domingo, 15 de agosto de 2010
Isso é Semear
Estive na Casa do Marinheiro (Camala), em Ladário, na noite de sábado, 14 de agosto, durante o lançamento oficial do Projeto Semear, pela Secretaria Municipal de Educação, e captei esta imagem da estudante Fabíola, de 14 anos, e sua mãe, Cléia. Elas retratam com fidelidade o que significa o Projeto Semear para os ladarenses que sonham com um futuro promissor. A mãe conta que a filha se apaixonou pela música desde o primeiro momento em que entrou para o Projeto Semear, há três meses. E já decidiu que quer se aperfeiçoar no violão, que passou a tocar na Orquestra Experimental com aulas do professores Sérgio Pereira e da Suzana de Moraes. São 600 alunos de escolas públicas da rede municipal inscritos no projeto, que surgiu exatamente com o propósito de democratizar o acesso à música, à dança e aos esportes a estudantes de todos os níveis sociais em atividades extracurriculares. Mais importante do que investir em tijolos é acreditar no potencial no ser humano. E é esta a capacidade que vem mostrando o novo modelo administrativo participativo de Ladário, conduzido pelo prefeito José Antonio. Como Fabíola, muitos outros alunos que aprendem a tocar violão, violino e flauta, aprendem a nadar, dançar e jogar xadrez são sementes que, agora regadas, têm a oportunidade de crescer fortes, tornar-se árvores que produzam bons frutos. Oportunidade de ser alguém na vida. Isso é semear.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Samba, Sandália e suor (sem cerveja)
Acabou-se o tempo em que as pessoas iam a lançamento de campanha política movidas pelo desejo de tomar uma cervejinha e beliscar um churrasquinho. Hoje, nem água passa pela frente do cidadão – a legislação precisou mudar para deter os candidatos milionários que compravam votos com favores. Pelo menos nesse ponto, mudou. Quem comparece hoje a um encontro político quer mesmo conhecer as propostas do candidato e levar um voto de apoio. Hoje um lançamento vale pela discrição e a credibilidade. O apoio fiel. Sem fingimento. Foi o que ocorreu na noite desta quarta-feira, 11 de agosto, no Recanto da Glorinha, em Ladário,onde Paulo Duarte lançou candidatura a deputado estadual. Não superlotou, mas percebi que quem estava ali eram amigos, companheiros de lutas, fãs e pessoas que de fato acreditam no trabalho do deputado. Paulo Duarte fez um discurso emocionado e no final sambou de improviso, como um autêntico mestre-sala, fazendo par com a “porta-bandeira” Sandália, ilustre personagem da vida ladarense. Uma noite alegre e divertida, bem ao estilo do candidato, que tenta a reeleição depois de ter conquistado mais de 42 mil votos em MS na primeira vez. “Tem muito candidato que é igual essas estrelinhas de fogos de artifício – aparecem por aqui na campanha, brilham num segundo e depois somem, nunca mais aparecem, ninguém mais vê”, afirmou. Com certeza, Paulo não é uma dessas estrelinhas cadentes.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Saltenha boliviana tem o sabor do Pantanal
Nem churrasco, nem arroz carreteiro. Os pratos que o turista tem mais vontade de comer ao visitar o Pantanal são a saltenha, o sarrabulho e o peixe. É o que aponta uma pesquisa sobre gastronomia pantaneira feita dentro do projeto “Caminhos do Sabor – Seu Destino mais Competitivo”, conduzida pelo Ministério do Turismo e pela Associação de Bares, Restaurantes e Similares (Abrasel) em Corumbá. Mais um ponto favorável aos bolivianos, que trouxeram a receita e ajudaram a popularizar a saborosa saltenha na fronteira. Simboliza o que há de melhor na culinária dos bolivianos, que a oferecem para acompanhar o brinde do “Vino de Honor” (Vinho de Honra) toda vez que festejam o Dia da Independência, como ocorreu nesta sexta-feira, 6 de agosto, no Centro Boliviano em Corumbá. E pela volúpia como sorveram o trouxinha bem apimentada e recheada com frango desfiado, batata, azeitona e outros quetais, o deputado Paulo Duarte, o prefeito corumbaense Ruiter Cunha, o cônsul boliviano Juan Carlos Romero e o prefeito ladarense José Antonio deixam claro que o sabor é mesmo inigualável, digno de um banquete. Caprichosos, os bolivianos serviram um delicioso vinho de Tarija para acompanhar a saltenha – vinho, aliás, que não fica nada a dever aos melhores do Chile e da Argentina. Pois é, esses bolivianos escondem maravilhosos segredos, enquanto uma parte do mundo ignorante acredita que são um povo pobre e faminto. Ledo engano. Em poucos países do mundo se come e se bebe tão bem como na Bolívia – e eu sou testemunha pois já passei muitos dias trabalhando em La Paz e Santa Cruz de la Sierra. Trabalhando, comendo e bebendo bem.
domingo, 8 de agosto de 2010
Beber Coca pode, mascar folha de coca não pode
Em dia de Evo Morales, o prefeito Ruiter Cunha foi coberto literalmente de presentes pelos bolivianos, que comemoram em Corumbá os 185 anos de Independência da Bolívia. Do frio é que o prefeito não poderá mais reclamar após receber ponchos, cachecol e gorro das mãos do presidente da Associação dos Artesãos de Puerto Quijarro, Pablo Quispe. Discretamente, Quispe entregou a Ruiter um chaveiro em formato de folha de coca, a erva que é tradicionalmente cultivada e mascada pelos cocaleros bolivianos. O próprio Quispe mascava seguidamente folha de coca que, segundo ele, serve como “relaxante”, e na Bolívia é consumida também como chá, assim como o tereré é tomado pelos pantaneiros e o chimarrão pelos sulistas. A questão é que a folha de coca também é usada para a fabricação de cocaína e crack, e por isso passou ser perseguida e condenada internacionalmente. Ligado aos cocaleros, o presidente boliviano Evo Morales defende com unhas e dentes a continuidade do cultivo da coca, uma tradição na Bolívia. E condena a proposta norte-americana de redução das áreas de plantio. De fato, impedir os bolivianos de plantar coca seria o mesmo que negar ao Brasil o direito de plantar cana-de-açúcar, que serve para fabricar a cachaça, que por sua vez produz alcoólatras e destrói vidas. E seria o mesmo que proibir os norte-americanos de comercializar a Coca Cola, de fórmula desconhecida e eficácia não recomendada por nutricionistas honestos, já que também é utilizada para desentupir pia. Essa discussão vai longe e deixa uma reflexão no ar – o que mais mata e destrói famílias, a cocaína, um produto a custo altíssimo que enriquece traficantes, ou o álcool, que pode ser comprado em qualquer esquina e enriquece usineiros e donos de bar?
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