quarta-feira, 30 de maio de 2018

O olhar do índio sobre o Festival América do Sul


SidneyTerena em ação no show da viola caipira no Santuário NªSª Auxiliadora
Antes marginalizados, agora cada vez mais protagonistas. É inegável o aumento da representatividade e da voz indígena na cultura e na política do Brasil. A pré-candidatura de Sônia Guajajara, da etnia do Maranhão, para vice-presidente da República, é uma clara evidência desse avanço, do desejo do indígena recuperar o seu lugar no território ocupado pelos "visitantes" europeus a partir de 1500. E já que a terra indígena, dominada e ocupada, tornou-se uma só nação, nada mais justo que agora eles pretendam ocupar o seu espaço, senão imediatamente em terras mas pelo menos como formadores de opinião. Essa postura da nova geração indígena - formada nos centros acadêmicos, como Sônia Guajajara, graduada em Letras - ajuda a quebrar o estereótipo do índio brasileiro como peça de museu, dócil, dominado, emoldurado e sempre pelado, como se vivesse em outro mundo. O Festival América do Sul Pantanal abriu espaço para o indígena mostrar o seu trabalho artesanal e profissional, e sua história em diferentes facetas. Na Tenda dos Saberes, representantes da etnias de Mato Grosso do Sul colocaram seus produtos na vitrine - entre elas Catarina Guató, pioneira nas confecções com base na fibra de aguapé, acessório que serviu para comprovar que a etnia guató não fora extinta, estava muito viva no Pantanal. Aliás, a esse respeito falaram dois especialistas, Jorge Eremites e Giovani da Silva, no painel "Guató, povo das águas". Na música, o índio brasileiro cantou rap, o ritmo que contagia a garotada, no balanço de Brô MC's, grupo formado pela etnia guarani kaiowá de Dourados.
Edson, Genilson e Sidney formam a equipe da Via Morena
E também teve índio no jornalismo. Onde estivesse a notícia, lá estava o incansável Sidney Terena, microfone em punho, em mais uma reportagem para a webtevê Via Morena, de Campo Grande. Formado em Comunicação em 2011 na UCDB, ele apresenta o programa "A Voz Indígena". Em Corumbá, contou com o apoio do cinegrafista Edson de Souza, da mesma etnia, e do assistente Genilson Kinikinawa. "O que você não vê sobre o índio na TV aberta vai ver na Via Morena", assegurava Sidney Terena. E assim o Festival América do Sul Pantanal ganhou olhares e a presença familiar dos povos que conhecem esta terra como ninguém.

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