Congestionamento na chegada a Corumbá: muitas carretas para pouca estrada (Navepress, 25/01/24 |
Nelson Urt/Navepress
E inevitável conversar sobre os tempos antigos sem sentir uma ponta de nostalgia e lembrar das
viagens demoradas mas imperturbáveis do Trem do Pantanal, mesmo com a travessia
da balsa. Agora, viajar pela a rodovia BR-262 no trecho entre a ponte sobre o
rio Paraguai e a entrada para as mineradoras é correr riscos em uma pista perigosa
e precária, interdições, congestionamentos de carretas e, em breve, até a uma paralisação total.
Minha viagem Campo Grande-Corumbá
nesta quinta, 25 de janeiro, durou 1 hora e meia a mais do que o previsto. Devia
chegar às 18h mas só conclui a viagem às 19h30 após ficar retido na rodovia BR-262
em uma fila de mais de 2 quilômetros, entre carretas, ônibus e carros de
passeio, na entrada do distrito Maria Coelho. Os bitrens que não conseguiam acesso à entrada das minas do Urucum bloquearam a pista no
sentido a Corumbá e provocaram um engarrafamento gigante, que para nossa sorte
não se prolongou por muito mais tempo: a noite caia no Pantanal e os mosquitos estavam avançando.
Este, porém, é apenas um detalhe nos problemas provocados pelo super tráfego de carretas que podem se
tornar frequentes e levar o transporte rodoviário de Corumbá a um colapso nesta
temporada de férias e de Carnaval, quando muitos turistas estão sendo
aguardados na cidade e outros milhares de corumbaenses, ladarenses e bolivianos retornam de férias.
O trecho de 50 km entre a
ponte sobre o rio Paraguai e o posto Lampião Aceso da PRF continua bastante
castigado, com ondulações, buracos e deformações, em um trajeto inseguro e perigoso,
que requer atenção redobrada e redução de velocidade. Recentemente, parlamentares alertaram que as
operações tapa buracos não são mais suficientes naquele trecho da entrada construída
nos anos 80 e que agora carece de uma revitalização completa para se adaptar à nova realidade.
Mais ou menos 200 caminhões
bitrens cruzam diariamente esse trecho da estrada levando em média 50 toneladas
de minério em direção ao porto de Santos. São mais de 10 mil toneladas de minérios
transportadas diariamente pela estrada, cada vez mais castigada pelo sobrepeso,
mesmo em trechos em que receberam recapeamento completo.
E incrível como a ponte sobre
o rio Paraguai trepida e balança quando passa uma carreta bitrem. Pude sentir pessoalmente essa trepidação enquanto aguardava com meu carro, sobre a ponte, a passagem de
outros veículos, já que estrutura de concreto passa por reparos e também tem interdições. Com o tráfego pesado das carretas da mineração, o concreto da ponte não iria resistir por muito tempo. E para
fevereiro, conforme anunciou a Agesul (Agencia de Gestão de Empreendimentos em
Mato Grosso do Sul), devem ocorrer interdições totais em espaços de 24h, 48h e
até 72 horas, o que exigirá o bloqueio total das duas pistas da BR 262. A
Agesul não determinou as datas, que devem ser marcadas, provavelmente, após o
Carnaval.
Neste caso de interdição
total, os veículos de passeio terão como única opção a Estrada Parque (de terra) e a balsa
para a travessia dos veículos no Porto Morrinho, sistema que foi utilizado até
2001, antes da construção da ponte. Só que as balsas não vão comportar as
carretas da mineração e nesse período as mineradoras terão de suspender o transporte
rodoviário de minério e se concentrarem no transporte hidroviário pelos três portos
em funcionamento: Granel Química, Gregório Curvo e Porto Correa (este último reativado
em 2023 pela Vetorial). Boa oportunidade para governantes, empresários e parlamentares
voltarem a discutir sobre a revitalização da malha ferroviária, abandonada.
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