Danielle, Noemi, Marcelle, Mara e Lucilene: elas por elas |
Nelson Urt
Navepress
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Gostou do Festival América
do Sul? - perguntam-me. na saída do Stand da Literatura. Gostei, respondo, de pronto.
Porque consegui extrair deste festival a energia positiva de cada momento que
vivi ao lado de amigos e companheiros, artistas, poetas, artesãos, ativistas. Gostei
porque dancei e cantei com o MJ6, a mais querida banda pop corumbaense de todos
os tempos, durante o show dos seus 50 anos, no último dia do Festival. Chorei
ouvindo “Caminho eu” na voz de Tadeu Atagiba. E me arrepiei ao ver o poeta
Augusto César Proença literalmente atirar a bengala de lado para bailar como
menino diante do palco, do alto dos seus 80 anos e centenas de crônicas
publicadas, entre elas uma que virou filme, “Atrás da poeira não vem mais seu
pai”. Gostei porque vendi livros, muitos livros artesanais da Maria Preta
Cartonera, no stand, ao lado de companheiros da Academia de Literatura e Estudos
de Corumbá. Nunca vi na cidade tanto fluxo de pessoas por metro quadrado - isso
só na Bienal. Gostei de ter conversado tantas horas com tanta gente interessada em
literatura. Sim, também me manifestei: ergui meus punhos em defesa, revolta e
protesto contra o massacre dos irmãos bolivianos no ato deflagrado pelo
senador-suplente Anísio Guató, pelo professor Schabib Hany e pelo ativista
cultural Anibal Monzon na Tenda dos Povos Indígenas, ao lado de etnias terenas,
guatós, kadiweus, guarani-kaiowá...
E, de quebra, integrei a mesa de debates do
Quebra Torto com Letras, no Moinho Cultural, e aprendi muito com pesos pesados
da literatura como os escritores Reginaldo Férrez (roteirista paulista da série e filme
Cidade de Deus), Fabián Severo (autor uruguaio de poesias em portunhol), Marcelo
Silva (que lançou o livro Estrada Parque Pantanal) e Samuel Medeiros (autor de
Senhorinha – a resiliência feminina na Guerra do Paraguai), com mediação da
professa Rosângela Villa. Um dia antes, o Quebra Torto foi das mulheres, belas
e empoderadas: Lucilene Machado (autora de Os homens não amam as mulheres),
Mara Calvis (As aventuras de Ygor, o peixe barbado, nas águas de Campo Grande), Noemi Jaffe, Danielle Ferreira (O Reino Perdido de Odara), com mediação de Marcelle Saboya. Comprovei que um festival nunca
morre quando a gente consegue carregar ele dentro do coração, sabendo que ele, como
arte, cultura e educação, é um catalizador, um transformador de vidas. Porque o
coração sempre bate mais forte, é uma porta aberta para novas emoções.
Samuel, Fabián, Marcelo, Férrez e Urt no Quebra Torto |