domingo, 23 de junho de 2019

Feira do Imigrante traz poesia, música, sabores e história de pioneiros

Grupo de dança da Bolívia brilhou na Praça Independência
Nelson Urt
Navepress
A Feira do Imigrante reuniu na Praça Independência, neste sábado, 22 de junho, grupos de música, poesia, teatro, artesanato e culinária que traduziram a cultura de povos que aqui chegaram no século passado e contribuíram para a formação de Corumbá, Ladário, Puerto Quijarro, Arroyo Concepción e Puerto Suarez. 
Esta foi a primeira edição da Feira do Imigrante, organizada pelo Circuito Imigrante (CI), Comitê de Atenção do Imigrante, Refugiado e Apátrida e pela Pastoral da Mobilidade Humana, com apoio da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Ministério Público Federal (MPF) e Prefeitura de Corumbá. A coordenação do CI é do professor Marco Aurélio Machado de Oliveira, neste ano com três grupos de ação: Cultura, Institucional e da Mulher.
Bolivianos de Puerto Suarez trouxeram a dança
Os organizadores estudam a possibilidade de tornar o evento mensal, com a proposta de dar voz ao Circuito Imigrante, coletivo internacional criado em 2015 com o objetivo de integrar os órgãos que trabalham diretamente com o imigrante, o refugiado e o apátrida em Corumbá. Ao mesmo tempo busca dar foco à cultura dos países de origem dos povos imigrantes. 
Um dos pontos altos do evento foi a apresentação do Coral do Moinho Cultural contando com crianças bolivianas de Puerto Quijarro, que comoveram os pais e os visitantes ao cantarem o Hino das Américas. Eles vieram acompanhados dos pais e a maioria se apresentava pela primeira vez em Corumbá. O coral contou com a regência do maestro venezuelano Jesus Zacarias, professor de música do Moinho Cultural. Outra apresentação muito aplaudida foi o grupo de dança de Puerto Suarez.
Os poetas foram representados pelo escritor Benedito C.G. Lima, que recitou o Poema do Imigrante, por uma performance dos parceiros Anibal Monzon e Virgilio Miranda, integrantes do Grupo Argos de Teatro, e por Marcos Gonzaga, integrante do grupo Resiliência de poesia social. 
A Cia. de Teatro Maria Mole, dirigida pela produtora cultural Bianca Machado, contou com uma performance da atriz Aline Galvarro revivendo a chegada de uma imigrante a Corumbá no século passado. 
Nações tiveram representantes no encontro
Dois personagens reais dessa bela história compareceram neste sábado à Praça Independência: os bolivianos Herman e Consuelo Zapata, casal radicado há 35 anos em Corumbá, com três filhos e quatro netos corumbaenses. “Pátria é aquela que dá o pão”, lembrou Herman, citando frase de um pensador argentino. “Somos muito gratos a Corumbá, que para nós foi como encontrar o paraíso”, acrescentou.
Os palestinos tiveram como porta-voz o comerciante e pecuarista Antar Mohamed, que chegou a Corumbá em 1968, fugindo da Guerra dos Seis Dias, no confronto entre Palestina e Israel. “Vim para Campo Mourão, no Paraná, onde já estava o meu pai, e depois a Corumbá, onde fui muito bem acolhido e me estabeleci”, lembrou.
O agricultor Rubem Alonso, do Assentamento 72, de Ladário, trouxe suas verduras e legumes sem agrotóxicos, dando início à proposta de tornar a feira também um ponto de venda de produtos naturais que já são comercializados nas sedes da UFMS (avenida Rio Branco) nas manhãs de terça, na IFMS às quintas e na Embrapa Pantanal às sextas.
A culinária paraguaia contou com saboroso cozido Vory-Vory preparado por dona Anúncia, enquanto a cozinha boliviana trouxe as deliciosas salteñas de Arturo Ardaya. Também não faltaram o arroz de carreteiro e o risoto. E o Grupo de Mães da Cidade Dom Bosco, coordenado por Lindivalda dos Santos.
Três migrantes haitianos compareceram ao evento e um deles, Tomás Gregoly, com documentação regularizada e domínio do português, busca emprego na cidade como eletricista. Eles estão na Casa de Passagem, na rua Edu Rocha, um dos pontos de apoio aos migrantes que cruzam a fronteira, administrada pela Prefeitura de Corumbá.






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