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Bloco dos Palhaços fechou desfiles do Carnaval de Corumbá |
Vejam que frase memorável, digna de intensas
reflexões: “a identidade de Mato Grosso do Sul está em Corumbá”. Ela foi dita
pelo secretário de Estado do Turismo, Nelson Cintra, no camarote da imprensa, durante o desfile do Grupo Especial do Carnaval corumbaense. Trata-se de um reconhecimento histórico. Cintra lembrou que a divisão
do Estado trouxe enormes prejuízos e nos roubou a identidade, agora resgatada
por Corumbá. Entendo o recado que Cintra quis passar: Corumbá dá a resposta em
nome de todo o Mato Grosso do Sul. Hoje a cidade representa a fina flor da
cultura sul-mato-grossense, não só por organizar o melhor Carnaval do Estado.
Muitos corumbaenses ainda não acreditam nesse potencial, mas isso virá com o
tempo. Desafiando a fria lógica dos números e da economia, que tirou o Carnaval
oficial de 33 cidades do Estado, Corumbá decidiu bancar investimentos em um dos seus
maiores produtos culturais, apelou para a iniciativa privada, e apostou certo. E o que é o Carnaval senão a maior
manifestação cultural brasileira, ao lado do futebol?
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Hélènemarie Fernandes: luxo na avenida e alta no turismo |
O balanço do Observatório
de Turismo, que será anunciado pela Fundação de Turismo, vai
revelar números amplamente favoráveis. Em primeira mão, posso anunciar um
deles: o aumento de 10% de entrada de turistas via aérea, um dos portais
pesquisados. Cresceu também o número de turistas paraguaios, argentinos e
chilenos, impulsionados pela queda do valor do real diante da moeda deles, sem
contar, é claro, o explosivo fluxo de bolivianos, nos hotéis, restaurantes,
lojas, em todo o comércio. Outro dado que o Observatório de Turismo vai revelar é
que os hotéis tiveram 90% de vagas ocupadas no período de Carnaval. "Estamos avançando e atraindo cada vez mais turistas do Centro-Oeste e interior de São Paulo, e no Estado somos imbatíveis", constatou Hélènemarie Fernandes, diretora da Fundação de Turismo de Corumbá, falando do Carnaval.
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Tanabi como "a Tia": 40 carnavais |
E onde está
a crise? Ela, de fato, existe, mas foi devidamente sufocada pelo tratamento adequado
dado à cultura e ao turismo. O clima ajudou, choveu pouco, os índices de violência
foram reduzidos, os ventos foram tão favoráveis que espalharam alegria por
todos os cantos da cidade e até o prefeito Paulo Duarte foi visto sambando ao
lado dos garis da limpeza pública, a turismóloga Hélènemarie brilhou na ala das baianas da Vila Mamona e o gestor de cultura José Antonio Garcia, o Tanabi, cumpriu a tradição de levar para o bloco Cibalena seu maior personagem, "a Tia". Enfim, tudo é Carnaval, tudo é cultural. Só mesmo as mentes dualistas
ou fundamentalistas ainda insistem em enxergar nestes dias de folia dionisíaca
a face diabólica do mal, escondida atrás das máscaras de pierrôs, arlequins e
colombinas no Bloco dos Palhaços - e palhacinhos. E aí eu pergunto: se tudo isso é o mal, onde estará o bem?