Falta pouco para a meia-noite desta
quente terça de lua cheia e acabo de ver o espetáculo de final de ano do
Projeto Semear, no palco da avenida 14 de Março, em Ladário, ao lado do amigo
João Oliveira de Sousa, professor de música do Instituto Moinho Cultural. “O
Semear já está com cara e jeito do Moinho in Concert, e isso é muito bom”,
avalia Sousa. De fato, o espelho do Semear, projeto criado há quatro anos pela
Secretaria de Educação da Prefeitura de Ladário, é o Moinho Cultural, criado em 2004 para a inclusão social por meio da música, da dança e educação. Qualquer
semelhança não é mera coincidência, porque tudo o que é bom merece mesmo ser
copiado e seguido. Tanto que três alunos do Moinho são monitores de música do
Semear e uma ex-aluna hoje é a professora do corpo de dança. E mais uma
professora deixa o Moinho este ano para reforçar o Semear em 2014. O espetáculo
teve falhas de áudio e iluminação, é verdade, mas nada que não possa ser
corrigido na próxima edição, basta aceitar as críticas construtivas. Foi ótimo
ver o popular Mauro Chaves, o artista plástico Hernani Arruda e o violeiro Sebastião Brandão contando histórias no
telão. Histórias que inspiraram algumas das coreografias, como a dos Marinheiros, das
Benzedeiras, a dança do Siriri e o frevo carnavalesco. Brandão, o mestre da viola de cocho, tocou acompanhado
pela Orquestra Semear. O poeta Acelino Chumbo Grosso abriu a noite com seus versos e, depois, na plateia, ainda divulgou seu livro recém-lançado Das Entranhas do Pantanal. E a apresentação se encerrou com a
coreografia carnavalesca, depois de Mauro Chaves lembrar que Ladário é o
berço do Carnaval do Mato Grosso uno. Enfim, um espetáculo de imenso conteúdo, um autêntico resgate histórico ladarense que engrossa cada vez mais o caldo cultural de uma cidade predestinada a crescer em torno de suas crenças, seus costumes e seu povo criativo e hospitaleiro. Uma boa semente para as futuras gerações, carentes de educação.
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
O significado de Mandela
A despedida de Nelson Mandela provoca mais
uma pausa no mundo, minutos de silêncio e reflexão diante do legado deixado por
um herói, um mito, um imortal. Trago para refletirmos juntos um artigo do
teólogo e escritor Leonardo Boff sobre o significado de Mandela. Diz Boff: “Com
sua morte, Mandela mergulhou no inconsciente coletivo da humanidade para nunca
mais sair de lá porque se transformou num arquétipo universal, do injustiçado
que não guardou rancor, que soube perdoar, reconciliar pólos antagônicos e nos
transmitir uma inarredável esperança de que o ser humano ainda pode ter jeito. E questiona: “Por que a vida e a saga de Mandela
fundam uma esperança no futuro da humanidade e de nossa civilização? Porque
chegamos ao núcleo central de uma conjunção de crises que pode ameaçar o nosso
futuro como espécie humana. Estamos em plena sexta grande extinção em massa.
Cosmólogos (Brian Swimm) e biólogos (Edward Wilson) nos advertem que, a
correrem as coisas como estão, chegaremos por volta do ano 2030 à culminância
desse processo devastador. Isso quer dizer que a crença persistente no mundo
inteiro, também no Brasil, de que o crescimento econômico material nos deveria
trazer desenvolvimento social, cultural e espiritual é uma ilusão. Estamos
vivendo tempos de barbárie e sem esperança”. Leia mais no canal Artigos deste blog.
domingo, 1 de dezembro de 2013
O Segredo da Brincadeira
O ator
convidado Ulisses Nogueira deu um toque circense ao espetáculo Moinho in
Concert, na noite de sábado, na Praça Generoso Ponce, em Corumbá. Com 15 anos
de vivência em palcos e no Circo Escola Picadeiro de Campo Grande, ele conduziu
as treze coreografias com intervenções bem humoradas entre os dançarinos no
papel de “O Segredo”. Entrou em cena conduzindo uma bicicleta gigante,
jogou amarelinha, pula corda, levantou uma enorme pipa e ajudou a compor com
criatividade o tema O Segredo da Brincadeira. Perto dele havia uma iniciante,
que pela primeira vez pisava num palco, a menina Aline Brasil, de 11 anos, de
uma família ladarense. Das 360 crianças e adolescentes integrantes do Instituto
Moinho Cultural, quase 80 são de Ladário, outras 36 das cidades bolivianas da
fronteira e o restante de Corumbá, muitas delas moradoras de áreas de
vulnerabilidade social. “Mais do que entrevistar as crianças, me emocionou conviver esses
dias com um projeto social que está mudando a vida das pessoas”, observou a
repórter da TV Morena, Taynara Andrade, que ao lado da produtora Jaqueline Bortolotto gravou cenas dos bastidores para o especial Moinho in Concert 2013 que
será exibido dia 21 de dezembro em rede regional. "O Moinho prepara essas crianças para a vida", atestou Jaqueline. Com a alegria e ingenuidade
de Ulisses e Aline no palco, ilustrando um tema que tem tudo a ver com a essência
do Moinho e os conflitos do mundo moderno, o espetáculo comoveu ao resgatar a pureza da criança em contraponto
com a banalização da violência. E lançou sutilmente mais um pedido de paz: "Durante o brincar descobrimos que o Poder não deve poder mais". (leia mais no canal Reportagens deste blog)
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