Na Morenada, raízes da Bolívia em Corumbá |
Entre legalizados, com credencial temporária ou clandestinos, eles já são mais que 2 mil em Corumbá e Ladário. E, acreditem, nesses tempos de crise verde-amarela, estão salvando o nosso comércio. Com a valorização do peso boliviano e a alta do dólar, saíram da condição de meros vendedores para se tornarem também fortes compradores em Corumbá - isso para desespero de preconceituosos e xenofóbicos, que sempre viram nos bolivianos um povo pobre, sujo e analfabeto. Enganam-se os que pensam assim. Eles são politizados, trabalhadores dedicados e respeitadores. Nômades por natureza - como eram seus ancestrais nativos da América - migram com facilidade e estão presentes em vários países do mundo. Em Corumbá, segundo dados colhidos pela Polícia Federal, vivem 451 bolivianos legalizados, que se forem somados àqueles com credencial temporária chegam a 1300. Incluindo nessa conta os clandestinos, são mais de 2 mil. Em escolas municipais
como o Caic (Centro de Assistência Integral à Criança Padre Ernesto Sassida), a
unidade mais perto da fronteira, os bolivianos já representam quase um terço
de todo o contingente de 400 alunos. De acordo com o agente consular boliviano Oscar Cuellar, a comunidade estudantil da Bolívia em Corumbá chega a 700 alunos. E nas feiras livres eles vendem de tudo, de verduras a eletrônicos, e são maioria. Outro engano foi imaginar que com o fechamento da Feira Brasbol (Brasil-Bolívia) a Prefeitura afugentaria os bolivianos do comércio. Não, eles se dispersaram, montaram suas tendas nas feiras livres e alugaram pequenos pontos comerciais espalhados pela cidade. Esse é fenômeno Bolívia em Corumbá, onde o idioma é cada vez mais castelhano e os carrões importados asiáticos invadem ruas e avenidas. A cara da Bolívia estava viva durante as comemorações dos 190 anos da Independência do país vizinho neste 6 de agosto de 2015, quando a dança de raízes Morenada apresentou um show de cores, beleza e simpatia nas ruas de Corumbá, em mais uma demonstração de amizade e integração de um povo que é feliz à sua maneia, sem luxo e ostentação. E assim caminha nossa América que um dia já teve mais de 10 milhões de pessoas de centenas de nações originárias nativas, cada vez mais dando lições de humildade ao Brasil e aos brasileiros.
Fotos: Marilene Rodrigues.
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