Na tenda, Patricia Fontoura e a imagem de São José (Agência Navepress) |
Os grupos de dança Anjos
Dourados e Oficina de Dança da Fundação de Cultura se apresentaram no Arraial
de Nhô José, neste domingo, na Tenda Espírita São José, do Pai Hamilton. Marcada
pelo sincretismo, a festança aconteceu ali na rua Poconé, bairro Universitário,
ao lado da UFMS, e foi promovida pela Tenda Espírita São José, famoso terreiro
de umbanda dirigido há trinta anos pelo pai-de-santo Hamilton da Costa Garcia,
de 52 anos. Minha visita à tenda de umbanda foi monitorada pela atenciosa
Patrícia Fontoura, que pacientemente me explicou o significado de cada uma das centenas
de imagens cultuadas na tenda, desde São Jorge, o padroeiro da umbanda, a Nossa
Senhora da Candelária, a Iemanjá umbandista. Há imagens de São José, São Sebastião e Jesus Cristo,
venerado como Oxalá ao lado do Caboclo da Pena Branca. A tenda de umbanda se
prepara para organizar uma grande festa, dia 8 de agosto, sábado, a partir das
21h, em celebração ao Tranca Rua das Almas, um dos conhecidos exus da umbanda,
conforme explica Patrícia Fontoura e pai Hamilton. São esperadas pelo menos 300
pessoas para a festa na rua Poconé. “Os exus correspondem à classe que trabalha
com o povo da terra e são responsáveis pela segurança da casa, protege à todos,
sem distinção, do pobre ao milionário”, afirma pai Hamilton. “O Tranca rua das
almas é venerado no país inteiro”, acrescenta, ao lado da imagem do exu, logo
na entrada do terreiro. O preconceito e a intolerância impedem que a umbanda
ganhe mais adeptos, projeção e respeito, segundo pai Hamilton. “A umbanda não é
um antro de perdição ou maldade como muitos apregoam”, ressalta Hamilton,
seguidor de dona Carlinda, famosa mãe-de-santo do bairro Cristo Redentor. “Nem
as autoridades dão o valor que merecemos e só aparecem na hora de pedir votos,
perto das eleições”, reclama. Pai Hamilton e sua comunidade desceram com o
andor de São João para o banho da imagem no rio Paraguai , dia 23 de junho, mas
ele é devoto de São José, o Xangô da Justiça, padroeiro da família, daí a razão
da festa deste 11 de julho. Ele também é dirigente da Seccional de Culto
Afrobrasileiro de Corumbá e Ladário.
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