Todos querem saber o que há por trás da violência contra a mulher |
Nelson Urt
Navepress
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A execução a tiros da vereadora Marielle Franco, no
Rio, há um ano, e o assassinato a facadas da professora Nádia Sol, neste dia 10
de março, em Corumbá, escancaram um Brasil cada vez mais violento e que coloca
a mulher como ponto vulnerável. Marielle por motivação política e Nádia com
causa passional, não importa, o que se vê é uma
naturalização da violência contra a mulher que começa dentro de casa e ganha
as ruas, com o assédio e casos de estupro. Levando-se em conta o papel da
mulher como mãe, como trabalhadora, como base da formação da família, estaremos
então diante de uma situação assustadora. Que modelo de sociedade estamos
oferecendo para as futuras gerações? Toda essa violência não estaria agora sendo
reproduzida pelos estudantes nas escolas?
“Há uma coisificação da mulher”, alertou o promotor do
Ministério Público Estadual (MPE), Marcos Martins Brito, durante palestra na
Mesa Redonda com o tema “Assédio não é sedução, é falta de educação”, nesta
quarta, 27 de março, no Anfiteatro Salomão Baruki, no Campus Pantanal da UFMS
em Corumbá. Brito se fundamenta na tese da socióloga brasileira Heleieth
Saffioti para concluir que a violência contra a mulher tem como causa o “modelo
de sociedade patriarcal” surgido com a industrialização e o capitalismo. De uma
maneira geral, o homem vê a mulher como posse, obrigando-a a seguir suas ordens
em todos os aspectos. Trata-se de uma relação de poder.
Promotor do MPE apresenta números assustadores |
O auditório do Campus Pantanal recebeu tanta gente que
na porta havia um aviso: lotação esgotada. Lá dentro, sentados até nos degraus
do corredor, estudantes universitários e secundaristas participaram das
discussões e ouviram o promotor do MPE revelar números assustadores: 1011 ações processuais correm na Justiça de Corumbá hoje por conta de casos de violência doméstica contra a mulher. Nos três primeiros meses do ano já são 110 medidas protetivas de urgência concedidas a mulheres vítimas de violência. Pesquisas apontam a ocorrência de 5 casos de feminicídio por dia no Brasil.
Durante o evento, prestou-se
homenagem à ex-aluna da UFMS Nádia Sol assassinada no dia em que completava 38
anos. O encontro contou com o apoio da UFMS, cursos de Letras e Pedagogia.
Sobre o tema também falou a professora Jane Contu, assessora da Secretaria Especial
de Cidadania e Direitos Humanos de Corumbá. A UFMS apoiou a ação e foi
representada pelas professoras Cláudia Araújo, do curso de Pedagogia, Heloisa Portugal, curso de Direito, representando o diretor do CPAN, e pela
mediadora Rosângela Villa, professora pesquisadora do curso de Letras e do Mestrado em Estudos de Linguagens.
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