terça-feira, 20 de novembro de 2018

Dia da Consciência Negra (e das nossas quilombolas)


Quilombolas expressam historicamente a cultura afrodescendente
Nelson Urt

Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, entramos na nave da História para lembrar que hoje também é dia das quilombolas. Elas representam nosso elo com a cultura afrodescendente e a herança deixada pelo sistema escravocrata. Corumbá é o segundo município de Mato Grosso do Sul com maior número de comunidades quilombolas. São três comunidades, todas na ali na região portuária, onde poucos costumam descer: Família Ozório, Família Maria Theodora Gonçalves de Paula e Campos Correia. Visitei uma delas, a Família Ozório, em reportagem para o jornal O Estado, de Campo Grande, e constatei a dedicação dos moradores à lavoura – e as plantações à beira do rio Paraguai – e o respeito entre eles, quase todos ligados a um mesmo tronco familiar, descendentes do patriarca Ozório, que migrou do norte mato-grossense para aqui fincar raízes. São descendentes de antigos escravizados, que conquistaram reconhecimento oficial por meio da quilombola, um pedaço de terra à beira do rio onde podem criar seus filhos e transmitir a eles seus valores culturais. Até bem pouco tempo Corumbá (leia-se a elite corumbaense) resistia em aceitar sua ligação com o sistema escravocrata, virando as costas e os olhos para a história. Mas graças ao empenho da comunidade negra – o poeta Benedito C.G.Lima e a presidente do Instituto da Mulher Negra, Ednir de Paulo à frente, entre outros – a realidade foi colocada a limpo e as reivindicações quilombolas aceitas. Pesquisadores como as professoras corumbaenses da UFMS Elaine Cancian e Maria Brazil foram igualmente importantes para este reconhecimento, contribuindo com a elaboração do conteúdo histórico de uma sala que trata exclusivamente do sistema escravocrata em Corumbá inaugurada neste 2018 no Museu de História do Pantanal (Muhpan).

Mapa do MPF - Nioaque é o município com o maior número de comunidades quilombolas em Mato Grosso do Sul. São quatro: Família Cardoso, Famílias Araújo e Ribeiro, Família Romano Martins da Conceição e Família Bulhões. Em terceiro lugar está a capital Campo Grande, com duas comunidades:  Tia Eva (São Benedito) e Chácara do Buriti. As outras nove comunidades estão espalhadas por nove municípios, de norte a sul de Mato Grosso do Sul. Estas e outras informações sobre as comunidades quilombolas de MS, incluindo os procedimentos que tramitam no Ministério Público Federal (MPF), podem ser encontradas no mapa interativo disponibilizado pelo órgão ministerial neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. Acesse o mapa pelo endereço: www.mpf.mp.br/ms/quilombolas


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