Prédio do ILA, de 170 anos, em estado de alerta |
Nelson
Urt
Em setembro, na semana de aniversário
de 240 anos de Corumbá, visitei o prédio do Instituto Luiz Albuquerque (ILA) e
constatei o estado precário das instalações e do acervo de peças e livros da
Biblioteca Municipal Lobivar Matos e do Museu Regional do Pantanal. Na
reportagem para o Diário Corumbaense relatei que o mofo provocado por infiltrações, a deterioração do piso de madeira, do
teto e telhados colocam em risco a estrutura do prédio de 170 anos, tombado desde 2007 pelo
Governo do Estado.
O prédio não dispõe de um sistema de
prevenção contra incêndio, e há uma considerável quantidade de material de
combustão lá dentro. Não é climatizado. As janelas precisam permanecer abertas para
manter a circulação de ar. Não há guarda municipal durante as madrugadas. Enfim,
um patrimônio transformado em barril de pólvora a poucos metros da Praça da
República.
A fragilidade do ILA coloca a comunidade acadêmica, científica,
educacional e cultural em alerta neste ano em que um incêndio transformou em
cinzas grande parte dos 20 milhões de itens do
acerco de cinco sécul0s do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no Rio de
Janeiro.
Nesta quinta, 15 de novembro, feriado
da Proclamação da República, o
Ministério Público Federal (MPF) em Corumbá ajuizou Ação Civil Pública, com pedido de liminar, para que o Governo de Mato Grosso do Sul e a Prefeitura de Corumbá, com supervisão da União, elaborem diagnóstico das falhas estruturais com indicações de medidas emergenciais de correção para a manutenção do ILA.
Ministério Público Federal (MPF) em Corumbá ajuizou Ação Civil Pública, com pedido de liminar, para que o Governo de Mato Grosso do Sul e a Prefeitura de Corumbá, com supervisão da União, elaborem diagnóstico das falhas estruturais com indicações de medidas emergenciais de correção para a manutenção do ILA.
Como outra medida de urgência, também
foi solicitado que o Município de Corumbá elabore relatórios sobre o atual
sistema de alarme de incêndio, aliado a um plano de combate ao fogo, que deverá
ser supervisionado pelo Governo do Estado por meio do Corpo de Bombeiros
Militar. Este, junto da União e do Município, também deverá apresentar um plano
de risco sobre o ILA.
Como forma de preservar a integridade
dos bens culturais, o MPF também pediu a restrição da exposição das peças, para
que não haja qualquer risco à deterioração dos objetos por parte de pessoas
desautorizadas e pelo público externo. Tais medidas deverão ter início dentro
do prazo de 30 dias, a partir da intimação.
Dentre os pedidos definitivos da ACP
estão a elaboração, por parte do Município, Estado e União, de um Plano de
Gestão de Conservação do ILA, com medidas de intervenções futuras, e também a
instauração de Planos de Pânico e Incêndio.
Outro pedido é o de início da
restauração do prédio por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC),
no programa de Cidades Históricas, com repasse de verbas pela União e a
execução das obras pelo Município e Estado.
Também foi solicitada a instalação de
uma infraestrutura que possibilite o bom aproveitamento da função social do
museu e a implementação de práticas de preservação e conservação do patrimônio
histórico, por também ser competência do poder público.
Caso não haja o cumprimento das
determinações, o MPF solicitou o estabelecimento de multa diária no valor de R$
5 mil.
Inquérito
de 2016 - Um Inquérito Civil Público está
aberto desde 2016 para apurar o estado de conservação do ILA após denúncias da
imprensa. O prédio foi contemplado pelo Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) Cidades Históricas, mas o MPF constatou que o processo caminha em passos
lentos. Para o órgão ministerial, o ritmo conduzido pelos órgãos envolvidos no
processo é “incompatível com as medidas necessárias para a preservação,
conservação e manutenção do patrimônio histórico”, o que requer medidas de
caráter urgente.
Após vistorias feitas pela Fundação
de Cultura de Mato Grosso do Sul e pelo Instituto de Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan), o MPF promoveu visita técnica ao Instituto,
diagnosticando problemas ligados à má preservação do prédio. Desde
infiltrações, bolor e deterioração do madeiramento, apodrecimento de janelas e
assoalhos, até a presença de pragas e cupins, ocasionados pela falta da
manutenção adequada. Segundo o relatório de visita, os acervos culturais
permaneciam no prédio, expostos aos riscos provocados pela estrutura
fragilizada.
O Instituto Luiz Albuquerque guarda
um acervo de mais de 40 mil exemplares de livros e acervos originários do Museu
Regional do Pantanal e da Biblioteca Municipal Lobivar Matos. Para o MPF,
“trata-se de área portadora de referência à identidade, à ação e à memória de
grupos formadores da sociedade brasileira, incumbindo ao Poder Público promover
a sua proteção.” (Fonte: Assessoria de Comunicação do MPF)
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