domingo, 15 de julho de 2018

Em livro e no taule, família Baruki celebra 100 anos de história



Terezinha entrega o troféu ao irmão e campeão Luiz Baruki
Nelson Urt

Luiz Abdalla Baruki, vencedor da décima segunda edição do Torneio de Taule Wadih Baruki, na noite deste sábado, 14 de julho, em Corumbá, não é um simples campeão. Ele carrega nas veias e na alma a ancestralidade da família Baruki e da saga de imigrantes que deixaram Zahlé, no Líbano, após a Primeira Guerra Mundial, para se integrar à sociedade corumbaense. Não por acaso Luiz é um dos mais de cento e setenta nomes citados no livro "Baruki 100 anos de História – Memória da família em Corumbá" (Editora Life), publicado em homenagem ao centenário da chegada deles à Cidade Branca.
No tradicional torneio de taule (gamão árabe) realizado anualmente pelas irmãs Regina e Terezinha Baruki na casa delas, na rua Colombo, chegaram às finais representantes dos três troncos da família Baruki com descendentes em Corumbá. O campeão Luiz Abdalla Baruki, de 71 anos, médico formado na USP, radicado em São Paulo, é irmão de Regina, Terezinha, Neusa e Reginaldo, os cinco filhos de Wadih Baruki, que chegou a Corumbá em 1925 e se casou com Linda Carone.

Na mesa, Juninho, 3º colocado, e Murilo, vice-campeão
O vice-campeão Murilo Baruki, de 20 anos, estudante de Medicina na Uniderp, em Campo Grande, é filho de Sérgio, um dos seis filhos do médico Wilson Baruki e sobrinho de Salomão e Alberto Baruki. Este tronco da família tem como patriarca Amin Abdalla Baruki, que chegou a Corumbá em 1922, se casou com Syria e por muito tempo possuiu uma mercearia no final da ladeira Cunha e Cruz, ali pertinho do rio Paraguai.
Márcio Toufic Baruki Junior, o Juninho, terceiro colocado, é neto de Toufic Baruki, que desembarcou em 1928 em Corumbá, casou-se com Najla e teve cinco filhos: Márcio, Angélica, José Toufic, Laila e Jane. É Jane Baruki Ferreira quem faz a dedicatória e apresentação do livro "Baruki 100 anos de História", organizado pelas irmãs professoras Regina e Terezinha. “Quiseram nossos ancestrais que cada um dos troncos dos irmãos Baruki tivesse um representante entre os finalistas do torneio de taule”, afirmou Terezinha. “Estava escrito, maktub!”, acrescentou Regina.
Estava escrito, em árabe, maktub! E esses são apenas os primeiros 100 anos da história dos irmãos que, saindo de Zahlé, no Líbano, depois da Primeira Guerra Mundial, como imigrantes, chegaram em Corumbá e aqui depositaram suas sementes, que germinam frutos na educação, da saúde, na assistência social, na música, na culinária, no modo de vida corumbaense.

Livro conta trajetória desde chegada da família a Corumbá
O livro reúne mais de 170 nomes e centenas de fotos de descendentes Baruki. Em escolas, faculdades, no comércio, nos serviços, no teatro, em cada lugar haverá sempre um desses nomes para deixar a marca Baruki em Corumbá. Em plena atividade como médico, aos 83 anos, Wilson Baruki afirma que um dos princípios da família está contido numa estrofe do hino do Líbano, sua terra ancestral. “Nos manda agir, estudar e desenvolver com o lápis, sem armas”.
No lápis, na educação, no respeito, na vida com dignidade, todos esses valores foram retransmitidos aos descendentes, hoje profissionais - a maioria ligada à educação e à saúde - espalhados pelo País. 
O torneio de taule não se trata de uma mera competição, mas de uma confraternização em que são servidos saborosos pratos da culinária oriental: o cordeiro libanês assado, o arroz com lentilhas, a qualhada seca temperada com zathar, homus, pasta de berinjela, esfihas, kafka...ao som ambiente de uma delicada música árabe. 
Baruki, em árabe, significa bendito. O sobrenome aparece escrito em árabe na capa do livro. "Nome forte este. Bendito por origem, sagrado pelo destino", diz a poeta e professora Jane Baruki Ferreira em sua dedicatória.




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