Imaginei que chegaria aos 60 descansando
em uma cadeira de balanço, de bermuda e chinelo havaiana,
contando os minutos para assistir à novela das oito, cercado pelas brincadeiras
dos netinhos. Deu tudo errado. Mas recebi outros tipos de bênçãos que me fazem adotar estilo de vida diferente, e a permanecer nessa estrada como uma metamorfose ambulante. Acho que carrego o espírito dos caçadores e coletores, nômades por natureza e primeiros habitantes do planeta. Nem imaginava passar os primeiros minutos da madrugada deste abençoado 15 de maio circulando
e dando minhas tacadas em torno de uma mesa de sinuca, ali na rua Cabral,
centro de Corumbá, coração do Pantanal, ao lado de colegas do curso de História
da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Pois é, aos 60, decidi
voltar à vida acadêmica, inspirado na atitude do meu amigo e ex-editor no
jornal O Estado de MS, Cláudio Amaral, que aos 64 anos é estudante de História na
FMU da Liberdade, em São Paulo. Um curso que traz a magia da Antropologia, da
Arqueologia e da Sociologia, que me ensinam a cada nova aula que a verdade está
muito mais no meu olhar do que naquilo que é olhado, o que me ajuda a
compreender o outro e a respeitar os seus valores. Nessa mesma estrada tenho a missão como dirigente em Corumbá da Arte Mahikari, que este ano completa 50
anos no Brasil. Mahikari é um caminho que percorro há 30 anos, desde que
prestei o seminário básico em 1984 no místico bairro oriental da Liberdade, em São
Paulo, indicado por uma pessoa que está ao meu lado, em todas as horas, há 35
anos, Vera Lúcia. Mahikari é um movimento espiritualista que me ajudou a melhor interpretar as religiões, a encontrar a verdade e a luz, e a seguir os princípios
divinos. É só o que também desejo aos meus amigos, por isso vivo convidando-os
para conhecer os ensinamentos no seminário de três dias (em outubro haverá um
em Corumbá!). Em abril, estive na Sede Superior da Mahikari, na rua Paracatu,
bairro da Saúde, em São Paulo (na imagem, ao lado dos amigos Marcos Akira e Luís
Roberto Caprioli) durante a celebração dos 50 anos da Mahikari. Na mesma
estrada sobrevivo como jornalista correspondente do diário O Estado de MS, de
Campo Grande, e presto serviços como assessor de imprensa aos parceiros
Instituto Moinho Cultural e Instituto Homem Pantaneiro (IHP), organizações
não-governamentais com sede no Porto Geral, em Corumbá. O Moinho ensina dança, música e educa 360 crianças para a vida. O IHP, com projetos e ações, defende a preservação do Pantanal. Sessenta anos já se
foram, e agora fazem parte da memória do gravador espiritual da vida. Recomeço
do zero, e o que conta agora são os novos anos que virão, guiados pelas bênçãos e a vontade divina. Espero que sejam anos de muita luz,
energia, pesquisas e novos conhecimentos. Como pesquisador, começo a preparar
um trabalho sobre os 100 anos do Centro Espírita de Ladário. E descubro que
aquele homem conhecido como "o curandeiro que benzia pessoas do outro lado do rio”, é um dos
fundadores da entidade. O nome dele: Abdo Urt. Meu tio Abdo. Era um dos quatro irmãos Urt que
vieram de Jerusalém, na Palestina, e se estabeleceram em Ladário: ele, meu avô Jamil, Isaac e Isaías. A história bem contada carrega o poder de resgatar o
passado para que possamos entender o presente e preparar o futuro. Por isso
escolhi História, porque por meio dela me sinto feliz com essa incessante busca
da verdade.
PS.: tenho três filhos, todos bem encaminhados, mas nenhum neto.
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