domingo, 13 de novembro de 2016

No Quebra-torto com Letras, os segredos de poetas e letristas

No Moinho Cultural, poetas contam lições de vida para o público
Nesta mormacenta manhã de domingo, debaixo de pingos quentes de chuva, aqui nas barrancas do rio Paraguai, na sede do Instituto Moinho Cultural, em Corumbá, o segundo dia do Quebra-torto com Letras do Festival América do Sul começa com um toque do hit de Frejat: “Por você, eu dançaria tango no teto/Eu limparia os trilhos do metrô/Eu iria a pé do Rio a Salvador/Eu aceitaria a vida como ela é/Viajaria a prazo pro inferno/Eu tomaria banho gelado no inverno/Por você eu deixaria de beber/Por você eu ficaria rico num mês/Eu dormiria de meia pra virar burguês”. Ora, mas aí vocês podem perguntar o que tem a ver Frejat com o Quebra-torto com Letras. Bem, quem conta a história é o próprio autor do poema, um dos convidados da mesa redonda, Mauro Santa Cecília, carioca de 54 anos. Ele escreveu essa poesia inspirada em uma vizinha de quem estava apaixonado e queria conquistar, e a mostrou para Frejat, seu amigo desde os tempos de colégio, que resolveu transformá-la em letra de música. “Por você” explodiu nas paradas, pela banda Barão Vermelho, e mudou a vida de Mauro Santa Cecília, que virou letrista e passou a viver de direitos autorais. Esse é apenas um dos segredos da poesia, que pode, sim, render uma grande música. Mais uma vez, os poetas conseguem mostrar  ao público o potencial transformador da literatura. 
Emmanuel, de macacão: 'operário das palavras'
No mesmo caso se enquadra outro escritor convidado, Emmanuel Marinho, poeta e ator douradense, que produz e vende CDs com suas poesias musicalizadas. Quase tudo o que compõe vira música, e ele já gravou dois CDs, Teré e Encantares. Mas ele também é conhecido por ser uma voz de protesto na sociedade com poemas como “Etanol” e autor de performances como o “Poeta Palhaço”, “Porã” e “O Encantador de Palavras”. Usa macacão por considerar-se um “operário da palavra”. Outra contribuição veio do escritor e jornalista paulista Bruno Molinero, repórter da Folha de S.Paulo, ganhador do Prêmio Guavira de Literatura com o livro do poemas “Alarido”. E o que faz Bruno de tão extraordinário, podem perguntar? Ora, ele apenas transforma em linguagem poética os perfis das pessoas que entrevista em suas reportagens, quase sempre figuras invisíveis da periferia paulistana. Mauro, Emmanuel e Bruno comprovam que, por meio da literatura, podemos realizar sonhos e projetos considerados impossíveis. Porque a poesia é como nossa própria vida. "Por você, eu mudaria até o meu nome/eu viveria em greve de fome/desejaria todo dia a mesma mulher". Querem saber o final da história, não é: Mauro não conquistou a vizinha, mas a poesia dele conquistou o País.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

PEC é um processo de desmonte do Brasil

Auditório Salomão Baruki recebeu Aula Pública sobre a PEC
Dom Martinez, bispo diocesano de Corumbá, destacou a posição da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) na Aula Pública sobre a PEC dos Gastos, também conhecida como PEC 241, nesta segunda, 07 de novembro, no Anfiteatro Salomão Baruki, no Campus Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) em Corumbá. O evento foi organizado pelo Sindicato dos Docentes Universitários (ADUFMS) e UFMS. “A PEC é injusta e seletiva, ela elege, para pagar a conta do descontrole dos gastos, os trabalhadores e os pobres”, diz a CNBB. Foram muitas as definições dadas à PEC durante o encontro: PEC da Morte, PEC Veneno, PEC do desmonte do Brasil. A mesa de debates, bem diversificada, contou com sindicalistas, professores, universitários e um estudante secundarista, Luigi Amarilio, aluno do Sesi. 
Professores, estudantes e sindicalistas debateram efeito da PEC
A professora da UFMS, Elisa Freitas, doutora em Geografia Humana pela USP, coordenou os trabalhos e se referiu ao momento como “um processo de desmonte do Brasil”. Romeu Viana, professor de química do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), citou uma frase: “entre o remédio e o veneno a diferença é o tamanho da dose”. Esta é a PEC Veneno. Neste dia 11 de novembro, uma passeata pelas ruas centrais de Corumbá marca a manifestação contra a proposta que está no Senado para votação com o nome de PEC 55. “A PEC afronta a Constituição Cidadã de 1988”, acrescenta a CNBB.