Sábado de resistência indígena na Praça Independência em Corumbá-MS |
O “dia do índio” surgiu
com mera data comemorativa, em decreto assinado pelo presidente Getúlio Vargas
em 1943. Até ali pensava-se que a questão indígena estava jogada na lata do
lixo da história, assunto encerrado, depois de muitas lutas, ocupações e
massacres, durante a invasão portuguesa neste território a partir de 1500.
Estavam enganados. Com o passar do tempo, os movimentos étnicos e culturais se avolumaram,
cresceu a conscientização dos povos indígenas e hoje não se celebra mais um irrelevante
dia do índio, mas a Resistência dos Povos Indígenas neste Abril Indígena. São
519 anos de resistência, desde que o primeiro índio tombou morto na sua própria
casa.
Com esse propósito representantes da Aldeia
Jaguapiru da etnia Guarani-Kaiowá, de Dourados, sul de Mato Grosso do Sul, vieram
a Ladário-MS e a Corumbá-MS nestes dias 19 e 20 de abril. Um tanto isolados, sufocados e oprimidos na
aldeia, só agora esses adultos, jovens e crianças brasileiros tiveram a
oportunidade de conhecer o rio Paraguai – e se banharam nele.
E pensar que até
antes da invasão portuguesa e espanhola todo esse vasto território, com sua imensa
e generosa natureza, pertencia a eles e outras nações – em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso são muito fortes os traços e raízes dos Guaicuru, dos Bororo, dos Terena e dos Guató, além dos Guarani.
A luta de todos os
homens honestos e íntegros deste País continental, de vastas terras, é pelo refortalecimento e defesa dessas etnias, já que estamos
diante de uma onda oficial de desqualificação da Funai (Fundação Nacional do
Indio), das culturas indígenas e de um retrocesso nas demarcações das terras,
cujos processos encontram-se paralisados ou sendo revisados depois da PEC 215.
Este
é um momento crucial para abraçarmos nossos irmãos indígenas, aldeados em um limite de
terras que não expressa suas necessidades, com um sistema de saúde precário,
conforme me relatou o líder indígena Nelson “Cabrito” Ávila, universitário do curso de
Biologia da Universidade Federal da Grande Dourados. Ele deve ser um dos representantes da etnia no movimento indígena Terra Livre, de 22 a 25 de abril, no Congresso Nacional em Brasília.
No projeto Passa na Praça
que a Arte te Abraça, na Praça Independência, em Corumbá, neste sábado, 20 de
abril, os Guarani-Kaiowá apresentaram suas danças, cantos e artesanatos, e se integraram
aos poetas, escritores, professores, enxadristas e admiradores desta causa indígena. Dançamos juntos na praça...e nossa dança é por uma causa justa.