quinta-feira, 23 de abril de 2020

Diário do fim do mundo - 9ª Parte


Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, padroeira de Ladário-MS
1. QUANDO cito neste diário a expressão “fim do mundo” me refiro ao fim deste mundo tal qual ele se configurava até fevereiro de 2020. Acredito efetivamente que está pandemia carrega o dom de construir um mundo melhor quando cessar o bafo venenoso do Covid-19. Vai provocar uma mudança de atitude das pessoas – e de toda a humanidade – levando a uma transformação esperada por todos os profetas. 
2. O CALENDÁRIO MAIA profetizou o fim do mundo (ou o começo de uma nova era) para 2012. Chico Xavier, em sua última entrevista, revelou que haveria grandes transformações a partir de junho de 2019. O professor e doutor Andris Tebecis, da Sukyo Mahikari, durante um Seminário em Campo Grande-MS, afirmou que, naquele ano, 2010, começava a “era da Luz e o governo de Deus”. Hoje poucos duvidam dos efeitos concretos dessas três profecias, mas há outras, que prefiro não citar para não estender o assunto. 
3. VOCÊS JÁ pararam para pensar como os trilhões de dólares movimentados nos megaespectáculos de toda a natureza, nas vultosas operações das empresas multinacionais, nas gigantescas negociações das corporações promovem o acúmulo de riqueza de uma casta privilegiada, provocam desequilíbrio social que beneficia poucos e tira o sustento básico de alimentação e habitação de milhares de pessoas em todo o mundo? Pois é, e agora? Com quase tudo parado, ou desacelerado, o mundo tal qual o conhecíamos, feito de conquistas materiais, desenfreado  consumo, poder econômico e acúmulo financeiro deve dar lugar a um modo de vida mais equilibrado, sustentável, racional, solidário ou seja lá como queiram conceituar – por obra do acaso, da natureza ou do sopro divino. É pelo menos o que todos esperamos. Não se aceita mais a retórica de que os ricos ficarão mais ricos e os pobres mais pobres. 
4. O DISTANCIAMENTO, as quarentenas, os isolamentos sociais, as máscaras de proteção, a higienização, a reforma dos sistemas sanitários são apenas pano de fundo nesta crise que deve culminar com um novo estilo de vida marcado pelo fim do desperdício, pelo reaproveitamento material, a reciclagem, o fim do descartável e da nefasta indústria que desde o advento do capitalismo promoveu a massificação de produtos. Pode não ser uma volta completa às origens, mesmo porque hoje dispomos de uma tecnologia avançada, mas com certeza um novo olhar aos bem duráveis, ao maior respeito à natureza e às condições naturais de sobrevivência. As máscaras sanitárias estão na ordem do dia como proteção na pandemia, mas o sistema capitalista que só visa o lucro a qualquer custo precisa e deve ser desmascarado para que tenhamos um futuro melhor. 
5. FILME. Como dica cinéfila hoje eu indico “Encontro Marcado” (1998), com impecáveis atuações de Anthony Hopkins, Brad Pitt e Claire Forlaine, pela plataforma Netflix, bem adequado a esses tempos da Covid-19, o vírus da morte. Prestes a ter um colapso cardíaco e desencarnar, o Magnata de 65 anos pergunta à Morte: “Devo ter medo?”. E a Morte responde: “Um homem como você, não”. 
6. MÚSICA. Over de Rainbow compõe a trilha sonora no final apoteótico de Encontro Marcado. Indico a música instrumental ou na voz do havaiano Israel Kamakawiwo’ole. 
7. ENCERRO ilustrando com essa imagem do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, a santa da cura, padroeira de Ladário, cidade de onde escrevo este modesto e breve diário, às margens do rio Paraguai, nas proximidades da fronteira com a Bolivia, ao sul do Pantanal do MS. (Nelson Urt/Navepress)

https://www.youtube.com/watch?v=mBmDg-CNFqY&t=20s