Casa de pedra com arquitetura secular em Ladário pode desaparecer |
Nelson Urt
O que resta da casa de pedra fica na rua Dom Pedro II, área
central de Ladário, coração do Pantanal do Mato Grosso do Sul. Uma casa sendo
desmontada. Uma a uma, as pedras vão sendo retiradas das paredes e a casa vai
sumindo, curvando-se aos que veem nela apenas mais um imóvel que atravanca o
desenvolvimento. Em breve, quem sabe, teremos ali apenas um terreno, pronto para receber uma construção "moderna". Sim, trata-se de um imóvel do século passado ou do XIX, já que
estamos falando de uma cidade de 240 anos, um povoado que a Coroa Portuguesa mandou
criar em 1778 às margens do rio Paraguai, para defender e ampliar as fronteiras. Patrimônio histórico, dirão historiadores e arqueólogos, rica fonte de pesquisa
para o estudo da formação arquitetônica do período colonial ou imperial. Mas aos poucos
este pedaço da história vai indo abaixo até desaparecer da paisagem urbana da
cidade. Turismólogos viriam nela um ponto de cultura para ser incluído em um roteiro turístico aos
visitantes que aqui chegam, ávidos por relíquias do passado, se houvesse um projeto nesse sentido. Com um detalhe inusitado: a casa de pedra está encravada em uma árvore. Outros casarões seculares estão abandonados nessa área central que pode e deve ser denominada como Centro Histórico de Ladário, e clama por tombamento e
restauração. E que não confundam desenvolvimento com crescimento econômico. O
desenvolvimento, quando sustentável e socialmente includente, está ligado às
raízes da cultura, ao patrimônio histórico e a projetos sociais.