Neste 15 de maio
chuvoso em Ladário, nas barrancas do rio Paraguai, sul do Pantanal, fronteira
com a Bolívia, recebo as congratulações pelos 63 anos de idade, aos quais
incluo 45 de jornalismo e 38 de casamento, três filhos. Incentivos pessoais
para comemorar são muitos, pela saúde sem pressão alta, os amigos que enviam
mensagens via face de pontos distantes do País, a vida imperturbável da bucólica Ladário. Fecho
a noite com uma aula de Educação Especial ao lado dos colegas do curso de História
na UFMS e, em casa, um bolo de aniversário entre família. A saúde vai bem, mas há um coração entristecido diante deste medonho momento político
do País, que vive um penoso processo de desconstrução de suas conquistas
sociais e democráticas, vitimado por algozes do sistema chamado de neoliberalismo. Sistema com a benção de
uma grande ala da imprensa que se rendeu ao mercantilismo, ou seja, quem manda
é o capital e os interesses de mercado do empresário da comunicação. Imprensa
chapa branca, como diziam na época em que o Estadão era reconhecido como o paladino
da democracia e o regime militar torturava jornalistas supostamente de esquerda
e “caçava” comunistas. Hoje os tempos são outros. Vigora uma democracia
disfarçada que tortura o trabalhador. Nunca se plantou tanta notícia, nunca se
forjou tanta opinião, nunca houve tanto prejulgamento na história das
comunicações como nesta segunda década do século XXI. Aos neoliberais de
direita vale tudo para varrer do mapa petistas, simpatizantes ou qualquer outra
corrente que lute pelas causas sociais do trabalhador, do homem do campo, do
indígena, do quilombola, do homem sem emprego, do pobre. Após o golpe, o Estado
desmantela conquistas que o País conservava desde o governo trabalhista de
Vargas, remodeladas e revigoradas pelos governos petistas. Direitos da
Previdência, Base Nacional Curricular da Educação (leia-se Ciências Humanas),
direitos indígenas, direitos dos trabalhadores, direitos civis estão indo
literalmente para o ralo. Como cidadão, não tenho motivos para comemorar este
15 de maio pós-dia das mães. O que vejo é uma Nação de luto, gente que se veste
de preto e vai para as ruas se manifestar e exigir a manutenção de suas
conquistas e direitos civis, e contra a criminalização dos movimentos sociais,
enquanto é repelida com bombas de gás. Ou, como fazem os indígenas, pintados para a guerra. Preocupante ainda é ver que uma legião
de trabalhadores pobres compactua, ingenuamente, com este jogo orquestrado para
fortalecer as elites, os donos do poder. Trabalhadores
pobres de direita, que reproduzem o discurso simplista das classes dominantes,
de que tudo está errado e deve mudar para acabar com a com a corrupção. Encerro
com as palavras da historiadora e ativista britânica Mary Beard: “O sucesso dos
ricos era uma dádiva concedida pelos pobres”, diz, referindo-se à Roma antiga,
tentando por analogismo compreender o comportamento do homem moderno. Pois esta
é a máxima que norteia o neoliberal Brasil de
hoje. Uma pena. O neoliberalismo ajuda a tirar o que temos e o que não temos. Não somos o
Reino Unido. (Leia reportagens no site www.navepress.com.br
segunda-feira, 15 de maio de 2017
terça-feira, 2 de maio de 2017
Candidatos a diretor debatem carências do Campus Pantanal
Momento
político histórico no Campus Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul (UFMS). Mais de quinhentos acadêmicos de todos os cursos lotaram o
anfiteatro Salomão Baruki na noite desta terça, 2 de maio, para acompanhar o
debate entre os quatro candidatos a diretor do campus, os professores Aguinaldo Silva (Geografia), Jorge de Souza Pinto (Ciências
Contábeis), Marcelo Dias (Matemática) e Waldson Diniz (História). Eles disputam
os votos de professores, técnicos administrativos e alunos na eleição deste dia
4 de maio. Debate que transcorreu em alto nível, com respeito e espírito
democrático, cada candidato preocupado em mostrar suas propostas para a
melhoria do CPAN, missão nada fácil nesses tempos de regime de exceção e estrangulamento da Constituinte Cidadã.
A crescente evasão de alunos (350 dos matriculados desistiram ou migraram para outros centros), as deficiências na infraestrutura (o Bloco C da unidade 1, recém construído, foi interditado) e a falta de uma discussão política que aumente a representatividade do Campus Pantanal diante da reitoria da Capital foram os pontos mais relevantes tocados pelos candidatos. Outro ponto muito criticado foi a desigualdade do sistema eleitoral, hierarquizante e burocrático, que dá aos votos de estudantes e técnicos apenas o peso 15% na proporção com os votos dos professores, com peso 70%. (Atualizado para correção em 03/05, 08h47)
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