Manifestantes na rua Frei Mariano: "Não somos balbúrdia, somos solução" |
Nelson Urt
Neste
15 de maio de manifestações contra os cortes de 30% de recursos da Educação, o
presidente do País estava em Dallas, nos Estados Unidos que "ama desde a
infância", com recursos bancados pelo contribuinte. E de lá usou a
expressão “idiotas úteis” para se referir aos manifestantes brasileiros.
“Inteligentes” seriam então os americanos de Dallas, tudo o que é
eficiente está nos Estados Unidos, tudo o que é ruim está no Brasil. Este é o
velho e verdadeiro complexo de vira-latas que ainda domina certas cabeças
daqueles que ainda nos enxergam como ex-colônia herdeira do patrimonialismo.
Continuamos, como bem configurou Jessé Souza em A Elite do Atraso (Editora
Leya, 2017), sendo tratados como idiotas e imbecis. O corte na Educação é mais
um golpe truculento daqueles que querem manter o País no abismo cultural e
educacional, como massa de manobra, impedindo que o brasileiro aprenda a
pensar, refletir e escolher o que é melhor para seu futuro. Contra essa decisão
inconstitucional e arbitrária surge agora a rejeição e a interferência do Ministério Público Federal (MPF), que decretou neste 15 de maio o Dia D em Defesa da Educação. Dois inquéritos foram instaurados pela Procuradoria Regional de Direitos do Cidadão para avaliar os impactos causados à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e ao Instituto Federal (IFMS) pelo contingenciamento e bloqueio orçamentários. Assim também foi feito em outros 20 Estados. O mesmo MPF que acaba de ajuizar na Justiça uma ação em que pede a suspensão
imediata e integral do decreto que flexibilizou as regras para o porte de armas
no País. Na ação, divulgada neste 15 de maio, os procuradores afirmam que o
decreto extrapola o poder de regulamentação privativo do Executivo, desrespeita
normas previstas no Estatuto do Desarmamento e "coloca em risco a
segurança pública de todos os brasileiros".
"O governo é contra a Educação porque a Educação derruba desgovernos" |
O MPF de um lado, os
estudantes e professores do outro, nas ruas, estas são as nossas “armas” para
conter a onda de destruição que ameaça sucatear a Educação, a cidadania e os
direitos constituídos no País - como mostram essas fotos da Navepress na rua
Frei Mariano, em Corumbá-MS. Em retribuição àquele que me elogiou de "idiota útil" (eu também
fui à rua Frei Mariano, neste 15 de maio, data em que completava 65 anos de vida e luta), ofereço estes versos nutridos pela mais pura ironia do poeta pantaneiro Manoel de Barros, em Tratado Geral das Grandezas
do Ínfimo:
"Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios".
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios".
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