O ouro brasileiro
deixou buracos no Brasil, templos em Portugal e fábricas na Inglaterra. A frase
é do escritor Eduardo Galeano e resume o que representou o ciclo da exploração
de ouro, que se tornou a maior fonte econômica brasileira entre os séculos 17 e
18. Mas, lendo até o final, vocês verão que, passados 300 anos, o ouro continua
fazendo misérias em solo brasileiro, além da já conhecida garimpagem.
Ao lado de
Minas Gerais e Goiás, nosso Mato Grosso detinha uma das maiores jazidas no
ciclo do ouro, lá por volta dos anos 1700. Foi um ciclo vigoroso que
influenciou até a mudança da capital federal de Salvador para o Rio de Janeiro
para que houvesse maior rigor na fiscalização pela Coroa portuguesa, que
abocanhava 20% de toda a produção brasileira. Havia muita sonegação e venda
clandestina.
Passados
mais de 300 anos, o ouro continua sendo explorado no Brasil e em torno dele
gravitam gravíssimas questões como o garimpo desenfreado que tantos impactos provocam
na Amazônia e aos povos originários. O Brasil é um dos dez maiores produtores de ouro do mundo, com a movimentação de 106 toneladas. E para onde vai tanto ouro? Para fazer funcionar seu aparelho celular, por exemplo.
Não bastasse
tanta ganância e sequelas provocadas pelo metal, recentes investigações de comissões parlamentares de inquérito
no Pará acabam de constatar que a mineradora Vale vendeu ouro para fora do
Brasil sem pagar royalties por pelo menos dez anos.
O minério,
segundo as CPIs, era extraído de duas minas de cobre exploradas pela empresa
nos municípios de Canaã dos Carajás e Marabá no sudeste paraense.
De acordo
com as CPIs, a empresa deixou de pagar R$ 446 milhões referentes à Compensação
Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) pela exploração de ouro não contabilizada
nas duas cidades.
Experimente você, caro contribuinte, ficar sem pagar seu imposto de renda sobre o seu salário à Receita Federal, uma vez sequer, para ver o que acontece.
CFEM é o
tributo conhecido como royalty da mineração. É o mesmo imposto que a Vale
pagava aos municípios de Corumbá e Ladário quando explorava ferro e manganês no
Urucum, e o mesmo que pagam as mineradoras que a sucederam na exploração das
minas.
As informações
foram levantadas pela CPI da Vale na Assembleia Legislativa do Pará e pela CPI
do Salobo na Câmara de Vereadores de Marabá.
Essas
mesmas CPIs do Pará também calculam que a omissão das vendas de ouro pela Vale
resultou num rombo de R$ 20 bilhões na balança comercial brasileira.
E como anda o pagamento dos impostos CFEM pelas mineradoras aos municípios de Corumbá e Ladário diante do grande volume de exploração e movimentação de caminhões que tomam conta das avenidas 14 de março e Rio Branco? A Câmara de Vereadores está atenta à contrapartida de todo esse impacto ambiental?
A
reportagem completa foi publicada neste 13 de julho de 2023 pelo site UOL que
você pode conferir no link abaixo:
CPI
acusa Vale de vender ouro e pagar tributo como subproduto de cobre (uol.com.br)
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