Sonhos e direitos não têm fronteiras

O que tem a ver Ladário e Corumbá com uma eleição para vereador na Bolívia? Olha, aparentemente nada. Mas para o boliviano André Menacho, viver em Corumbá, ser diretor social do Centro Boliviano e ter muitos amigos nas duas cidades fazem esta eleição também levar as cores do Brasil. Ele é candidato a vereador (concejal) em Puerto Quijarro pela agrupación Uder (Unidad para El Desarollo Regional). Só em Ladário vivem cerca de 100 bolivianos com direito a voto na Bolívia e que no dia da eleição, 4 de abril, devem fazer questão de cumprir o dever cívico e depositar seus votos em uma urna de Puerto Quijarro, a primeira cidade da fronteira. Menacho, de 46 anos, quer vencer para servir como ponto de ligação oficial nas ações conjuntas do Brasil com seus irmãos bolivianos, missão, aliás, que há muito tempo vem desempenhando informalmente. É um homem confiável, sério, respeitável, com trânsito livre na fronteira. Aliás, Menacho é um cidadão do mundo para o qual sonhos e direitos não existem fronteiras. Esta, por sinal, é a inscrição que leva na camiseta que recebeu ao participar de um seminário do Ibis (Instituto Brasileiro de Inovações Pró-Sociedade Saudável). Portanto, caro amigo boliviano, vote em Menacho!

E a terra também tremeu na Bolívia

Estávamos sintonizados na Rádio FM Santa Cruz, retransmitida pela FM Carolina, de Puerto Quijaro. Eu e Vera, minha esposa, queríamos apenas ouvir na manhã deste sábado a boa música boliviana e algumas notícias sobre a posse de Evo Morales e seus ministros. Dois dias antes, Evo havia sido ungido pela segunda vez como “guia espiritual” da Bolívia pelas nações indígenas de Tiawanaku, em um templo a 70 km de La Paz. De repente o locutor de Santa Cruz informa sobre o terremoto de 5,3 graus na escala Richter, que balançou alguns móveis e alicerces nas cidades bolivianas de Yapacaní, San Juan, San Carlos e El Chapare, no departamento de Santa Cruz, o estado que faz divisa com Mato Grosso do Sul. O locutor contava que o tremor também foi sentido em Santa Cruz, onde pessoas se assustaram a abandonaram os prédios. Mais tarde confirmei detalhes na ABI (Agência Boliviana de Información). Não houve danos materiais nem vítimas, informou a Defesa Civil boliviana. Depois do Haiti, é natural que todos estejamos assustados. Não quero alarmar ninguém, mas é sempre útil ter a mão uma mochila de emergência, com acessórios úteis como lanternas a pilha, cordas, cantil de água, caixa de primeiros socorros e alimentos desidratados. Haverá terremotos no Brasil? Olha, até onde se sabe, existe perto daqui a placa tectonica de Nazca, na região da Cordilheira dos Andes, e qualquer movimento colocaria em risco as cidades de Lima (Peru), Quito, Guayaquil (Equador), Amenia, Cali, Monizales, Popayán e Cúcuta (Colômbia), o que representa 59% da comunidade andina, de acordo com geólogos do Comitê Andino de Prevención y Atención de Desastres. Mas nesses tempos de fúria do planeta, é sempre bom estar com um olho no Carnaval, e outro na Natureza.

Os melhores Carnavais do Centro-Oeste

Podem torcer o nariz e adoecer de inveja, mas a verdade tem de ser dita: a administração de Ruiter Cunha recuperou o Carnaval de Corumbá e o colocou como o mais animado e bem organizado do Centro-Oeste, com visibilidade nacional. E para Ladário, irmã gêmea e fiel parceira, o maior desafio é construir o segundo maior Carnaval do Centro-Oeste, desbancando Campo Grande e outros centros. Campo Grande sepultou a alegria de seu Carnaval ao tirá-lo da tradicional 14 de Julho e mandá-lo para a fria Via Morena. Outras cidades podem até ter mais estrutura e recursos financeiros, mas não têm a mesma animação e tradição de Ladário, o berço do Carnaval do Centro-Oeste por influência dos marujos, da Marinha e dos cariocas. Na administração de José Antonio, onde o foco é o turismo, a cultura e o bem-estar social, o Carnaval tem tudo para prosperar e voltar a ser como nos velhos tempos, gerando renda e emprego para Ladário. Não por acaso o governador André Puccinelli destinou R$ 40 mil para o Carnaval ladarense, mesmo cometendo a imperdoável gafe de chamar o prefeito José Antonio de Antonio Sampaio (no que foi prontamente corrigido pelo incansável carnavalesco ladarense João Bezerra, na platéia do Espaço Casa Blanca). Errar é humano, mas Puccinelli sabe que nessa altura do Carnaval um erro grosseiro como este pode provocar doses de antipatia e rejeição na corrida eleitoral de 2010.

Do Carnaval 40 graus ao silêncio gelado da Rússia

Nem todos os humanos recebem a graça de aproveitar o melhor Carnaval do Centro-Oeste. O governador André Puccinelli é um desses desafortunados. Embarca dia 12 de fevereiro, na véspera do Sábado Gordo, para a gélida Rússia. Em vez dos 40 graus e a folia de Corumbá, vai sentir na pele os 25 graus negativos e a neve de Moscou. O governador disse que vai negociar com os russos da liberação das exportações da carne de Mato Grosso do Sul. Depois de liberar recursos de R$ 230 mil para escolas e blocos de Corumbá (28% a mais do que o ano passado e quase o dobro do que forneceu para Campo Grande), ele foi coberto de afagos e convites para passar o reinado de Momo entre nós. Este ano, com a interferência do prefeito José Antonio, do secretário Jorge de Castro e do vereador Baguá (presidente da Câmara), Ladário também ganhou uma fatia do bolo: R$ 40 mil. E para não passar vontade, nesta quinta-feira, 21 de janeiro, ao assinar o cheque no Espaço Casa Blanca, Puccinelli sentiu o gostinho de um pré-Carnaval ao lado de passistas das escolas de samba de Corumbá. Decerto foi embora com água na boca.

O velho homem da terra e a vassoura de palha

Com sua vassoura de palha, ele pode parecer um velho bruxo, mas é apenas um homem que cultiva como poucos a sabedoria da terra. Planta melancia, milho, laranja e acerola, cria carneiros e ovelhas. Das folhagens de um arbusto tira a matéria prima para confeccionar suas vassouras de palha artesanais. Esse é o senhor Osmar Castelão, de 76 anos, pai de seis filhos, avô de muitos netos, entre eles o ilustre economista Raul Asef Castelão. É um dos 85 pequenos produtores rurais que levam a vida cultivando as dádivas divinas em um pedaço de chão abençoado no Asssentamento 72, em Ladário. Colheu 500 melancias este mês, mas poderia colher o dobro não fosse a chuvarada. Mas Castelão não reclama quando faz muito calor ou chove demais. Ele sabe que terra e céu, tudo é voz de Deus.

De olho nas relíquias de Dom Bosco

Para o cinegrafista Edmar Pereira (em ação nesta foto de Marcus Vinicius), a visita da urna com as relíquias de Dom Bosco, canonizado pela Igreja Católica, rende imagens emocionantes e um contrato abençoado. Ele presta serviço para a Master Filme, produtora de Campo Grande contratada pela Missioni Don Bosco TV, da Itália, para acompanhar todos os lances da visita ao Brasil. Edmar ficou impressionado com o que viu em Cuiabá, a capital do Mato Grosso. “As três igrejas por onde a urna passou ficaram superlotadas”, contou. Em Ladário, nesta sexta, 15 de janeiro, ele percebeu a profunda emoção dos fiéis. O cinegrafista também já passou por Barra do Garças-MT, pelas aldeias indígenas Mururo e Xavantes, por Rondonópolis, Campo Grande, Corumbá, e agora parte para Lins-SP, Araçatuba-SP e Três Lagoas. Uma aventura que une fé, aventura e cachê em dólares.

O sonho do emprego federal

Vagas abertas. Aquele emprego federal que muita gente sonha está bem perto da realidade neste começo do ano. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) abre inscrições de 18 de janeiro a 5 fevereiro para seu concurso, com salários tentadores. Para jornalista, R$ 5.440,07. Salário digno pela soma de serviços com responsabilidade, ética e experiência que os patrões exigem para contratar o profissional qualificado. Para engenheiro agrônomo, R$ 7.419,96. Mesmo depois da absurda eliminação da obrigatoriedade do diploma na nossa área, a Embrapa exige o diploma de graduação no curso de Comunicação Social ou Jornalismo, por uma questão de respeito e reconhecimento à profissão. Para baixar o edital, basta entrar no wwwinstitutocetro.org.br. Neste edital, há um erro gritante da Embrapa que precisa ser corrigido – refere-se à nossa cidade como Corumbá-MT (até quando seremos confundidos?).

Começa 2010 e nem tudo é Carnaval

Ponte que cai no Rio Grande do Sul, águas que destroem em São Luiz do Paraitinga, Cunha e Atibaia, no interior paulista, avalanche que soterra vidas em Angra dos Reis, litoral carioca. Furiosa, a natureza começa 2010 virando algumas regiões do mundo de cabeça para baixo. Em São Luiz do Paraitinga, mais de 60 casarões centenários desabaram, inclusive o prédio da Prefeitura, e a prefeita, desalojada, despacha de um banco da praça pública. Lá, evidentemente, o Carnaval já foi cancelado e o cenário é de quarta-feira de cinzas. Enquanto isso, reina a paz no Pantanal, o prefeito Ruiter Cunha inaugura nova pavimentação no Jardinzinho e lança oficialmente o Carnaval no Porto Geral. E o prefeito José Antonio conclui o recapeamento da rua Comandante Souza Lobo. Corumbá e Ladário, contempladas pela natureza, iniciam o ano construindo seu futuro e planejando as alegrias e alegorias de mais um Carnaval. Ao mesmo tempo, homens e mulheres de fé agradecem, em orações, através de suas religiões, as imensas proteções divinas concedidas a esse pequeno pedaço do planeta.

Luz, paz e harmonia no céu e na terra de todos

Passei a virada e as primeiras horas de 2010 rodeado por familiares e amigos na rua Comandante Souza Lobo. Da janela de casa, que dá para o fundo do quintal, assistimos ao show da queima de fogos que sairam atrás da imagem do Cristo Redentor e enfeitaram o céu numa noite sem chuva e com poucas nuvens na cidade de Ladário, coração do Pantanal, terra de todos. E não poderia deixar de registrar esta primeira imagem de janeiro. O espetáculo de fogos de artificío, patrocinado este ano pela Prefeitura, saudou a chegada do Ano Novo e foi o prenúncio de uma festa muito maior que vem por aí e será montada para os ladarenses e visitantes no próximo reveillon, porque nesta Ladário de um novo tempo tudo avança e se modifica a passos largos, na busca incessante de uma melhor qualidade de vida para a população. Que a luz, a paz e a harmonia da virada se estendam pelo ano inteiro e abençoem a caminhada de todos!