domingo, 8 de agosto de 2010

Beber Coca pode, mascar folha de coca não pode


Em dia de Evo Morales, o prefeito Ruiter Cunha foi coberto literalmente de presentes pelos bolivianos, que comemoram em Corumbá os 185 anos de Independência da Bolívia. Do frio é que o prefeito não poderá mais reclamar após receber ponchos, cachecol e gorro das mãos do presidente da Associação dos Artesãos de Puerto Quijarro, Pablo Quispe. Discretamente, Quispe entregou a Ruiter um chaveiro em formato de folha de coca, a erva que é tradicionalmente cultivada e mascada pelos cocaleros bolivianos. O próprio Quispe mascava seguidamente folha de coca que, segundo ele, serve como “relaxante”, e na Bolívia é consumida também como chá, assim como o tereré é tomado pelos pantaneiros e o chimarrão pelos sulistas. A questão é que a folha de coca também é usada para a fabricação de cocaína e crack, e por isso passou ser perseguida e condenada internacionalmente. Ligado aos cocaleros, o presidente boliviano Evo Morales defende com unhas e dentes a continuidade do cultivo da coca, uma tradição na Bolívia. E condena a proposta norte-americana de redução das áreas de plantio. De fato, impedir os bolivianos de plantar coca seria o mesmo que negar ao Brasil o direito de plantar cana-de-açúcar, que serve para fabricar a cachaça, que por sua vez produz alcoólatras e destrói vidas. E seria o mesmo que proibir os norte-americanos de comercializar a Coca Cola, de fórmula desconhecida e eficácia não recomendada por nutricionistas honestos, já que também é utilizada para desentupir pia. Essa discussão vai longe e deixa uma reflexão no ar – o que mais mata e destrói famílias, a cocaína, um produto a custo altíssimo que enriquece traficantes, ou o álcool, que pode ser comprado em qualquer esquina e enriquece usineiros e donos de bar?

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