domingo, 9 de fevereiro de 2014

Sebastião Salgado, 70 anos

Nascido na vila de Conceição do Capim, em Aimorés, interior de Minas Gerais, Sebastião Salgado fez mestrado em Universidade de São Paulo (USP), engajou-se no movimento de esquerda contra a ditadura militar, mudou-se em 1969 para Paris e se apaixonou pelo fotojornalismo após viagens pela África. Neste sábado, 8 de fevereiro, ele completou 70 anos de idade e 45 de trabalho. Em Genesis, seu novo livro, o repórter-fotográfico retrata paisagens e comunidades ainda não impactadas pelo que chamamos de progresso – como mostra nesta página a imagem produzida por ele na África. Para preparar o trabalho, percorreu mais de 30 países durante oito anos. É o que se pode chamar de profissão repórter, aquele incansável perseguidor do inusitado, do inesperado, do inacreditável. Salgado lançou seu livro durante uma exposição neste começo de abril em Londres. A obra traz de mulheres das aldeias do Parque Nacional de Mago, na Etiópia, até xamãs da tribo camaiurá da bacia do Alto Xingu em Mato Grosso. Belíssimas fotos em preto e branco retratadas pela sensibilidade de um profissional que gastou no projeto 1 milhão de euros por ano, financiados em parte por revistas e jornais – sim, jornais – que publicaram suas reportagens ao longo dos oito anos. Outra parte foi coberta por patrocinadores. Tema de capa da revista Bravo! Salgado revela que sua mulher, Lélia Wanick, tem papel crucial no seu trabalho: é responsável pelo design dos livros e pela curadoria das exposições, sem contar que foi ela quem comprou a primeira câmera fotográfica do casal (uma Leica), quando ainda era estudante de arquitetura. E confessa que só abandonou os filmes de rolo e as câmeras convencionais após o atentado de 11 de setembro de 2001, quando o controle nos aeroportos passou a ser insuportável e ele era obrigado a passar suas caixinhas de filmes pelo raio-x, perdendo qualidade. Hoje usa câmeras digitais Canon. A história da vida de Salgado caberia em mais um livro, porque sabe, como poucos, honrar a profissão de repórter. Profissão, aliás, que acaba de ser apontada como a "pior" dos Estados Unidos em recente pesquisa encomendada pelo CareerCast.com, site norte-americano especializado em empregos. Salgado prova o contrário e mostra que tem o melhor emprego do mundo, pois para ele, aos 70 anos, ser repórter é algo muito especial, já lhe rendeu dez livros e o título de embaixador da Unicef. “Não trabalho com a miséria, mas com as pessoas mais pobres. Elas são muito ricas em dignidade e buscam, de forma criativa, uma vida melhor. Quero com isso provocar um debate. A nossa sociedade é muito mentirosa. Ela prega como sendo única a verdade de um pequeno grupo que detém o poder”, afirma. Veja a obra completa dele no link: http://www.elfikurten.com.br/2011/03/o-olhar-sensivel-de-sebastiao-salgado.html


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