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Vivi Mendez lançou livro de poemas na Bienal de São Paulo em 2018 |
Nelson Urt
Navepress
Para celebrar o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, o encontro deste blog é com a escritora, poeta e professora Vivi Mendez, uma
argentina por nascimento, boliviana por casamento e brasileira por coração. Na
linha da fronteira Brasil-Bolívia, Alicia Viviane Mendez Rosales é uma
imigrante pendular, com atividades em Corumbá e Puerto Quijarro. Representa a linha
de frente na luta pelos direitos humanos, do empoderamento das mulheres e na defesa de minorias,
com atuação em comunidades indígenas. É uma mulher em incessante busca pela transformação da sociedade
por meio da arte, da literatura, da educação. Um trabalho de formiguinha, como diz.
Atua como professora, escritora, médica e
terapeuta. Detém o título de doutora honoris causa em Direitos Humanos concedido
em 2018 por uma universidade da Espanha. Seu primeiro emprego como professora
foi em uma aldeia indígena na fronteira da Argentina com a Bolívia, onde além
de ensinar tinha de resolver conflitos nas comunidades. Um enorme aprendizado.
Ela passou parte da infância e adolescência em
Córdoba, interior da Argentina. Casou-se com Bismarck de Rosales, boliviano que
conheceu na Universidade Nacional de Salta, na Argentina. Percorreram alguns
países antes de se estabelecer em Corumbá para criar os dois filhos, Daniel Matías
e Adrián Emanuel, que hoje fazem graduação na Europa. Pensando em guia-los para
um futuro melhor ela escreveu “10 deseos para mis hijos”, livro em espanhol
também lançado na Argentina, onde moram suas irmãs.
Alicia Viviana Mendez, aos 47 anos, está sempre com um pé do
outro lado da fronteira, em Puerto Quijarro, onde comanda projetos de educação, e
outro pé em Corumbá. Mas jamais esquece suas raízes da cidade argentina onde
nasceu, Tucumán, mesma terra natal da imortal Mercedes Sosa, consagrada como a
voz da América do Sul. “Gosto muito de cantar as músicas de La Negra (como
Mercedes Sosa era conhecida devido sua ascendência indígena)”, diz. “Criei-me
no deleite da arte, fazia teatro e tinha um programa de tevê na Argentina”,
conta.
Em Corumbá, Vivi conheceu o poeta e ativista cultural Benedito
C.G.Lima, logo que chegou, aos 24 anos, amizade longa que floresce atualmente em
ações como o Passa na Praça que a Arte te Abraça, encontro de poetas, contistas,
romancistas, artesãos e outros multiplicadores da cultura na Praça Independência,
nas manhãs de sábado.
Em 2018, ela lançou os livros de poemas “Poetize-se”
na FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty-RJ) e “Inspiração em Verso” na
Bienal de São Paulo, pela Editora Futurama. Publica seus livros em português e espanhol, e consegue lançá-los alternadamente em Corumbá, na Bolívia, na Argentina, Espanha e até na Inglaterra, onde estudam os filhos.
Na Bolívia, Vivi Mendez estudou Administração
Educativa na Universidade Católica. Cursou pedagogia, psicopedagogia, arte-terapia,
fotografia e Medicina, com atuação na Cruz Vermelha.
Poucas mulheres como ela tem a capacidade de integrar
os jovens bolivianos e brasileiros por meio da arte e educação na fronteira,
apesar de tantos entraves. Em Puerto Quijarro, como professora, mantém um
Clube de Leitura e promove intercâmbio com poetas corumbaenses. Em Corumbá ela
apoia o projeto Novo Olhar, com 83 alunos que saíram da situação de vulnerabilidade.
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Na FLIP de Parati em 2018: "Poetize-se" |
A poesia de Vivi carrega toda a influência da
mãe, que gostava de compor e cantar, e do pai, que tocava violão e “adorava
escrever cartas e poesias” em um período de chumbo da ditadura argentina, nos
anos 1970, em que quase tudo era censurado ou proibido.
“Meu pai escrevia poesias secretas, ninguém
podia ouvir, só a gente, era como se fosse um tesouro, mas também podia ser uma
bomba. Nesse tempo a poesia era a única válvula de escape dele. Ele era
operário, metalúrgico, viu mortes, sabia onde enterravam os corpos, era um
pavor, e não poder se manifestar o levou a escrever poesias. Esse é o peso da
poesia que carrego”, conta.
Para Vivi, a luta deve ir muito mais além da
defesa dos direitos das mulheres. “Temos que construir uma nova identidade como
humanidade porque isso é que está por trás do machismo. Cadê a dignidade da
humanidade? Esta é uma área que invisto muito na minha vida”, diz. “Outro
aspecto é a justiça, o acesso do cidadão à justiça. Tudo passa pelo poder, nem
todos tem dinheiro para se defender. Se você estuda tanto é para semear conhecimento na sociedade, e quando não consegue se angustia", conclui.
Comentários
Obrigada pelo carinho Nelson Urt, e para esclarecer, ainda continuo estudando, na verdade nunca parei... pois acredito que e o estudo e a única revolução possível por nos mesmos e pelos demás tentando juntos transformar nossa realidade! Se você enxergou essa esperança utópica em mim foi por que você a carrega também! Juntos somos mais! Abraços! (Vivi Mendez, 06/03/2019)
Só quem conhece essa linda mulher, sabe como ela tem um coração lindo, sempre pensando no próximo!! Que Deus a abençoe sempre. Saudades de vocês e dos meus amados sobrinhos. (Irami Maeda, 06/03/2019)
Parabéns nobre amiga Embaixadora da Paz Profª. Dra. Vivi Mendez pelos relevantes serviços prestados as causas Humanitárias e Culturais em defesa de um Povo que precisa de apoio logístico, acessória Jurídica e cumprimento das Leis que amparam e protegem as famílias.(Iguaci Luiz de Gouveia, 06/03/2019)
Tem o dom de ensinar e encantar. Parabéns, mulher!!! (Arlene Inez Costa, 06/03/2019)
Nota do Editor
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