Nascido na vila de Conceição do
Capim, em Aimorés, interior de Minas Gerais, Sebastião Salgado fez mestrado em
Universidade de São Paulo (USP), engajou-se no movimento de esquerda contra a
ditadura militar, mudou-se em 1969 para Paris e se apaixonou pelo
fotojornalismo após viagens pela África. Neste sábado, 8 de fevereiro, ele
completou 70 anos de idade e 45 de trabalho. Em Genesis, seu novo livro, o
repórter-fotográfico retrata paisagens e comunidades ainda não impactadas pelo
que chamamos de progresso – como mostra nesta página a imagem produzida por ele
na África. Para preparar o trabalho, percorreu mais de 30 países durante oito
anos. É o que se pode chamar de profissão repórter, aquele incansável
perseguidor do inusitado, do inesperado, do inacreditável. Salgado lançou seu
livro durante uma exposição neste começo de abril em Londres. A obra traz de
mulheres das aldeias do Parque Nacional de Mago, na Etiópia, até xamãs da tribo
camaiurá da bacia do Alto Xingu em Mato Grosso. Belíssimas fotos em preto e
branco retratadas pela sensibilidade de um profissional que gastou no projeto 1
milhão de euros por ano, financiados em parte por revistas e jornais – sim,
jornais – que publicaram suas reportagens ao longo dos oito anos. Outra parte
foi coberta por patrocinadores. Tema de capa da revista Bravo! Salgado revela
que sua mulher, Lélia Wanick, tem papel crucial no seu trabalho: é responsável
pelo design dos livros e pela curadoria das exposições, sem contar que foi ela
quem comprou a primeira câmera fotográfica do casal (uma Leica), quando ainda
era estudante de arquitetura. E confessa que só abandonou os filmes de rolo e
as câmeras convencionais após o atentado de 11 de setembro de 2001, quando o
controle nos aeroportos passou a ser insuportável e ele era obrigado a passar
suas caixinhas de filmes pelo raio-x, perdendo qualidade. Hoje usa câmeras
digitais Canon. A história da vida de Salgado caberia em mais um livro, porque sabe,
como poucos, honrar a profissão de repórter. Profissão, aliás, que acaba de ser
apontada como a "pior" dos Estados Unidos em recente pesquisa encomendada pelo
CareerCast.com, site norte-americano especializado em empregos. Salgado prova o
contrário e mostra que tem o melhor emprego do mundo, pois para ele, aos 70
anos, ser repórter é algo muito especial, já lhe rendeu dez livros e o título de embaixador da Unicef. “Não trabalho com a miséria, mas com as pessoas mais pobres. Elas são muito ricas em dignidade e buscam, de forma criativa, uma vida melhor. Quero com isso provocar um debate. A nossa sociedade é muito mentirosa. Ela prega como sendo única a verdade de um pequeno grupo que detém o poder”, afirma. Veja a obra completa dele no
link: http://www.elfikurten.com.br/2011/03/o-olhar-sensivel-de-sebastiao-salgado.html
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