NADA MAIS TENHO A PERDER
Nelson Urt
Carrego nesta solidão
A marca de uma cicatriz
Da ferida de um amor
Que me alegrou e fez feliz
Aquilo que um dia é
E noutro nunca mais será
Resta uma vaga lembrança
Do fogo que ardeu entre corpos
Enquanto agora meus pés
a passos miúdos me levam
sobre esses calientes paralelepípedos
No lento vaivém da rua XV
Perdi você
Nada mais tenho a perder
A marca de uma cicatriz
sobre esses calientes paralelepípedos
No lento vaivém da rua XV
NÃO EXISTE AMOR EM SP
Um labirinto místico
Onde os grafites gritam
Não dá pra descrever
Numa linda frase
De um postal tão doce
Cuidado com doce
São Paulo é um buquê
Buquês são flores mortas
Num lindo arranjo
Arranjo lindo feito pra você
Os bares estão cheios de almas tão vazias
A ganância vibra, a vaidade excita
Devolva minha vida e morra
Afogada em seu próprio mar de fel
Aqui ninguém vai pro céu
Não precisa sofrer pra saber o que é melhor pra você
Encontro duas nuvens
Em cada escombro, em cada esquina
Me dê um gole de vida
Não precisa morrer pra ver Deus
Um labirinto místico
Onde os grafites gritam
Não dá pra descrever
Numa linda frase
De um postal tão doce
Cuidado com doce
São Paulo é um buquê…
NO VAZIO
NADA É SEM SENTIDO!
Alex Stefani
No vazio do tempo, eu deixo meu traço,
Você chegou como um sonho, sem embaraço.
Com a lucidez que o vazio traz consigo,
Cheguei até você, um encontro amigo.
A vida é um labirinto, às vezes sem rumo,
Mas não pode ser prorrogado o seu perfume.
Sinto a perda de uma vida que ousei buscar,
No impossível, solução, sem hesitar.
Adeus é um até logo, quem sabe no amanhã,
Desperte seu ser, noutro alguém, sem enganar
Com desgosto te deixo, você no seu caminho,
Suas ausências pesam, é com tristeza que
avanço.
Com a pendência de não ter sido sequer uma
gota úmida
Na existência escaldante e seca, de teu
pranto.
Nas águas do mês que trouxe à vida,
Espero que reencontres,
Em teu princípio úmido e caloroso,
As respostas para o vazio, o clamor.
Adeus espero, eu com marca profunda,
Da amarga e doce alma, vazia passagem.
Por este que se despede, o coração se afunda,
Nas memórias que deixei, nesta triste viagem.
UM GRITO DE NÃO SIMAlex Stefani
Lua pendida na beira da tarde,
espia o tempo que não guarda idade.
Liberdade — palavra febril,
na boca da vontade, desejo sutil.
Espíritos dançam no vão da razão,
no breve da vida, no leve do não.
Gravidade? Só no corpo que pesa.
No silêncio, a alma inteira se reza.
Noite costura o que o dia desfez,
ciclos se quebram — um talvez por vez.
Correnteza que move, e também remove,
o que era inteiro, o tempo dissolve.
E tudo se esgarça, como um sonho sem chão,
do não que ecoa no peito: não, não.
Mas há um grito, estranho, de não sim,
que recua e se lança no abismo sem fim.
Do risco, arrisco; do medo, invento.
E o tempo? O tempo é só um fragmento.
Entre o que quebra e o que recomeça,
há uma pausa onde a alma tropeça.
É lá que respiro — sem peso, sem ré,
romântico, perdido, existindo de pé.
Na dobra do mundo, onde a lógica dorme,
o caos me veste... e a poesia me conforma.
MANIFESTO CONTRA O MEDO DO DESEJO
Você chegou como um sonho, sem embaraço.
Com a lucidez que o vazio traz consigo,
Cheguei até você, um encontro amigo.
Mas não pode ser prorrogado o seu perfume.
Sinto a perda de uma vida que ousei buscar,
No impossível, solução, sem hesitar.
Desperte seu ser, noutro alguém, sem enganar
Com desgosto te deixo, você no seu caminho,
Suas ausências pesam, é com tristeza que avanço.
Na existência escaldante e seca, de teu pranto.
Nas águas do mês que trouxe à vida,
Espero que reencontres,
Em teu princípio úmido e caloroso,
As respostas para o vazio, o clamor.
Da amarga e doce alma, vazia passagem.
Por este que se despede, o coração se afunda,
Nas memórias que deixei, nesta triste viagem.
espia o tempo que não guarda idade.
Liberdade — palavra febril,
na boca da vontade, desejo sutil.
no breve da vida, no leve do não.
Gravidade? Só no corpo que pesa.
No silêncio, a alma inteira se reza.
ciclos se quebram — um talvez por vez.
Correnteza que move, e também remove,
o que era inteiro, o tempo dissolve.
do não que ecoa no peito: não, não.
Mas há um grito, estranho, de não sim,
que recua e se lança no abismo sem fim.
E o tempo? O tempo é só um fragmento.
Entre o que quebra e o que recomeça,
há uma pausa onde a alma tropeça.
romântico, perdido, existindo de pé.
Na dobra do mundo, onde a lógica dorme,
o caos me veste... e a poesia me conforma.
POR QUE NÃO SAI?
Ashjan Sadique Adi
Se contradiz em mim.
Me contradiz inteira.
Contradiz a razão que construí.
No escuro de meu edifício te procuro.
E você está lá.
Brecha rachada. Manchada.
Já não cresce, jaz estagnada.
Mas continua lá.
Eu a procurei e reencontrei.
Fissura estancada que por vezes volta a sangrar.
E até agora estou aqui a olhar.
Absorta nisto que anda para trás.
Em direção contrária ao tempo.
Mas que retorna.
Sim, retorna.
A me fazer tropeçar.
A atrapalhar meu caminho.
A fazer-me esquecer dos espinhos.
E lembrar dos carinhos.
Carinhos que me cegaram, paralisaram, emudeceram.
Foi tanta dor...
Por que ainda lembro de ti?
Por que essa saudade a me afligir?
Por que essa brecha a me partir?
Por que ela não fecha?
O que você me deu que ainda não se perdeu?
Que fixou em minha derme.
Que cravou minha epiderme.
Que entupiu minhas veias.
Que intoxicou o miocárdio.
Por que você não sai? Por quê?
Por que minhas retinas não te esquecem?
Por que meus lábios tua boca não repelem?
Por que meu corpo tuas tatuagens não expulsa?
Por que meus braços teu calor não esquecem?
Por que esse teu cheiro em meus pulmões?
Por que não esqueço teu som, tua voz e violão?
Por que não esqueço teu suor?
Como lava que respingava da compulsão de nossos corpos.
Lava que me lavava e parava meu tremor.
E os movimentos involuntários do Amor.
Por que minha memória não te exila?
E meus poros não te eliminam?
Como a carne faz com os sais
Que excedem e não cabem mais.
Antes que virem pedras renais.
Por que tua sombra a me perseguir?
Por que em meus sonhos não me deixa dormir?
Por que como bomba atômica me tiraste a Paz?
E se faz radioatividade em meus genes a perpetuar?
Por que, por que você não sai?
NÃO CABES MAIS
Um sentimento me contradiz.
Se contradiz em mim.
Cada vez mais você significa menos.
É interessante como
algumas pessoas fazem tão pouco se significar.
E você foi se tornando
cada vez mais opaco dentro de mim.
Indo embora nos pequenos
gestos de indiferença e outras violências.
Teu jeito de me tratar e
destratar.
Teus comentários
inconvenientes e desnecessários.
Teu joguinho de gigolô.
Tuas rejeições dolorosas.
Tua negação de afetos.
Tuas palavras despolidas.
Teu linguajar frio.
Tudo a deixar-me no
vazio.
A solidão me é mais
companheira.
O encontro comigo mesma,
mais rico.
Ai, quanto desperdício.
Por
tão pouco.Por tão ínfimo, tão raso
vínculo.
E essa minha dificuldade
de desvincular mesmo do pouco.
Do pobre, do empobrecido,
do que empobrece.
Felizmente, começo a me
desvencilhar.
A desconstruir essa
edificação de Afeto que ergui dentro de mim
Num momento de leve
encanto.
Envolvida pela brisa da
esperança de um encontro.
Embebida pelo desejo.
Do corpo, do cheiro, do
beijo.
Divagações...
Aliviada, percebo que se
finda o que mal começou.
O que começou bem, mas
logo se mostrou frágil, quebradiço, endurecido.
Já é chegada a hora mais
que necessária de apartar.
E enxergar que não vale a
pena.
Não vale a pena se a alma
do outro é tão pequena.
E dá tão pouco.
Merecemos mais!
Tu te fazes pequeno nesse
meu coração enorme.
Por isso não cabes mais.
Por isso já não cabe este
desencontro.
Essa fluidez de afeto
ralo.
Nesse meu peito sólido
que sangra de Amor.
ASA, Barreiras,
11-07-2016
O QUE ME SURPREENDE
A solidão me é mais companheira.
O encontro comigo mesma, mais rico.
Ai, quanto desperdício.
Por tão pouco.Por tão ínfimo, tão raso vínculo.
E essa minha dificuldade de desvincular mesmo do pouco.
Felizmente, começo a me desvencilhar.
A desconstruir essa edificação de Afeto que ergui dentro de mim
Num momento de leve encanto.
Envolvida pela brisa da esperança de um encontro.
Embebida pelo desejo.
Do corpo, do cheiro, do beijo.
Divagações...
Aliviada, percebo que se finda o que mal começou.
O que começou bem, mas logo se mostrou frágil, quebradiço, endurecido.
Já é chegada a hora mais que necessária de apartar.
E enxergar que não vale a pena.
Não vale a pena se a alma do outro é tão pequena.
E dá tão pouco.
Merecemos mais!
Tu te fazes pequeno nesse meu coração enorme.
Por isso não cabes mais.
Por isso já não cabe este desencontro.
Essa fluidez de afeto ralo.
Nesse meu peito sólido que sangra de Amor.
O QUE ME SURPREENDE
Ashjan Sadique Adi
Teus lábios malditos a me ofender com palavras mais malditas ainda.
Teu olhar raivoso disposto a me submeter.
O que me surpreende não são teus gritos a estremecer meus ouvidos.
Nem tua boca dizendo para a minha calar.
Tuas comparações absurdas de meu corpo com os de outras mulheres.
O que me surpreende não é essa tua vontade de me inferiorizar, e diminuir.
Vontade de me deixar ao chão com tua linguagem áspera, violenta.
E por vezes, vontade de me deixar ao chão com tua mão.
Não, o que me surpreende não é tua violência.
Violências de gestos e verbos.
Simbólicas e físicas.
O que me surpreende não são teus empurrões, contenções e pressões.
Não é esse teu sentimento de posse e poder sobre mim.
Nem teu ciúme doentio.
Atrapalhando a conversa com os amigos.
Interferindo em meu tempo com a família.
Prejudicando o caro encontro comigo mesma.
O que me surpreende não são todos esses espinhos.
Nem todas essas pedras jogadas em meu caminho.
Em meu corpo, em minha alma, em minha sensibilidade, em meus sentidos.
Quanto desperdício...
De tempo, de trajeto, de poesia, de calor, de amor.
O que me surpreende não é teu desrespeito e destrato.
Teu jeito ingrato.
Tuas exigências infundadas.
Tuas contradições tão claras.
O que me surpreende não são tuas opiniões levianas e rasas.
Tuas promessas fáceis e falsas.
Nem tuas mentiras de que dias melhores virão.
O que me surpreende não é teu machismo escancarado, descascado, enervado.
Em teus olhos, bocas e mãos.
Me xingando de vadia, puta, safada e vulgaridades abaixo.
Porque me permito sucumbir aos meus desejos.
O que me surpreende é como aceitei tudo isso.
EM CHAMAS
Jota Etcheverria
Amizade em chamas
Vermelhas
Labaredas ao céu
Faiscantes
Derretendo paradigmas
Você recusa nesse encontro o papel de amante
E eu teimo em pensar como antes
Sigo as batidas do meu coração
Cabe, sim, o amor nessa relação
É o que nos sustenta, esquenta, reinventa
Como fogo que move a água
Como água que apaga o fogo
Assim, de alguma forma a gente se ama
Vermelhas
Labaredas ao céu
Faiscantes
Derretendo paradigmas
Você recusa nesse encontro o papel de amante
E eu teimo em pensar como antes
Sigo as batidas do meu coração
Cabe, sim, o amor nessa relação
Como água que apaga o fogo
TREM DA MORTE
Jota Etcheverria
Ele carrega a maldição
Pelos trilhos da fronteira
Deixa um cheiro de enxofre em cada estação
Lá vai o trem da morte
Com sorte
Chega a Santa Cruz
Cruz credo!
Será que chega?
Ele carrega a morte
No último vagão
Ali, eu vi, viaja a maldição
Lá vai o trem da morte
Levando gente fedida
Maltrapilha, maldita
Açoitada pela vida
Gente suada mas honrada
Selvagem porém honesta
Entre galinhas, bodes e cabritos
Velhos, crianças, cholas e índios
Entre holandeses de olhos azuis
Mochileiros turistas
No hibridismo da fronteira
Companheira e hospitaleira
A morte visita vagões
Oferece água e pães
O homem bêbado aceita a comida
Come, bebe, arrota, quase vomita
Mas mata a fome, sobrevive
E começa a levitar
Esse a morte não conseguiu levar
Lá vai o trem da morte
Carregando vidas
Quase vidas
Sobrevidas
O que resta do caos
Rumo a Santa Cruz de la Sierra
Cruz credo!
PEDIDO DE CASAMENTO
Arnaldo Antunes
Eu sei que a gente ia ser feliz juntinho
Pra todo dia dividir carinho
Tenho certeza de que daria certo
Eu e você, você e eu por perto
Eu só queria ter o nosso cantinho
Meu corpo junto ao seu mais um pouquinho
Tenho certeza de que daria certo
Nós dois sozinhos num lugar deserto
Se você não quiser
Me viro como der
Mas se quiser me diga, por favor
Pois se você quiser
Me viro como for
Para que seja bom como já é
Eu sei que eu ia te fazer feliz
Dos pés até a ponta do nariz
Da beira da orelha ao fim do mundo
Sugando o sangue de cada segundo
Te dou um filho, te componho um hino
O que você quiser saber eu ensino
Te dou amor enquanto eu te amar
Prometo te deixar quando acabar
Se você não quiser
Me viro como der
Mas se quiser me diga, meu amor
Pois se você quiser
Me viro como for
Para que seja bom como já é
BELA
Nelson Urt
Você é meu tudo, meu nada
Meu caminho
Meu querer, meu saber
Minha doce ilusão
Amarga e passageira
Meu quintal, universal
Minha janela, meu portal
Meu coração que bate sem saber
Bela,
Suave fera ferida
Na vida
Veio para preencher meus vazios
E atender os meus desejos
Meus beijos são teus beijos
Minhas mãos são tuas mãos
Retribuo com gestos honestos
Querido cavalheiro
Gestos de amor
Pra todo dia dividir carinho
Tenho certeza de que daria certo
Eu e você, você e eu por perto
Meu corpo junto ao seu mais um pouquinho
Tenho certeza de que daria certo
Nós dois sozinhos num lugar deserto
Me viro como der
Mas se quiser me diga, por favor
Pois se você quiser
Me viro como for
Para que seja bom como já é
Dos pés até a ponta do nariz
Da beira da orelha ao fim do mundo
Sugando o sangue de cada segundo
O que você quiser saber eu ensino
Te dou amor enquanto eu te amar
Prometo te deixar quando acabar
Me viro como der
Mas se quiser me diga, meu amor
Pois se você quiser
Me viro como for
Para que seja bom como já é
Você é meu tudo, meu nada
Meu caminho
Meu querer, meu saber
Minha doce ilusão
Amarga e passageira
Minha janela, meu portal
Meu coração que bate sem saber
Suave fera ferida
Na vida
Veio para preencher meus vazios
E atender os meus desejos
Meus beijos são teus beijos
Minhas mãos são tuas mãos
Retribuo com gestos honestos
Querido cavalheiro
Gestos de amor
NÃO SEI DANÇAR
Manuel BandeiraUns tomam éter, outros cocaína.
Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.
Tenho todos os motivos menos um de ser triste.
Mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria...
Abaixo Amiel!
E nunca lerei o diário de Maria Bashkirtseff.
Sim, já perdi pai, mãe, irmãos.
Perdi a saúde também.
É por isso que sinto como ninguém o ritmo do jazz band.
Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu tomo alegria!
Eis aí por que vim assistir a este baile de terça-feira gorda.
Mistura muito excelente de chás...
Esta foi açafata...
- Não, foi arrumadeira.
E está dançando com o ex-prefeito municipal:
Tão Brasil!
De fato este salão de sangues misturados parece o Brasil...
Há até a fração incipiente amarela
Na figura de um japonês.
O japonês também dança maxixe:
Acugelê banzai!
A filha do usineiro de Campos
Olha com repugnância
Para a crioula imoral,
No entanto o que faz a indecência da outra
É dengue nos olhos maravilhosos da moça.
E aquele cair de ombros...
Mas ela não sabe...
Tão Brasil!
Ninguém se lembra de política...
Nem dos oito mil quilômetros de costa...
O algodão do Seridó é o melhor do mundo?... Que me importa?
Não há malária nem moléstia de Chagas nem ancilóstomos.
A sereia sibila e o ganzá do jazz-band batuca.
Eu tomo alegria!
(Petrópolis, 1925)
MONOSSÍLABO
AMOR PROIBIDO
Rachel Roberta V. Ramires
Amor te vejo nos meus sonhos,
Será saudade?
Ainda sinto o calor do seu corpo sobre o meu...
Seu beijo, um doce natural que entrelaçava meus lábios
Quando o beijava sentia uma paixão intensa que incendiava
Completamente a minha alma...
É como se todas às luzes do meu corpo fosse por ti acesas!
Não tenho palavras para descrever toda a alegria e
emoção que sentia ao seu lado minha paixão.
Cada palavra que saía de sua boca,
destilava mel puro de abelhas rainhas!
Quero sentir o seu amor outra vez, outra vez, outra vez...
Se Deus permitir vamos nos reencontrar para viver esse amor incondicional,
livre de preocupações, angústias, ansiedade e simplesmente
Sem fronteiras.
Quero me deleitar em seus braços,
e sentir seu coração palpitar sobre meu peito.
Amo o seu sorriso e sua alegria de viver.
Fico encantada com tanta perfeição que há no brilho do seu olhar!
Aika Ranny Bispo
Sou mulher e sou forte!
Ser mãe e pai não é pra qualquer um!
Tivemos que ser forte e enfrentar o medo...
Conquistei a igualdade em cima de um salto
Disseram que eu não seria capaz,
ENTÃO NÃO TENTE ENTENDER
Mariposa mansa em mim, minto, mexe até moer meus medos
Dentro há dor diante da dança que desistiu,
danos diversos, dúvidas duradouras, dívidas decadentes
Em meio ao cheio recheio de vontades
Sem delírio são só palavras em um caos causado por mim
Visto por ti e esquecido
e nem vivo posso então um dia viver o que revivo
e nem vivo pois vivo sem viver o que revivo que nem vivo é
Encontrar em meio ao arrumado é utopia
Para quem vive bagunça
A desordem mostra, ergue e faz brilhar o que busco
Mas ninguém vê
Porque não há
Procuraste o nada em meio a este caos
PELO TEMPO QUE DURAR
No estado em que está
Eu só penso em ver você
Eu só quero te encontrar
Geleiras vão derreter
Estrelas vão se apagar
E eu pensando em ter você
Pelo tempo que durar
Coisas vão se transformar
Para desaparecer
E eu pensando em ficar
A vida a te transcorrer
E eu pensando em passar
Pela vida com você
MAIS UM NA MULTIDÃO
Erasmo Carlos, Marisa Monte e Carlinhos Brown
Guarde segredo que te quero
E conte só os seus pra mim
Faça de mim o seu brinquedo
Você é meu enredo vem pra cá...
Te espero
Não vai passar
O amor não tarda, está...
Eu penso em você
Eu tento dormir
Você tenta esquecer
Longe do seu ninho
Meu andar caminho
Deixo onde passo
Os meus pés no chão
Sou mais um na multidão...
O mar de sol
No leito do lar
Que nem um rio
Pode apagar
O amor é fogo
E ferve queimando
Estou ferido agora
E sigo te amando
Você pode acreditar...
O mesmo verbo
E sonho só viver pra ti
Quem tem a chave do mistério
Não teme tanto o medo de amar...
Te enxergo
Não vai passar
O amor não tarda, está...
Te espero
Não vai passar
O amor não falta estar...
Você pensa em mim
Eu penso em você
Eu tento dormir
Você tenta esquecer
Longe do seu ninho
Meu andar caminho
Deixo o óbvio e faço
Os meus pés no chão...
Sou mais um na multidão
NO OLHO DO FURACÃO
Possíveis e impossíveis, indescritíveis, impensáveis
Olhos que ainda investigam a vida
Mãos que ainda tateiam o infinito
Fracassada, manipulada, estereotipada, ostensiva, opressora
No moinho de vento, na roda da vida
No meio desta engrenagem reacionária
Você a rainha, eu seu escravo
Ou não seria eu o carrasco e você a dona do coração partido?
Para assim recompensar algum sofrimento que me tenha causado
Oferecer minha gratidão
Cobrir-lhe de poemas, gracejos e afagos
Destino, predestinação, obsessão, reencarnação
Em situações aparentemente banais e corriqueiras...
Na tentativa de construir grandes castelos de areia
Estamos apenas nos reconhecendo
Marilene Rodrigues
(O Livro das Semelhanças)
LIVRE-SE
Não há sonhos de mudanças
Se há, são sonhos pequeninos
Tão pequenos que não transparecem no ato
Sonhos passageiros que se perdem no caminho
Para elas há sonhos e lutas
Mas o ideal é meramente individual
E enquadrado, padronizado, unilateral
Quando não se pensa além, há o molde.
Molde que se restringe a mudanças superficiais
Restritas às amarras da sociedade, a críticas alheias
Esquecem-se dos detalhes internos
São os detalhes que diferem, interferem.
Que sonham sonhos imensos, intensos
Que englobam a mudança do todo
O limite não é interno
O limite é a vida.
Acordei livre
Livre amanheci
Livre permaneci
E vivi para sempre minha liberdade!
Se os destinos se cruzarem, quem sabe?...respondes, com outra interrogação.
nas criaturas hoje em dia.
tentando refazer o doce sabor de um instante.
nas páginas do meu pensamento
Não tenho watszapp e tento enviar msn por telepatia
Pura magia.
tento reencontrar um caminho até bem perto de você
Olhos nos olhos, real, longe do virtual
Quem sabe...
Alguns nem vivem, mas escrevem
O imaginário...
Onde a vida é mais intensa
Se perdem no real
Lá se encontram
Retiradas do imaginário, claro
O real vigoroso e as palavras dolorosas
Retiradas do sentimento, óbvio
Exaltado e amado pela imaginação
E dilacerado e esquecido pela realidade
Pulsante em ambos