Terezinha entrega o troféu ao irmão e campeão Luiz Baruki |
Nelson Urt
Luiz Abdalla Baruki, vencedor da décima segunda
edição do Torneio de Taule Wadih Baruki, na noite deste sábado, 14 de julho, em
Corumbá, não é um simples campeão. Ele carrega nas veias e na alma a
ancestralidade da família Baruki e da saga de imigrantes que deixaram Zahlé, no
Líbano, após a Primeira Guerra Mundial, para se integrar à sociedade
corumbaense. Não por acaso Luiz é um dos mais de cento e setenta nomes citados no livro "Baruki 100 anos de História – Memória da família em Corumbá" (Editora Life), publicado em homenagem ao
centenário da chegada deles à Cidade Branca.
No tradicional torneio de taule (gamão árabe) realizado
anualmente pelas irmãs Regina e Terezinha Baruki na casa delas, na rua Colombo,
chegaram às finais representantes dos três troncos da família Baruki com descendentes em Corumbá. O campeão Luiz Abdalla
Baruki, de 71 anos, médico formado na USP, radicado em São Paulo, é irmão de
Regina, Terezinha, Neusa e Reginaldo, os cinco filhos de Wadih Baruki, que
chegou a Corumbá em 1925 e se casou com Linda Carone. Na mesa, Juninho, 3º colocado, e Murilo, vice-campeão |
O vice-campeão Murilo Baruki, de 20 anos, estudante de
Medicina na Uniderp, em Campo Grande, é filho de Sérgio, um dos seis filhos do
médico Wilson Baruki e sobrinho de Salomão e Alberto Baruki. Este tronco da família tem
como patriarca Amin Abdalla Baruki, que chegou a Corumbá em 1922, se casou com
Syria e por muito tempo possuiu uma mercearia no final da
ladeira Cunha e Cruz, ali pertinho do rio Paraguai.
Márcio Toufic Baruki Junior, o Juninho, terceiro
colocado, é neto de Toufic Baruki, que desembarcou em 1928 em Corumbá, casou-se
com Najla e teve cinco filhos: Márcio, Angélica, José Toufic, Laila e Jane. É
Jane Baruki Ferreira quem faz a dedicatória e apresentação do livro "Baruki 100
anos de História", organizado pelas irmãs professoras Regina e Terezinha. “Quiseram
nossos ancestrais que cada um dos troncos dos
irmãos Baruki tivesse um representante entre os finalistas do torneio de taule”, afirmou Terezinha. “Estava escrito, maktub!”, acrescentou
Regina.Estava escrito, em árabe, maktub! E esses são apenas os primeiros 100 anos da história dos irmãos que, saindo de Zahlé, no Líbano, depois da Primeira Guerra Mundial, como imigrantes, chegaram em Corumbá e aqui depositaram suas sementes, que germinam frutos na educação, da saúde, na assistência social, na música, na culinária, no modo de vida corumbaense.
Livro conta trajetória desde chegada da família a Corumbá |
O livro reúne mais de 170 nomes e centenas de fotos de descendentes
Baruki. Em escolas, faculdades, no comércio, nos serviços, no teatro, em cada
lugar haverá sempre um desses nomes para deixar a marca Baruki em Corumbá. Em
plena atividade como médico, aos 83 anos, Wilson Baruki afirma que um dos
princípios da família está contido numa estrofe do hino do Líbano, sua terra
ancestral. “Nos manda agir, estudar e desenvolver com o lápis, sem armas”.
No lápis, na educação, no respeito, na vida com
dignidade, todos esses valores foram retransmitidos aos descendentes, hoje profissionais - a maioria ligada à educação e à saúde - espalhados pelo País. O torneio de taule não se trata de uma mera competição, mas de uma confraternização em que são servidos saborosos pratos da culinária oriental: o cordeiro libanês assado, o arroz com lentilhas, a qualhada seca temperada com zathar, homus, pasta de berinjela, esfihas, kafka...ao som ambiente de uma delicada música árabe.
Baruki, em árabe, significa bendito. O sobrenome aparece escrito em árabe na capa do livro. "Nome forte este. Bendito por origem, sagrado pelo destino", diz a poeta e professora Jane Baruki Ferreira em sua dedicatória.
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