O mundo passa por
transformações na ordem social, econômica e política, e as recentes conclusões
do encontro ambientalista COP21 em Paris, neste final de ano, deixaram claro,
de uma vez por todas, que as reservas naturais do planeta estão esgotadas e que
nada mais nos resta do que adotar um novo modo de vida, com menos emissão de
gases de efeito estufa, mais sustentabilidade, enfim, mais simplicidade e menos
ostentação. Infelizmente não é o comportamento adotado pela maioria das
pessoas, dos líderes políticos, das empresas multinacionais que controlam nações e economias. O que se vê, nesta segunda década
do segundo milênio, é um retrocesso aos tempos medievais, com centenas de
guerra e guerrilhas espalhadas pelo mundo, a ofensiva dos estados militaristas,
liderados pelos EUA, para conter o avanço do Estado Islâmico, tragédias
ambientais como a de Mariana, o crescente desmatamento da Amazônia, a sede de
poder dos grupos e empresas capitalistas, o fundamentalismo religioso – enfim,
um conjunto de ações e anomalias que levam cada vez mais o planeta e a
autoestima de homens e mulheres para o fundo do poço. Um mar
de lama que insiste em encobrir nosso direito a liberdade e dignidade. No
entanto, mesmo diante deste tsunami de horrores, ninguém pode nos negar o
direito de pensar e agir livremente, fazer as nossas escolhas, manter projetos
e ainda sonhar com um século mais justo e menos opressor. O direito de planejar, investir, arriscar, libertar-se de velhos conceitos e preconceitos. O
futuro pode estar na capacidade das cidades e seus cidadãos administrarem as
crises e adversidades com criatividade, justiça e simplicidade. Como habitantes
de um dos maiores e mais ricos patrimônios naturais do planeta, o Pantanal,
resta-nos como bons filhos protegê-lo da praga mercantilista que polui rios e
matas em nome de uma política desenvolvimentista suicida. Lutemos pela vida. Biomas
como o Pantanal e a Amazônia são termômetros que refletem exatamente o sentimento
dos homens sobre a natureza. E esse sentimento ultimamente oscila entre o amor e o ódio. (Veja neste blog o artigo “O ano em que a Terra perdeu sua biocapacidade”
do articulista Leonardo Boff).
quinta-feira, 31 de dezembro de 2015
sábado, 12 de dezembro de 2015
Araquém Alcântara, o fotógrafo do Brasil
Papo com Araquém na barranca do rio Paraguai (Agência Navepress) |
Quem gosta de futebol já deve ter
ouvido falar de Araken Patusca, o oitavo maior artilheiro da história do Santos,
com 177 gols em 193 jogos, ídolo na Vila Belmiro entre 1923 e 1929 e depois
entre 1935 e 1937. Dos anos 90 para cá quem gosta de arte e cultura em Santos
aprendeu a admirar outro Araquém, só que com outra grafia. “O meu Araquém meu
pai tirou de Iracema, o romance do José de Alencar”, conta Araquém Alcântara, enquanto
limpa o suor da testa, numa manhã mormacenta, neste começo de dezembro, à beira do rio Paraguai, em
Corumbá. “Era o Araquém, o pai da Iracema, a virgem dos lábios de mel”, completa. Este
Araquém de José de Alencar nasceu em Florianópolis e se criou em São Vicente,
na Baixada Santista. Claro, também se apaixonou pelo Santos de Dorval,
Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, considerado o maior ataque de todos os tempos
do futebol brasileiro. “Como é que eu vou ver esse jogo hoje se vou estar lá dentro do Pantanal?”, questionava-se Araquém, falando baixinho, consigo mesmo, enquanto
consultava o celular. Este é o castigo, talvez o único, que o Pantanal impõe
aos seus visitantes: não há o menor sinal de internet naquela imensidão verde. Pois
bem, Araquém não viu, ao vivo, seu Santos perder a final da Copa do Brasil para
o Palmeiras. Sofreu muito menos. Camuflado nas matas, na tocaia, com duas bazucas –
como costuma chamar suas potentes lentes das câmeras digitais – apontadas para
lados opostos, ele buscava naquela noite captar imagens que irão compor seu
novo livro, “Pantanal Serra do Amolar”, em parceria com o Instituto Homem
Pantaneiro (IHP), gestor da Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar.
Entre tantas obras e prêmios, Araquém, de 64 anos, é autor de Terra Brasil, o
livro de fotografias de natureza mais vendido do País, com 120 mil cópias, na
décima edição. Também produziu “Bichos do Brasil” para a National Geographic.
Conheci Araquém nos anos 70, quando amigos dele, como Fernando Barros, com quem dividi um AP na Vila Buarque, nos tempos do Diário da Noite, para zuar diziam que gostava
de fotografar borboletas. Correspondente do Estadão em Santos, ele também
gostava de fotografar urubus. E foram as fotos dos urubus do lixão e da miséria
de Santos e Cubatão que lhe renderam o primeiro ensaio fotojornalístico.
Ali no meio da miséria ele descobriu que também precisava descrever, com suas imagens,
o que o Brasil tinha de mais belo, a natureza, como forma de preservá-la. E
saiu por aí para fotografar o Brasil. Hoje considerado o precursor da
fotografia de natureza e o mais combativo fotojornalista na defesa do
patrimônio natural, possui imagens expostas em museus de Paris, Londres, Itália
e já participou de mais de 40 livros. A capa do livro Terra Brasil traz o olhar
penetrante de uma onça-pintada. Que animal vai ter a honra de exibir sua beleza
selvagem na capa do Pantanal Serra do Amolar? Livros como esses já nascem com
edições esgotadas. E não mostram apenas urubus. Saiba mais sobre Araquém na canal Reportagens deste blog http://nelsonurt.blogspot.com.br/p/reportagens.html.
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