Benilda Kadiwéu e Catarina Guató na abertura do Festival |
Nesta quente e seca noite de inverno em Corumbá, o que mais me chamou a atenção
na abertura do 12º Festival América do Sul foi o estande das Nações Indígenas.
Isso mesmo, indígenas. Doze anos depois, os povos nativos, nossos ancestrais,
ganham espaço para mostrar seu artesanato e para falar um pouco de si, de suas
lutas e identidade. Foram necessários doze anos para que se reparasse uma enorme
falha na estrutura do festival que tem como objetivo integrar os povos
latino-americanos. Conversei longamente com Catarina Guató e Benilda Kadiwéu
no estande. Outras indígenas representavam as etnias ofaié e terena. Ainda é pouco,
se levarmos em conta que Mato Grosso do Sul possui a segunda maior
concentração de nações indígenas do País – só perde do Amazonas – e que aqui
vivem oito etnias, 75 mil nativos. Mas foi dado o primeiro e significativo
passo. Questão de coerência e justiça. Em um Estado movido pelo agronegócio,
com grande concentração de terras nas mãos dos pecuaristas, o fortalecimento
dos movimentos indígenas é sempre visto com apreensão e desagrado. Ninguém quer
perder um palmo de terra sequer. Os pecuaristas culpam a Constituição Cidadã de
1998, que reconheceu o direito de indígenas reivindicarem territórios de origem.
Graduada na UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), Benilda Kadiwéu integra a Subsecretaria
de Políticas Indígenas, recentemente criada pelo governo estadual. “Para
defender nossos direitos, colocamos duas representantes na Delegacia da Mulher
de Campo Grande”, conta. Já a artesã Catarina Guató simboliza a luta e o reconhecimento
da etnia guató, que chegou a ser considerada extinta mas recuperou suas terras
na ilha de Insua, 230 km ao norte do Pantanal de Corumbá. No estande, Catarina
expunha e vendia bolsas e tapetes feitos com palha de aguapé, o legítimo
artesanato guató. Mesmo após 500 anos de contato com os colonizadores europeus, o Brasil possui 242 povos indígenas, 890 mil nativos sobrevinentes no País. Jamais se pode falar em América do Sul sem eles, os verdadeiros donos desta terra.
SAMBA, CHURRASCO E RAÍZES - A abertura do Festival América do Sul também recebeu as passistas da Escola de Samba Igrejinha, de Campo Grande; a costela assada pelo churrasqueiro paranaense Ricardo Alkeman e a música de raízes do grupo Acaba.
(Fotos Agência Navepress)
SAMBA, CHURRASCO E RAÍZES - A abertura do Festival América do Sul também recebeu as passistas da Escola de Samba Igrejinha, de Campo Grande; a costela assada pelo churrasqueiro paranaense Ricardo Alkeman e a música de raízes do grupo Acaba.
(Fotos Agência Navepress)
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