Procissão Fluvial percorreu o rio Paraguai (Fotos: Marilene Rodrigues) |
Badalam
os sinos do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios anunciando, à meia-noite
deste sábado, o final da Festa da Padroeira. Foram treze dias de festa que
viveram seu auge com a Procissão Luminosa e o show do padre-cantor Antonio
Maria. A fé cristã, a mensagem de paz e a solidariedade foram mais uma vez
marcas das celebrações em Ladário. Em um mundo sufocado por desacordos,
guerras, atentados, catástrofes, conflitos sociais, polarizado entre o bem e o
mal, mensagens de ódio, preconceito e intolerância, a Pérola do Pantanal deixa
lições opostas. Acompanhei a Procissão Luminosa que percorreu na noite de
sábado as ruas centrais, saindo do Santuário, passando pela rua Riachuelo, as
avenidas Getúlio Vargas e 14 de Março até subir de novo a Riachuelo e retornar
ao Santuário. Pelo caminho, idosos que não podem mais caminhar estavam na porta
de casa com seus terços e imagens da santa, para acompanhar os cânticos na
passagem da procissão. À minha frente, um fiel ignorava a dor da vela que
derretia e escorria sobre sua mão. Havia como sempre gente de todas as partes
do Brasil. Pela manhã, as águas do rio Paraguai e os ribeirinhos de Corumbá e
Ladário também foram abençoados durante a Procissão Fluvial. A imagem acima, capturada pela repórter-fotográfica, cronista e poeta Marilene Rodrigues
retrata o exato momento que padre Celso Ricardo, de chapéu e batina pretos, debaixo
do sol escaldante, chega ao porto de Ladário e entrega a imagem a um missionário. Marilene acabava de retornar de Belém do Pará onde acompanhou o tradicional Círio de Nazaré, que levou mais de 1 milhão de pessoas às ruas, e pôde notar a diferença: "No Círio quase tudo é comercializado, vendem até vagas em camarotes, enquanto em Ladário a relação é fraternal, é uma festa pensada para o povo", comparou. E não vai demorar muito para a imagem da santa padroeira de Ladário seja tombada
como patrimônio histórico e religioso de Mato Grosso do Sul. Por iniciativa de
devotos ladarenses, um documento com o história da santa, da imagem e da Festa
da Padroeira percorre as outras 77 cidades do Estado para colher assinaturas que
mais tarde serão entregues ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan), órgão responsável pela avaliação. Odilon Lisboa de Macedo,
idealizador da proposta, conta que os apoios estão vindo de todas as partes e
que em breve o documento também vai percorrer cidades da Bolívia.
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