segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Marcão, o Papai Noel 100%
Ele nunca havia voado. Por isso sentiu um frio na barriga quando lhe disseram que uma das atribuições do Papai Noel de Ladário era sobrevoar a cidade de helicóptero e pousar no campo de futebol da Casa do Marinheiro, o clube Camala. Topou, mesmo porque precisava do extra para reforçar o seu Natal. Mas o Natal de Marcos Córdoba não é apenas entre família. Na véspera de Natal ele distribui presentes, balas e alimentos para as crianças do bairro Nova Aliança, onde mora. “Ele tem um coração enorme, é assim o ano inteiro, se dedica a ajudar as pessoas”, atesta o pastor Samuel do Espírito Santo. Por isso Marcão é conhecido em Ladário como Papai Noel 100%. Servidor público, assistente de serviços gerais, ele toma conta da limpeza da cidade, e nas horas vagas é coletor de lixo reciclável. Contam que este ano levantou 1200 reais em recicláveis, dinheiro que empregou com doações para a comunidade do Nova Aliança. Nesses tempos neuróticos em que a sociedade de consumo vive no seu corre-corre desvairado em busca de presentes e luxo para comemorar o aniversário de Cristo, Marcus é um desses ilustres desconhecidos que, de bicicleta ou de helicóptero, com ou sem a veste vermelha de Papai Noel, tenta repartir sua modesta felicidade e levar conforto às pessoas. Neste final de ano, o Oscar dos heróis anônimos da cidade vai para Marcão, o Papai Noel 100%, e que Deus ilumine sempre o seu caminho.
domingo, 4 de dezembro de 2011
E assim nascem Pequenos Meninos Jesus
Padre Ernesto Sassida criou o prêmio À Procura dos Pequenos Heróis para ressaltar atitudes positivas como exemplo de vida à nova geração. Ele diz: “É preciso entender que quando alguém faz um gesto de solidariedade, ajudando o próximo, seja irmão ou um desconhecido, na verdade está nascendo ali um novo Menino Jesus, porque Ele sempre pregou o amor ao próximo, em atos e palavras; com esse prêmio, eu quero que todos os anos nasçam vários Meninos Jesus”. Dez estudantes ladarenses da rede pública de ensino receberam o prêmio no dia 30 de novembro, a maioria da Escola Marquês de Tamandaré, escola encravada no Nova Aliança, bairro criado em Ladário para abrigar famílias carentes que moravam em barracos em Corumbá. A primeira colocada, Edvânia Maria da Silva, de 13 anos, ganhou um computador. Ela divide a casa com a mãe, o padrasto, oito irmãos, e só pensava em ganhar seu primeiro computador em 2013, quando completasse 15 anos. Sonho antecipado. A história de Edvânia venceu o concurso: ela convenceu uma das irmãs, de 15 anos, que estava triste e sentindo-se desprezada, a não abandonar sua casa. Gestos solidários como este são premiados anualmente por Padre Ernesto, o criador da Cidade Dom Bosco, voltada à formação educacional de estudantes de todas as classes e que já atendeu mais de 25 mil alunos. Ele deixou sua família, na Eslovênia, para seguir a Missão Salesiana. Chegando aqui, observando a pobreza da periferia de Corumbá, decidiu trabalhar pelo fim da desigualdade social. Hoje, aos 92 anos, é o nosso herói. Um Grande Herói.
domingo, 20 de novembro de 2011
Prato de arroz
Nesta Primavera quente de novembro, tingida pela cor púrpura dos flamboyants (imagem que tomei emprestada da natureza ali perto dos trilhos da rua Riachuelo), retiro do Correio de Ladário este Pensamento oriental, para que juntos possamos refletir:
"Um sujeito estava colocando flores no túmulo de um parente quando vê um japonês colocando um prato de arroz na lápide ao lado. Ele se vira para o japonês e pergunta:
- Desculpe-me, mas o senhor acha mesmo que o seu defunto virá comer o arroz?
E o japonês responde:
- Sim, geralmente na mesma hora em que o seu vem cheirar as flores!
Respeitar as opções do outro, "em qualquer aspecto", é uma das maiores virtudes que um ser humano pode ter.
As pessoas são diferentes, agem diferente e pensam diferente.
Nunca julgue. Apenas tente compreender.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
O homem que investiu 12 reais e ficou milionário
David Portes já contabiliza mais de 1000 palestras por todo o mundo e prepara o lançamento do seu terceiro livro. “Conceito em 3 D: Divertido, Dinâmico e Diferencial” será lançado, segundo ele, em 2012 no programa de Jô Soares. Os dois primeiros venderam em média 20 mil e já estão esgotados. O primeiro foi uma autobiografia em que relata sua história, desde os tempos de cortador de cana em um canavial da cidade de Campos dos Goitacazes, norte fluminense, até decidir tentar a vida no Rio de Janeiro e se tornar milionário como empresário e palestrante, dono de cinco empresas, entre elas a DMarketing. O segundo livro levou o título de “Uma Lição de Vida, Vendas e Marketing” e está na quinta edição.
Conhecido como David Camelô e com uma saga semelhante à de Silvio Santos, ele foi a principal atração do evento Aprender para Crescer, promovido pelo Sebrae na UFMS Campus Pantanal, sábado, 5 de outubro, em Corumbá. Assisti da terceira fileira. A palestra do “encantador de clientes”, como também ficou conhecido, reuniu basicamente estudantes e microempresários brasileiros e bolivianos do evento promovido pelo MS Sem Fronteiras, criado pelo Sebrae para estimular o desenvolvimento nas cidades fronteiriças da Bolívia e do Paraguai. Ele lembrou que foi o jornalista Ricardo Boechat, hoje da TV Bandeirantes, quem pela primeira vez se referiu à “Banca do David” na coluna de Ibrahim Sued, no jornal O Globo. “Depois disso meus negócios deslancharam”, contou. “Ele ficou encantado com o marketing na minha banca, que tinha até promoções de prêmios e call center”.
Em vídeos e palestras, ele relata seu martírio ao ser despejado de um quarto na favela da Rocinha, no Rio, onde vivia com a esposa, que estava grávida. Um dia, já como morador de rua e catador de latinhas, saiu com 12 reais que havia pego emprestado de um porteiro de prédio, para comprar remédio para a mulher, que sentia dores. Em vez de entrar na farmácia, foi até a Central do Brasil e comprou tudo em doces no atacado. E passou a vender doces na rua. Dobrou seu capital para 24 reais, comprou o remédio, e continuou reaplicando o lucro em doces até abrir a Banca do David no Centro do Rio de Janeiro, perto da Academia Brasileira de Letras. Após a visita de Boechat, a banca ficou famosa, David ganhou outras entrevistas e espaço na mídia, até virar celebridade no programa do Jô Soares.
Hoje ele mantém a banca no centro do Rio, mas ficou milionário com o marketing e as palestras que faz em todo o mundo. “Antes me chamavam de Davi, mas hoje lá fora sou conhecido como David, the Camelot”, orgulha-se, sem perder o jeito simples e amável. Antes de encerrar a palestra, deixou um último conselho: “Nunca tenha medo de cometer erros, porque o pior erro é o medo de não tentar. A vida por si só é uma grande ousadia. Ousem sempre, porque a vida só é dura para quem é mole”.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Dona Bicuda ganha casa por decreto
Neste 21 de setembro rendo homenagem aos 233 anos de Corumbá com uma imagem que captei percorrendo a BR-262, ao lado de meus filhos Ida e Jamal, a caminho de Campo Grande, numa dessas tardes ensolaradas perto da Primavera. Dona Bicuda, como prefere assim chamar o desenhista ladarense Rosemir Ribeiro, posa fogosa ao lado de seus bicudinhos em seu ninho no topo de uma piúva. A ave símbolo do Pantanal se reproduz de geração a geração usando sempre aquela mesma casa, onde põe ovos, vê nascer, cria e ensina os primeiros vôos aos filhotes, isso há mais ou menos 40 anos. Na beira da estrada, o perigo é constante porque ali embaixo passa o bicho homem apressado que nem sempre respeita a natureza. Para preservar a piúva, que também é conhecida como ipê-roxo, a morada dos tuiuiús, o prefeito Ruiter Cunha assinou decreto que a enquadra nas leis de proteção ambiental. Fica livre de poda e vai ter direito a assessoria do Funterra e da Fundação de Cultura do Pantanal. E dona Bicuda, que já era um símbolo, agora também vira lenda no Pantanal.
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Queridos velhinhos
Nunca vi a Câmara Municipal de Ladário tão cheia, nem nas sessões extraordinárias, que dirá nas ordinárias. O plenário estava entupido de gente. Gente com mais de 60, 70, 80 anos. Mas que importa a idade quando o amor é jovem e o coração palpitante? Eles são chamados de velhinhos e não fazem questão de esconder a idade, muito pelo contrário, se apresentam como aqueles que recebem de Deus o dom da longa vida. Na Conferência Regional do Idoso, em Ladário, mais de 250 velhinhos vindos de Corumbá, Miranda, Aquidauana, Anastácio e Porto Murtinho se reuniram para discutir novas propostas de políticas públicas. Queridos velhinhos, capazes de derrubar qualquer preconceito quando saem de mãos dadas como dois eternos e românticos namorados, como se a vida não fosse medida pela idade, nem pelo tempo, mas pelo estado de espírito.
sábado, 21 de maio de 2011
Para não dizer que não falei de flores
Participei nesta quinta-feira, 19 de maio, do Ato Ecumênico no Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, em Ladário, em solidariedade aos funcionários investigados por supostas irregularidades nas licitações da Prefeitura de Ladário, e seus familiares. Durante três dias eles permaneceram detidos na Penitenciária e na Delegacia de Polícia Federal de Corumbá. A Justiça Federal revogou a prisão deles na noite de quarta-feira, ao mesmo tempo em que o inquérito deixou de ser sigiloso e passou às mãos do assessor jurídico da Prefeitura. No processo constam “indícios de irregularidades”. A denúncia só será oferecida ao juiz se houver provas. O inquérito será concluído no dia 27 de maio. Mas enquanto isso uma advogada da OAB, uma professora, três administradores e um contabilista, todos servidores municipais, foram tratados como integrantes de uma quadrilha que fraudava licitações. Foram alvo de um linchamento moral. Com seqüelas em pais, irmãos filhos, netos, amigos. “Para não dizer que não falei de flores”, música de Geraldo Vandré, cantada por todos no Ato Ecumênico em Ladário, foi durante os anos 60 e 70 um hino de resistência à Ditadura militar. Falava do amor e das flores em tempos de guerra, quando muitos eram acusados de terroristas, e torturados, porque defendiam a ideologia da esquerda. E, agora, em tempos de paz e democracia, onde estão as flores e os direitos humanos? Se o inquérito corria em segredo de justiça, as prisões cautelares solicitadas pela Justiça Federal também deveriam ser sigilosas, como forma de defender a integridade dos seres humanos. Suspeito não é criminoso. E prisão cautelar não é condenação. Para reavivar a memória daqueles que ainda possuem resquícios dos ditadores, descrevo uma parte da poesia de Geraldo Vandré: “Caminhando e cantando; e seguindo a canção; somos todos iguais, braços dados ou não”.
domingo, 3 de abril de 2011
Mensagem para todo mundo
E-mail enviado de Tóquio pela japonesa Chieko Aoki a sua amiga Lya Luft, colunista da revista Veja: “O número de vítimas fatais é ainda incerto, porque sumiram cidades inteiras com todos os seus habitantes. As palavras que mais se pronunciam aqui são: gambaru (vou me empenhar, fazer o melhor que posso), gamam (vou aguentar, ter paciência), kansha (gratidão), tasukeai (cooperação mútua). As próprias vítimas dizem que devem ser os primeiros a se ajudar, porque sabem o quanto o outro está sofrendo com as perdas de familiares e tudo o que construíram. Por exemplo, um médico foi salvo e estava num abrigo, mas não encontrou nem a esposa nem os filhos. Mesmo assim ele atende e medica as vítimas enquanto um outro sai à procura do nome de seus familiares nas listas de vítimas fatais. Cada um contribui da melhor forma para amenizar tanta dor”, conclui Chieko. Religiosidade, filosofia, disciplina, trabalho, tenacidade, coragem heroica, respeito e amor pela sua terra – assim Lya Luft vê hoje os japoneses, que comparou a formiguinhas que se agigantam. Por meio delas, da construção e da reconstrução da vida, Deus conversa comigo, com você, com ele, com ela, com o mundo. Captei esta mensagem, e a salvei na minha consciência.
sábado, 2 de abril de 2011
É preciso ter coragem: agir com o coração
Nesta primeira noite de sábado de abril, chuvosa, romântica e melódica, enquanto ouço sucessos dos anos 80, volto ao tema “o apocalipse do nosso coração”. Para tudo na vida é preciso ter coragem, palavra que vem do grego e significa “agir com o coração”. Nesses tempos de catástrofes entremeadas por terremotos, tsunamis, enchentes, trânsito maluco, loucuras humanas, da morte banalizada, transcrevo aqui um capítulo do livro “Estação das Mariposas”, de minha autoria. “Entre o céu e o inferno, assim é a vida. Apenas alguns andares a separá-los. O desastre não se resume ao Titanic que afunda, ao Concorde que explode na decolagem, ao Columbia que vira uma bola de fogo e mata sete astronautas, ao terremoto e ao tsunami que aniquilam 20 mil japoneses. O desastre pode estar dentro de nós, em um simples gesto, no passo em falso dado por mim, por você, por ele e por ela no dia-a-dia. Na hora da escolha, no discernir entre o certo e o errado. No que parece, mas não é. Na embalagem e no conteúdo. Nem sempre o mais fácil, mais rápido e mais próximo é o melhor caminho. Tomar uma decisão acertada às vezes pode trazer desconforto. Mas o desconforto de hoje é a semente para a felicidade de amanhã. Sábio é aquele que sabe plantar boas sementes para cultivar uma árvore frondosa e colher bons frutos. É aquele que busca a felicidade e, quando a encontra, procura dividi-la com o próximo. Porque quem reparte seu amor com o próximo, que é um filho de Deus, acaba mantendo sintonia com o Pai. É a lei da ação e reação. É a lei da vida”.
segunda-feira, 28 de março de 2011
O apocalipse do nosso coração
Imaginamos às vezes que os terremotos são problemas dos japoneses. Não é bem assim. Na verdade, visíveis ou invisíveis, os impactos da fúria da natureza se propagam por todo o planeta, tanto na parte física como na espiritual. O mundo está mudando aceleradamente. A terra passa por uma transformação. Ela treme, desmorona, é coberta por águas, e dominada pelo fogo. Há picos de calor e de frio intensos. Deus sacode a terra e cada um dos seus seres viventes. Sacode a mim, a você, a todos nós. Sacode o nosso coração. Pede justiça e verdade. É hora de eu, você, ele e ela parar para refletir o que estamos fazendo certo ou errado. É hora de agirmos dentro da lei, da honestidade, da paz de espírito. Por ser o Oriente o centro da origem espiritual, tudo começa por lá. Mas é por meio do Oriente que é enviado um recado para mim, para você, para todo mundo. Pense, reflita, mude, viva de acordo com a verdade. É o fim do mundo. Do mundo do mal.
terça-feira, 8 de março de 2011
Império das estrelas e da paixão pelo Carnaval
São 2h38 da madrugada desta terça de Carnaval e meu olhar percorre a agitada avenida General Rondon, onde as últimas alas da Império do Morro desfilam diante do palco oficial, enquanto uma multidão faz o tradicional arrastão atrás da escola. Pelo fone de ouvido esquerdo acompanho a transmissão da FM Transamérica, na qual o apresentador Chicão, do alto de sua experiência, acaba de divulgar a sua escolha – na sua opinião, vai dar Império. Fico com ele. Acho que a Império esteve um passo à frente das demais. Não sei como vai ser na cabeça dos jurados, mas a Império ainda é a escola a ser batida, porque vence pelos detalhes da harmonia, das fantasias, do samba, do enredo, da vibração, do calor da torcida. Tudo a Império sabe fazer bem feito. A rainha Carol Duarte foi a Lua, a madrinha Lucilinha (nesta imagem que colhi enquanto conversava com ela na concentração) retratou Estrelas, alas desfilaram como maias, incas e astecas, o dragão cuspiu faíscas e fumaça, o samba empolgou a multidão, enfim, a Império mais uma vez sobrou na avenida. Na subida da Frei Mariano encontro uma amiga, fanática pela Vila Mamona. “Estou triste pela Vila. Vai dar Império, sem dúvida”, falou. Tristeza de uns, alegria de outros – mas no fundo quem vence é a alegria e a paixão pelo Carnaval.
sábado, 5 de março de 2011
O discreto charme das Meninas Direitinhas
Ladário tinha um bloco chamado Meninas Direitinhas, nome tirado da marchinha que tanto sucesso fez na voz de Emilinha Borba nos anos 60. É assim a letra da marchinha: “Menina direitinha, que pensa no futuro, não chega tarde em casa, nem namora no escuro; não anda de garupa de lambreta, sem ordem da mamãe, ela não sai; ai, ai, ai, menina, cuidado pra você não dar desgosto pro papai, menina!”. O bloco renasceu nesta sexta-feira, 4 de março. Renasceu graças ao empenho da professora Beth, do comandante De Castro, do prefeito José Antonio, do deputado Paulo Duarte e de outros tantos batalhadores que querem fazer um Carnaval cada vez melhor. As Meninas Direitinhas abriram o Carnaval de Ladário e renderam um tributo a Myrtes Urt, a fundadora do bloco. Mulher de muitas façanhas era minha santa tia Myrtes. Só para se ter uma ideia, foi a pessoa que me sacudiu e me arrumou o primeiro emprego, como balconista, montador de armários e entregador de gás da Casa Santos Sabatel. Ela jogava e comandava o time de vôlei de Ladário, um belo time, que tinha Cizinha, Leonice, Margareth, Biga. E como naqueles tempos machistas só havia bloco de marmanjos, ela decidiu fundar um bloco só de mulheres, e as moças eram quase todas do time de vôlei. Hoje, quarenta anos depois, quando nessa sexta-feira de garoa vejo nossas Meninas Direitinhas entrando na avenida, percebo emocionado que o Carnaval de Ladário acaba de reescrever com letras douradas mais um capítulo do resgate de sua história. Obrigado, tia Myrtes! Nossas meninas, direitinhas, belas e formosas, estão de volta!
quinta-feira, 3 de março de 2011
Lucilinha, um desfile de campeã
São duas e meia da madrugada desta sexta-feira de Carnaval e acabo de sair do Corumbaense, debaixo de uma santa e refrescante garoa. Despeço-me de André Navarro, que apresentou ao lado de Joel de Souza o Desfile de Fantasias, e tomo o rumo de casa, atravessando a avenida Rio Branco rumo a Ladário. Acabo de ver um grande desfile, especialmente de Lucilinha Victorio, com a fantasia Jaci, a Adorada do Sol. Houve um empate de 327 pontos na primeira colocação da categoria Originalidade, e os jurados decidiram por bem deixar Lucilinha em segundo e Jonir Figueiredo, com Pantaneiro Guiacuru, Protetor das Peles, em primeiro. Mas, cá entre nós, Lucilinha estava bem mais completa, deslumbrante, arrebatadora. E merecia ser campeã. Parte do público, como eu, também não gostou da decisão dos jurados – e tome vaia. Quem quiser ver mais Lucilinha é só ver o desfile da Império do Morro nesta segunda. Lá na Império ela é Rainha. E uma das minhas candidatas à musa mais bela do Carnaval.
sábado, 26 de fevereiro de 2011
Eis a Musa da Vila Mamona
Na noite em que a Vila Mamona apresenta algumas de suas fantasias, aqui estou a postos, novamente, como um soldado do jornalismo, para cumprir o meu dever. O divino dever de ofício. Sexta-feira quente na quadra da Mamona. E eis que surge à minha frente com seu sorriso estonteante a Musa da Vila Mamona, Rosiane Helena Nunes, de 22 anos. Sorriso que também pode ser visto na recepção do Hotel Goldfish. Para nenhum turista botar defeito. Começou como passista e este ano sobe mais um degrau, merecidamente. Ao lado de Catilene Diniz, entra no elenco de divas que a Vila vai levar para a avenida, com o enredo que conta a influência da imigração do povo árabe na nossa cultura. Além de Rosiane, vi belas fantasias e senti que o carnavalesco Ricardo Vilalva, muitas vezes campeão, está guardando surpresas de última hora. A Vila, é claro, tem potencial para vencer. Ano passado fez um grande desfile e perdeu por frações na pontuação. Este ano é outra história.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Catilene, a professorinha do samba
Não veio André Puccinelli, não veio Ruiter Cunha, mas veio Catilene Diniz, a deslumbrante madrinha da bateria da Vila Mamona, que aparece nesta imagem. Na noite de lançamento oficial do Carnaval de Corumbá, sob o patrocínio do Governo do Estado, além da bela musa, também chegaram R$ 320 mil. “Dinheiro traz felicidade, sim”, filosofou o presidente da Fundação de Cultura e Turismo do Estado, Américo Calheiros, no que todos concordaram cobrindo-o com calorosos aplausos. E completou: dinheiro no Carnaval não é gasto, é investimento. Mais aplausos. De fato, em Corumbá e Ladário o Carnaval é como uma fábrica que move a economia, gerando renda e emprego. Aliás, é o que Catilene costuma dizer aos seus alunos da escola Caic. Ela é professora do ensino fundamental e professora do samba – pelo quarto ano consecutivo desfila sua beleza morena à frente da bateria da Vila. Desta vez, conversei com Catilene antes da sua apresentação no salão de festa do Hotel Nacional, na noite desta quinta-feira. Para delírio de meus olhos e de toda a multidão, ela dançou como sempre, e deu uma aula de samba!
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Ela está de volta, agora como rainha
Gosto não se discute. Em 2010, neste mesmo blog, destaquei as qualidades da princesa eleita na Corte de Momo de Ladário, Deniz Alves. Sambava, sorria e exibia simpatia de rainha. Um ano se passou e ela está de volta, agora como rainha, eleita no concurso deste sábado no palco da avenida 14 de Março. Entre as juradas estavam duas especialistas em samba e beleza: Catilene Diniz, madrinha da bateria da escola de samba Vila Mamona, e Luciane Penha, passista da Império do Morro. Como se percebe, foi um encontro de musas que enfeitaram a noite de folia. Dessa vez Deniz Alves, ladarense do Mutirão, passou pela prova de fogo e recebeu a faixa de rainha das mãos da primeira dama do município, Gisele Saab. Aos 31 anos, ela tem um filho de 13. E nem precisava ornamentar os olhos com lentes de contato verdes, pois trata-se de uma beleza natural, genuinamente pantaneira. E para homenagear tanto talento repito a imagem colhida durante seu ensaio em 2010 e transcrevo um verso de uma marchinha dos velhos carnavais: “Recordar é viver, eu hoje sonhei com você”.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
Noite de rei, rainha e princesas
Uma garoa fina começa a cair sobre o palco da avenida 14 de Março para refrescar a noite quente de escolha da Corte de Momo de Ladário perto da meia-noite deste sábado, no final de mais um horário de verão. Meia-noite que se transforma em 23h, e todos ganham mais uma hora para celebrar a vida. Debaixo da chuva miúda, ainda converso com Catilene Diniz, a bela madrinha da bateria da escola de samba Vila Mamona. Ela me apresenta Rosiane, a rainha da escola, que será coroada neste dia 25. Catilene foi jurada e brindou o público ao dançar no palco na noite de escolha da Corte de Momo de Ladário. No concurso com bons candidatos e difícil escolha, o trono do Carnaval ladarense ficou com o rei Domingos Sávio, a rainha Deniz Alves e as princesas Elizandra e Dayane (que aparecem na imagem ao lado após receberem as faixas do prefeito José Antonio e da primeira dama Gisele Saab). Quase 2 mil pessoas acompanharam a festa, que contou com a animação da bateria do Bloco dos Sem, de Corumbá. No time de jurados estavam o carnavalesco João Bezerra, a passista da Império do Morro, Luciane Penha, o ex-rei Momo de Corumbá, Reginaldo Bolita, o carnavalesco ladarense Elson Alba e a musa da Mamona, Catilene Diniz. Mais uma vez, Ladário mostra sua vocação como berço do Carnaval e abre a festa com muita animação, qualidade e, o que é importante, muita paz. É o prenúncio de mais um Carnaval em família, com resgate de suas tradições, e um sinal de que a cidade está pronta para receber os visitantes. Feliz Carnaval!
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Eis o Silvio Santos da aldeia terena
Se cada índio tivesse a oportunidade de sobreviver com o que aprende com seus ancestrais sobre a natureza, vendendo esse conhecimento para o homem branco, seria o fim da crise indígena no País. O índio terena Kolinã, que passou por Corumbá e Ladário vendendo ervas medicinais, é um exemplo vivo de como o nativo é capaz de gerar renda e emprego com os dons naturais. Neto de um feiticeiro da aldeia de Taunay, por onde passava o saudoso Trem do Pantanal, na região de Aquidauana, Kolinã é um comunicador nato, capaz de relatar a propriedade de cada uma das 54 ervas medicinais que vende. E ganha bem pelo que faz. Por cada garrafada – uma mistura de água mineral com 24 tipos de ervas – ele cobra 20 reais. Com um microfone preso ao pescoço, ele fala sem parar durante duas horas, transmite o que sabe, conta casos e piadas, comunica-se como um Silvio Santos das selvas. Os olhares de respeito e admiração do povo da cidade provam que o indígena, mesmo longe da aldeia, continua sendo respeitado como um sábio da natureza.
domingo, 23 de janeiro de 2011
Madrugada de musas na Império do Morro
É madrugada. Acabo de sair do Ensaio Geral na quadra da Império do Morro. Lá dentro desfilaram uma dúzia de musas que vão embelezar o Carnaval corumbaense. Raiane, Carol Duarte, Sâmya, Lucilinha, Anne Cristine e outras mais (a imagem que captei em pleno vôo é da Sâmya, madrinha da bateria de A Pesada). Era só para apresentar o samba-enredo, mas a Império conseguiu dar uma prévia de como vai ser o desfile na avenida. Beleza pura. Sem carros alegóricos e alegorias. Sem cronometragem. Apresentaram-se as baterias de A Pesada e do Império. Passistas, madrinhas e musas da Império, de A Pesada e da Marquês de Sapucaí. O asfalto ainda está molhado quando desço a Frei Mariano, ainda sentindo a vibração do samba, do brilho do olhar dos imperialistas, bicampeões do Carnaval, e o rebolado das passistas. Mas nem a chuva atrapalhou, pelo contrário, serviu para refrescar a noite em que a saudosa dona Venância foi relembrada quando a bateria tocou e Timbalada cantou o samba preferido da fundadora da Império: “Não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar, o morro foi feito de samba, de samba pra gente sambar”. Seja feita a vossa vontade, dona Venância!
sábado, 22 de janeiro de 2011
Carnaval das estações, do sol e das arábias
Faltam 50 dias para a folia, mas quem chega hoje a Corumbá já pode sentir a vibração das baterias, admirar o rebolado e as fantasias das passistas e decorar o samba-enredo das principais escolas de samba. A Pesada apresentou seu samba-enredo no salão do Grêmio Cultural. “Hoje eu acordei de bem com a vida, sonhei que estava na avenida a desfilar, com a minha Pesada querida, nas quatro estações a desvendar”, diz o primeiro refrão, resumindo o enredo que descreve as quatro estações. Passistas como a que aparece nesta imagem encantaram a platéia, dando idéia de como será o desfile da escola, terceira colocada em 2010 e penúltima escola do grupo de elite a desfilar na avenida General Rondon no dia 7 de março, segunda-feira. A Império do Morro, atual bicampeã do Carnaval corumbaense, entra na passarela do samba de madrugada com um enredo que fala da influência do sol sobre as civilizações: “Na luz de um novo amanhecer, eu quero ver, o astro rei aparecer pra me aquecer, a luz que brilha é vida, em Corumbá é meu império na avenida”, diz o refrão. A Vila Mamona leva para a avenida o samba-enredo “Da origem das civilizações ao comércio de Corumbá – a história de um povo trabalhador”, uma homenagem aos imigrantes que impulsionaram a economia e influenciaram a cidade com suas tradições, entre eles os libaneses, sírios e palestinos. Será um desfile das arábias. Esse Carnaval promete!
sábado, 1 de janeiro de 2011
A cidade mística saúda 2011
Corumbá é uma das duas cidades do País onde o sincretismo religioso é marcado pelo ritual de lavagem das escadarias da Igreja Nossa Senhora da Candelária, a santa da Luz, padroeira corumbaense, assim como no Bonfim, em Salvador. Noite em que católicos, candomblecistas, umbandistas e espíritas oraram num mesmo culto – a missa das sete e a Louvação a Iemanjá do penúltimo dia do ano (a imagem mostra uma orixá durante o ritual). Isso, é claro, só foi possível com a quebra de preconceitos e paradigmas, porque Corumbá carrega uma imensa energia mística e espiritualista. Noite de reflexão sobre o que nos reserva em 2011. Babalorixás afirmam que o ano será regido por Iansã, a orixá do fogo, dona dos raios no candomblé, Santa Bárbara no catolicismo. O fogo atrai a água, será um ano de muita chuva. E com a chegada de Dilma Rousseff ao poder, particularmente o Brasil será regido pelos orixás das mulheres - Iemanjá, Oxum e Nanã, além de Iansã, vão reger o País. Este também é o ano do coelho, pelo calendário oriental chinês. O coelho traz a calma, a paciência, a reflexão, a harmonia. Vai prevalecer a energia do número 4, que sintetiza os quatro pilares, o trabalho, a base – quem trabalhar duro será bem recompensado. Oxalá! Feliz 2011!
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