Miranda, às marchinhas irreverentes como “Cururu Feio” ou samba-enredos campeões nas passarelas, Sandro Nemir é dono de um repertório eclético e consagrado, que marca 50 anos da história da música regional e dos carnavais de Corumbá. Ficou conhecido na cidade como o “Dono do Samba”, nem tanto pela mania de batucar nas mesas e cantarolar sempre que vem a inspiração para compor um verso, mas pela vida inteira dedicada a compor canções que embalam as maiores festas populares de Corumbá. Para celebrar o ciclo, ele acaba de gravar o piloto de sua antologia musical no CD “Sandro Nemir e Parceiros – Melhores Momentos, 50 anos” e busca patrocínio para lançamento. Neste 25 de janeiro, ele comemorou 71 anos de vida e 50 como compositor, mas o maior presente, como reconhece, havia ganho em dezembro: o título de cidadão corumbaense dado pela Câmara. Cuiabano de nascimento e com raízes libanesas, passou a infância em Ponta Porã, veio com os pais em 1959 para instalar uma padaria em Corumbá. O primeiro caso de amor do jovem na cidade chamava-se Marilena, a Naná. Ao saber que a moça era fã de Roberto Carlos, passou a cantarolar músicas e usar as facetas do rei da Jovem Guarda para iniciar o namoro. Casaram-se, tiveram um casal de filhos e em dezembro de 2013 celebraram as Bodas de Ouro. Poucos casais têm esse privilégio hoje em dia, não é mesmo?! Visitei Nemir e Naná em uma charmosa vila da rua Delamare, em Corumbá, onde moram, e mais uma vez pude comprovar que a felicidade bate à porta dos mais simples, virtuosos e verdadeiros. Veja o perfil completo de Nemir no canal Reportagens deste blog. Foto: Agência Navepress.


sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

O Mestre da Viola de Cocho

Assim canta e encanta o cururueiro: “Cortei um pé de seriguela, do fundo do meu quintal, pra fazer uma viola e cantar meu amor por ela”. O cururu vai embalar a roda do siriri, a dança típica do Pantanal, na noite de São Sebastião, 20 de janeiro. Para Sebastião Brandão, a festa vai ter um sabor especial neste dia, quando completa 70 anos bem vividos. Nascido no Pantanal do Castelo, mas registrado como cidadão ladarense, ele rompeu 2014 com o título de Mestre da Viola de Cocho concedido pelo Ministério da Cultura, selecionado no Prêmio Culturas Populares, Edição Mazzaropi. Além do prêmio material de R$ 10 mil está o reconhecimento à obra de um pantaneiro que, muito tempo antes, já era considerado um mestre na cadeia de montagem da viola de cocho, o instrumento típico do Pantanal do Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso. Ele escolhe e corta a árvore adequada, separa troncos e galhos, molda a madeira com facão e talhadeira, coloca as cinco cordas de nylon, afina, toca e canta o curururu. E tudo isso ele vai ensinar em uma oficina, em Ladário, a 420 km da Capital, a seus alunos, após ter um projeto aprovado pela Lei Rouanet de incentivo à cultura. Visitei o galpão onde Sebastião produz as violas de cocho, em uma casa com jeito de sítio, entre cães, galinhas e pintinhos, na rua Afonso Pena, bairro Almirante Tamandaré, em Ladário, e trouxe de lá uma bela história, que o leitor pode conferir no canal Reportagens deste blog.