Em
Genesis, seu novo livro, o repórter-fotográfico Sebastião Salgado, mineiro de
Aimorés, retrata paisagens e comunidades ainda não impactadas pelo que chamamos
de progresso – como mostra a imagem produzida por ele na África nesta página.
Para preparar o trabalho, percorreu mais de 30 países durante oito anos. É o
que se pode chamar de profissão repórter, aquele incansável perseguidor do
inusitado, do inesperado, do inacreditável. Salgado lançou seu livro durante
uma exposição neste começo de abril em Londres – e lá estavam dois de seus
maiores incentivadores, o também mineiro Ângelo Rabelo e a pantaneira Márcia
Rolon, fundadores do Instituto Homem Pantaneiro e do Moinho Cultural
Sul-Americano. A obra traz de mulheres das aldeias do Parque Nacional de Mago,
na Etiópia, até xamãs da tribo camaiurá da bacia do Alto Xingu em Mato Grosso.
Belíssimas fotos em preto e branco retratadas pela sensibilidade de um
profissional que gastou no projeto 1 milhão de euros por ano, financiados em
parte por revistas e jornais – sim, jornais – que publicaram suas reportagens
ao longo dos oito anos. Outra parte foi coberta por patrocinadores, entre eles
a sempre presente Vale, além de duas fundações norte-americanas. Tema de capa
da revista Bravo! de abril, Salgado revela que sua mulher, Lélia Wanick, tem
papel crucial no seu trabalho: é responsável pelo design dos livros e pela
curadoria das exposições, sem contar que foi ela quem comprou a primeira câmera
fotográfica do casal, quando ainda era estudante de arquitetura. E confessa que
só abandonou os filmes de rolo e as câmeras convencionais após o atentado de 11
de setembro de 2001, quando o controle nos aeroportos passou a ser insuportável e ele era
obrigado a passar suas caixinhas de filmes pelo raio-x, perdendo qualidade.
Hoje usa câmeras digitais Canon. A história da vida de Salgado caberia em mais
um livro, porque ele sabe honrar a profissão de repórter. Profissão, aliás, que
acaba de ser apontada como a pior dos Estados Unidos em recente pesquisa
encomendada pelo CareerCast.com, site norte-americano especializado em
empregos. Salgado prova o contrário e mostra que tem o melhor emprego do
mundo, pois para ele, aos 69 anos, ser repórter é algo muito especial. Veja a obra completa dele no link: http://www.elfikurten.com.br/2011/03/o-olhar-sensivel-de-sebastiao-salgado.html
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