sábado, 12 de dezembro de 2015

Araquém Alcântara, o fotógrafo do Brasil

Papo com Araquém na barranca do rio Paraguai (Agência Navepress)
Quem gosta de futebol já deve ter ouvido falar de Araken Patusca, o oitavo maior artilheiro da história do Santos, com 177 gols em 193 jogos, ídolo na Vila Belmiro entre 1923 e 1929 e depois entre 1935 e 1937. Dos anos 90 para cá quem gosta de arte e cultura em Santos aprendeu a admirar outro Araquém, só que com outra grafia. “O meu Araquém meu pai tirou de Iracema, o romance do José de Alencar”, conta Araquém Alcântara, enquanto limpa o suor da testa, numa manhã mormacenta, neste começo de dezembro, à beira do rio Paraguai, em Corumbá. “Era o Araquém, o pai da Iracema, a virgem dos lábios de mel”, completa. Este Araquém de José de Alencar nasceu em Florianópolis e se criou em São Vicente, na Baixada Santista. Claro, também se apaixonou pelo Santos de Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, considerado o maior ataque de todos os tempos do futebol brasileiro. “Como é que eu vou ver esse jogo hoje se vou estar lá dentro do Pantanal?”, questionava-se Araquém, falando baixinho, consigo mesmo, enquanto consultava o celular. Este é o castigo, talvez o único, que o Pantanal impõe aos seus visitantes: não há o menor sinal de internet naquela imensidão verde. Pois bem, Araquém não viu, ao vivo, seu Santos perder a final da Copa do Brasil para o Palmeiras. Sofreu muito menos. Camuflado nas matas, na tocaia, com duas bazucas – como costuma chamar suas potentes lentes das câmeras digitais – apontadas para lados opostos, ele buscava naquela noite captar imagens que irão compor seu novo livro, “Pantanal Serra do Amolar”, em parceria com o Instituto Homem Pantaneiro (IHP), gestor da Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar. Entre tantas obras e prêmios, Araquém, de 64 anos, é autor de Terra Brasil, o livro de fotografias de natureza mais vendido do País, com 120 mil cópias, na décima edição. Também produziu “Bichos do Brasil” para a National Geographic. Conheci Araquém nos anos 70, quando amigos dele, como Fernando Barros, com quem dividi um AP na Vila Buarque, nos tempos do Diário da Noite, para zuar diziam que gostava de fotografar borboletas. Correspondente do Estadão em Santos, ele também gostava de fotografar urubus. E foram as fotos dos urubus do lixão e da miséria de Santos e Cubatão que lhe renderam o primeiro ensaio fotojornalístico. Ali no meio da miséria ele descobriu que também precisava descrever, com suas imagens, o que o Brasil tinha de mais belo, a natureza, como forma de preservá-la. E saiu por aí para fotografar o Brasil. Hoje considerado o precursor da fotografia de natureza e o mais combativo fotojornalista na defesa do patrimônio natural, possui imagens expostas em museus de Paris, Londres, Itália e já participou de mais de 40 livros. A capa do livro Terra Brasil traz o olhar penetrante de uma onça-pintada. Que animal vai ter a honra de exibir sua beleza selvagem na capa do Pantanal Serra do Amolar? Livros como esses já nascem com edições esgotadas. E não mostram apenas urubus. Saiba mais sobre Araquém na canal Reportagens deste blog http://nelsonurt.blogspot.com.br/p/reportagens.html.



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