domingo, 18 de novembro de 2012
Um abraço no amigo Pantanal
De avião monomotor até o Porto São Pedro, de barco até a
divisa com Mato Grosso, como parte de uma expedição do Instituto Homem
Pantaneiro e do curso Estratégias para a Conservação da Natureza. É como dar um
grande abraço no amigo Pantanal, essa obra prima divina que o homem tem a
obrigação de preservar. Foram 500 quilômetros de uma viagem que começou com 32
minutos de vôo do monomotor pilotado pelo experiente Getúlio, de 70 anos, até o
Porto São Pedro, onde me deparo com a primeira cena curiosa: o bezerro
brincalhão criado como um bebê pelo dono, o fazendeiro Armando Lacerda. Como nasceu
doente, desde cedo o nelore Guachin, de 1 ano e dois meses, recebe atenção
especial. Domesticado, comporta-se tal qual o dono, como anfitrião da casa,
recebendo os visitantes com suas molhadas lambidas e o roçar da cabeça (sem
chifres) nas pessoas. Dois fotógrafos suíços que desembarcaram sexta-feira na
fazenda pareciam incrédulos ao ver Guachin saltar sobre o dono com as duas
patas – como um inofensivo poodle com uma tonelada a mais. “É assim que ele
brinca comigo”, conta Armando, mandando Guachin sair imediatamente para não
incomodar os hóspedes. E não é que ele entende?! Do Porto São Pedro partimos
para uma hora e doze minutos de lancha até o Parque Nacional do Pantanal, já em
Poconé, na divisa com Mato Grosso, uma área de 135 mil hectares que faz parte
do pacote de roteiro turístico da Copa do Mundo de Futebol de 2014, para
visitas embarcadas e monitoradas. Fica em um platô livre de enchentes à beira
do rio Cuiabá. Dali voltamos a pegar o rio Paraguai até o sítio do índio guató
Vicente da Silva, que após perder a mãe de 105 anos vive a sua quase solidão,
na companhia de seus três cães e mais de vinte gatos. Vicente se recusa a viver
na aldeia guató, a três horas de barco rio acima. Após um breve intervalo para
almoço no barco hotel Kalipso, partimos de lancha em seguida para o Porto
Jatobazinho, onde fica a escola rural da Rede Municipal administrada pelo Instituto
Acaia Pantanal, que acolhe 35 crianças ribeirinhas e deve dobrar esse número em
2013. Trata-se de um projeto sócio-educacional de alto nível, uma ilha de conhecimento,
com videoteca, projetos culturais e agrícolas para as crianças, no meio do
Pantanal. Ali quem nos recebe é a coordenadora Dilma Castro Costa, as
professoras Selma Almeida e Francisca Oliveira. No dia anterior as crianças
haviam sido surpreendidas com um belo presente: os 34 militares ambientais do Curso
Estratégias para Conservação da Natureza, pelo Instituto Homem Pantaneiro e
Polícia Militar Ambiental, com elas cantaram o hino e hastearam a bandeira nacional.
Militares ambientais de todos os estados brasileiros percorreram este e outros
pontos estratégicos, ouviram palestras de especialistas, conviveram com o bioma
e também se apaixonaram pelo Pantanal. Estas são apenas partículas dos
mistérios, das magias e dos personagens que o Pantanal abriga em sua
grandiosidade, reclamando do ser humano proteção, atenção, aliança e respeito.
Por isso nossa viagem não termina aqui – ela está apenas começando, para que
cada vez mais possam entender que o Pantanal não sobrevive sem o homem pantaneiro,
e vice-versa.
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