Chuva fina começa a cair enquanto compro
flores e frutas na feira para o Dia de Finados. Sempre chove nos Finados, como
se a chuva refletisse o sentimento dos que já se foram e dos que aqui ficam:
alegria, tristeza, esperança, mas a palavra mais adequada seria purificação. Andando pelas ruas ouço quase sempre o mesmo
comentário: eu vou, mas não gosto de ir ao cemitério. Talvez as pessoas se
sintam pouco à vontade de visitar um lugar onde, cedo ou tarde, serão
depositados seus próprios restos mortais. Outros acreditam que ficarão expostas
a ondas negativas. Eu também não gosto de ir ao cemitério, mas vou. Mestres
espiritualistas esclarecem que espíritos de nossos ancestrais, os finados,
também não gostam de cemitério. Esclarecem
que neste Dia de Finados apenas um ancestral de cada família, apenas um, é
enviado ao cemitério para receber as flores e orações ofertadas pelos parentes.
Possuímos uma forte ligação com nossos ancestrais no dia a dia, e alguns deles
recebem a missão de nos proteger – são nossos guias espirituais. Então, todo
dia é dia dos antepassados, a quem devemos respeito e gratidão. Eles são os fios condutores da nossa
linhagem e nossa missão aqui na terra. Por isso merecem nossa atenção e carinho no Dia de Finados e em todos
os outros dias do ano. Em casa, por minha forte ligação oriental e espiritual,
venero meus antepassados em um oratório. Meus ancestrais vieram de Jerusalém,
na Palestina, Oriente Médio. É no oratório, impecavelmente limpo, onde elevo
diariamente minhas orações de gratidão e ofereço a essência das frutas, da
água, dos sucos naturais, dos doces e salgados.
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